terça-feira

17

novembro 2015

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Benjão, “Hardcore Nêgo” (2015)

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Integrante do conjunto musical Do Amor e da Abayomy Afrobeat Orquestra, como músico  Benjão já acompanhou Lucas Santtana, Moreno Veloso, Rodrigo Amarante, Thais Gulin, Nina Becker, Totonho e Os Cabra, Nervoso e Os Calmantes, Jonas Sá, Domenico +2, Carne de Segunda e Charanga 3D.

Quando o Benjão convocou para o crowdfunding do seu disco solo, nem pestanejei em colaborar. Não fazia ideia do que viria – mesmo – e a graça era justamente ver o que ele ia aprontar num estúdio sozinho pela primeira vez. Gravado no Maravilha 8, de Berna Ceppas, o disco tem participações de Ava Rocha, Alice Caymmi, Kassin, Anfdré Abujamra, Pedro Sá, Stephane San Juan, Gustavo Ruiz, Bruno di Lullo e Lucas Vasconcellos.

O disco tem influências de todos os trabalhos dos quais Benjão participou nesses últimos anos, filtrados por ele próprio. Soa ao mesmo tempo parecido e totalmente diferente das referências. É brega, é afro, é nagô, é (pouco) punk, é nordestino, é rock e é bom. Em meio a tantos discos tentando a todo custo “acertar” (seja lá o que isso signifique), é das melhores coisas que ouvi esse ano.

Abaixo, o próprio Benjão (sempre a melhor ideia para um release) apresenta “Hardcore Nêgo”:

“Há alguns anos, eu fui convidado junto com meu querido amigo e cumpadre Marcelo Callado pra discotecar na Casa da Matriz. Eu andava nessa época completamente imerso e invadido pela música africana, então resolvi fazer um set apenas de música do continente mãe/pai. Pra minha surpresa, Marcelo resolveu fazer um set pautado em música punk, produzida à partir de 77.

“Essa noite a pista ficou cheia o tempo todo, com as pessoas dançando alucinadamente alegres, tudo na maior naturalidade e o desenrolar das músicas foi tão fluído e natural pra mim que nesse dia o nome ‘Hardcore Nêgo’ surgiu. Eu me peguei ali no meio de dois mundos musicais que mesmo sendo muito distintos a primeira vista, tinham um semelhança incomum e inesperada.

“A alternação do Punk com música Africana fez explodir um sentimento forte e vigoroso, uma urgência, uma verve, um viço em comum de músicas de épocas e lugares diferentes, que históricamente e geograficamente se distanciavam mas que num contexto humano, talvez social, se aproximavam de maneira perfeita. Existia ali uma conexão muito maior do que se podia presumir.

“O nome do disco, que expliquei acima a origem, pode levar a crer que eu navego entre dois mares apenas, mas conforme as canções iam se desenhando, inúmeras outras influências foram aparecendo e levando as canções pra lugares que não a música Afro ou Punk. O disco no fim das contas é mais abrangente que se possa imaginar e as misturas são bem mais complexas e porque não estranhas.

“Escutem com a cabeça e o coração aberto…esse disco também é uma declaração de amor universal as pessoas e coisas que me tiram do lugar e me fazem caminhar. É punk, é afro, é por isso mesmo contestação…e é tudo mais que couber dentro da círculo infinito da liberdade. Agora é Hardcore, Nêgo!”

Ouça essa belezura:

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