Um encontro gigantes, quase previsível, se não fosse também tão inusitado. O Digitaldubs conseguiu juntar Tom Zé e Lee ‘Scratch’ Perry na mesma faixa. Inspirado pelo clássico “Estudando o Samba”, o produtor MPC juntou as vozes de ambas as entidades musicais em “Estudando o Dub”.
“Tom Zé e Lee Perry são pioneiros e heróis da música pop experimental. E ambos estão com 81 anos”, disse MPC. Aproveitando a passagem de Perry por São Paulo (num show com abertura do Digitaldubs abriu), o produtor convidou o jamaicano para gravar um vocal. Um ano depois, foi a vez de Tom Zé gravar sua participação.
A frase “open the door / abra a porta” funciona como um mantra para ressaltar as oportunidades que aparecem – na música e na vida.
Sempre ativo, o cantor e compositor Tom Zé já entrou no ritmo de carnaval este ano, e a “fantasia” escolhida para suas novas composições é a grave crise política que acomete o país. “Eu não faço música, né? Sou péssimo instrumentista e cantor. Eu faço é jornalismo-cantado”, é com essa tônica que o baiano lançou há poucos dias em suas redes sociais as canções “Queremos as delações”, “Sabatina em Latim para a Indicação de um Juiz do Supremo”, “Homologô” e “Samba da Comissão da Linguiça”.
Anos de trabalho e finalmente Céu acertou tudo: sonoridade, capa, clipes, visual; interpretação, temas, posicionamento. “Tropix” marca a confirmação de quem eram uma eterna promessa. A produção de Pupillo e General Elektriks ajudou muito, mas quem já trabalhou com a cantora diz que ela delega pouco e sabe bem o que quer. Dessa vez, surgiu decidida e conectada, sabendo transpor ideias para algo altamente assimilável pelo público, sem fazer concessão de qualidade.
Um dos maiores ícones da música brasileira, Tom Zé está completando hoje, 11 de outubro, 80 anos de idade. Seus trabalhos na era da Tropicália e, posteriormente, com a música de vanguarda e experimental, o tornaram um dos artistas mais originais já vistos no mundo.
Como já disse algumas vezes, não gosto muito de fazer listas muito por não acreditar em hieraquizar música, principalmente entre sons distintos. No fim acaba prevalecendo o gosto pessoal e isso não me parece exatamente um critério objetivo. Prefiro falar em bons discos.
Dito isso e falando agora especificamente da música brasileira, que ano seco, hein, Brasil? Essa lista acabou nem dando trabalho pra fazer porque foram muito poucas opções (e alguma delas foram lançadas digitalmente aqui no URBe).
E mesmo entre esses, nada de arrebatador, nenhum disco para entrar numa lista de melhores da década daqui uns anos. Se tivesse tido acesso a essa lista no início de 2013 teria tido um ano desanimado sabendo que isso é tudo que se ouviria. Podia ter tido mais, bem mais.
Ouvi pouca coisa? Ouvi os discos errados? Pode ser que sim. Sendo esse o caso, ficarei agradecido se você puder deixar suas dicas nos comentários e me ajude a mudar de ideia. Que 2014 venha mais forte!
Esse foi um azarão e ainda não entendi como ele veio parar no topo da lista. Um disco que cresce com repetidas audições, bem produzido, gravado e tocado, talvez o grande diferencial para boa parte do que circula por aí seja a sinceridade. Quando foi lançado cheguei a comentar que o disco tinha algo que não sabia dizer o que. Continuo sem saber e continuo ouvindo.
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.