TPB AFK Archive

segunda-feira

11

março 2013

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Transcultura #108: Pirate Bay doc // Tambler Hétero

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Versão extendida do meu texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Pirate Bay: transgressão em cenas sem foco
Filme sobre o controverso site se perde ao não discutir as complexas questões em torno da troca de arquivos na rede
por Bruno Natal

Durante essa semana o The Pirate Bay emitiu mais um de seus polêmicos comunicados, informando que havia aceito o convite e transferido seus servidores para Coréia do Norte. A ironia estaria no fato de que uma das ditaduras mais criticadas do mundo, criticada pela censura e controle da circulação da informação, fosse servir de casa para o TPB, perseguido no “mundo livre” por… distirbuir informação livremente.

Era uma piada, desmentida no dia seguinte, mantendo a tradição da forma debochada de se comunicar utilizada pela página sueca, apenas para chamar atenção para sua causa. Após perder lugar nos servidores do Partido Pirata, criado para defender a livre troca de arquivos e hoje com assento no parlamento Europeu, o TPB continua sem casa, muito embora poucos duvidem que isso seja um problema sem solução.

As questões ao redor do The Pirate Bay são demasiadamente complexas, difíceis até mesmo de resumir. É exatamente nesse aspecto que o documentário acompanhando o processo dos estúdiode Hollywood contra Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, os três fundadores suecos da página, é mal sucedido. “TPB AFK” (“The Pirate Bay Away From the Keyboard”), que estreou no festival de Berlim em fevereiro e que pode ser assistido (bit.ly/TPB-AFK-DOC), baixado gratuitamente ou comprado na página oficial (watch.tpbafk.tv), passa tempo demais traçando a tal “vida longe dos teclado” do título e perde a chance de explicar as intrincadas questões ao redor do processo.

O sucesso do The Pirate Bay, uma das páginas mais acessadas da rede, vem da troca arquivos protegidos por direito autoral, como discos e filmes, no formato bit torrent (em que nenhum usuário específico distribui o arquivo completo, apenas pedaços dele, tornando praticamente impossível identificar um “culpado”). Porém, a página não comete nenhum crime, simplesmente conecta usuários para que troquem arquivos – e todo tipo de arquivo, não apenas aqueles protegidos por leis, mesmo que esses sejam maioria.

Em favor da manutenção das vantagens econômicas de um grupo reduzido, milhões tem o seu direito de se comunicar cerceados. Ao processar, derrotar e condenar a prisão (ainda cabem recursos) os fundadores do The Pirate Bay, Hollywood e o sistema judiciário sueco criam (mais) um precedente jurídico perigoso no que diz respeito a liberdade de expressão e uma arbitrariedade.

Essa é a verdadeira luta do TPB, não apenas a reformulação do direito autoral como conhecemos hoje. Mesmo que, dos três fundadores, no entanto, apenas um, Peter, enxergue sua resistência como um ato maior. Se essa história parece muito distante, basta olhar para o caso do blog Falha de S.Paulo, criticando a Folha de S.Paulo, processado pelo alegado uso indevido marca do jornal.

A questão do lucro com anúncios publicados na página é abordada, mas outras polêmicas, como a venda não documentada em 2006 do TPB para uma empresa chamada Reservellae, baseada nas ilha Seicheles (para muitos uma estratégia para proteger os fundadores) ou outra venda, essa muito bem documentada, do TPB para a empresa de software Global Gaming Factory X AB por R$ 7,8 milhões em 2009 não são mencionadas. Na época, a posição oficial é que esse dinheiro seria doado para causas relacionadas ao direito de livre circulação da informação.

O filme mostra como, fora Pete, o quanto Gottfrid e Fredrik pouco se importam com as questões maiores. Gottfrid queria apenas se divertir peitando grandes corporações, enquanto Fredrik queria “apenas” construir e operar o maior site do mundo. Ao conseguir seus objetivos pessoas, os três criaram uma da maiores afirmações pela liberdade digital do século XXI. Ainda que isso possa lhes custar a liberdade.

ATUALIZAÇÃO: ontem Gottfrid foi deportado do Camboja, onde estava refugiado para evitar a prisão.

Tchequirau

Antes de mais nada, uma coisa precisa ser dita: não visite o otamblerhetero.tumblr.com se você se ofende com piadas machistas. Sobre lindas imagens aleatórias, frases que calam fundo no universo masculino. Só pérola.

segunda-feira

18

fevereiro 2013

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Transcultura #106: Vincent Moon etnográfico // The Pirate Bay doc

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foto: Christian Ghezzi / divulgação

Meu texto da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

O outro lado de Vincent Moon: mostra etnográfica no Rio
por Bruno Natal

Conhecido pelas “Take away sessions”, série de curtas com algumas das bandas mais adoradas da atualidade (Phoenix, Yo La Tengo, Animal Collective, Arcade Fire, Bon Iver e diversas outras) que dirigiu para a página francesa La Blogothèque e cuja estética foi copiada mundo afora, o francês Mathieu Saura, mais conhecido como Vincent Moon, afastou-se do rock. Em sua segunda visita à cidade, onde aproveitou para filmar o carnaval, Moon, que já foi personagem de matéria aqui na Transcultura, escolheu curtas mais recentes, desde que virou suas lentes para assuntos de cunho etnográfico, para uma mostra na Maison de France, que acontece na segunda-feira, 18 de fevereiro, a partir das 18h.

— É muito bom estar na cidade durante o carnaval. Estava com medo de estar exausto, vindo direto do Chile, onde finalizei um filme sobre música popular. Mas encontrei o ritmo e consegui fazer ao menos um ótimo filme, acompanhando os bate-bolas da Zona Oeste — conta ele.
O novo filme não fará parte da mostra, intitulada “Projeções comentadas de Vincent Moon”, que traz uma ótima oportunidade de ver no cinema registros pouco usuais assinados por ele.

— Será uma sessão dupla, focada na nova música da Indonésia, Etiópia, Rússia, assim como velhas tradições, xamanismo, transes de todas as partes do planeta. A intenção é construir uma ponte entre os avós e seus netos e como eles podem se comunicar — diz.

Em sua página no Vimeo (vimeo.com/vincentmoon) dá para ver alguns do novos vídeos e perceber a mudança de rumo.

— A mudança foi bastante instintiva. Viajando por lugares desconhecidos para mim, fui ficando mais e mais obcecado com a ideia de ir mais a fundo nessas culturas e até descobrindo aspectos que meus amigos locais ignoravam. Tornou-se uma maneira fabulosa de entender o mundo além do reino da música — conta Moon. — Ao mesmo tempo, é também sobre tentar encontrar de onde vem a música, em sua forma mais antiga. E também sobre como abordar essas culturas hoje em dia, como representá-las visualmente e como isso pode impactar a percepção das gerações mais novas.

Após ter filmado tantos nomes do rock, Moon poderia ter cansado do assunto. Mas ele garante que não.

— Cansado, não. É muito exaustivo, pois faço isso tudo praticamente sem dinheiro, mas vivo uma vida bem confortável. Ainda gosto das bandas, no sentido de que mantenho os ouvidos abertos para o que as novas gerações estão fazendo com suas raízes, como as misturam, levam para outros lugares, que novos híbridos vemos atualmente, quais são as novas tradições.

A música, garante ele, continua sendo o personagem central do seu trabalho.

— A música está em toda parte, mas não quero dizer que ouvimos músicas nas ruas o tempo todo. É apenas questão de mudar de perspectiva e ouvir o próprio mundo, e tudo tem som. Tenho interesse em como o mundo soa, chamem isso de música ou não.

Tchequirau

Saiu o documentário sobre o processo que sofrem os três fundadores do The Pirate Bay, maior agregador de torrents do mundo. Chamado “TPB AFK”, a sigla significa “ThePirate Bay Away From the Keyboard” (The Pirate Bay, longe do teclado) e é o mote do filme, que mostra que a vida online é tão real quanto a offline. Dá pra comprar ou baixar o torrent em watch.tpbafk.tv e pra assistir no YouTube.

quinta-feira

17

janeiro 2013

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