Todd Edwards Archive

terça-feira

14

maio 2013

13

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Entre o hype e os haters: Daft Punk, "Random Access Memories", retrofuturismo e o gosto

Written by , Posted in Música, Resenhas

Pouquíssimas horas após vazar, minutos, na realidade, os vereditos sobre “Random Access Memories” começaram a pipocar na rede. Em questão de alguns posts no FB e no Twitter a discussão estava polarizada entre os que amaram (e já amaram antes de escutar, chamados de hype) e os que odiaram (e já desgostaram antes de ouvir, os haters) o novo disco do Daft Punk.

Entre os dois extremos ficou não apenas o bom senso, mas também o prazer de simplesmente se ouvir um disco pelo que ele é, acompanhar a ideia de uma outra pessoas sem tantos julgamentos, sem imagina que teria que ser outra coisa.

Os que tinham altas expectativas em relacão aos robôs (e os que se incomodaram muito com a robusta operação de marketing do pré-lançamento) ficaram, como era de se esperar, decepcionados. Como se sabe, existem poucos atalhos mais certeiros para frustração do que altas expectativas.

Os que mantiveram as esperanças baixas depois de ouvir a morna “Get Lucky” (eu), tiveram um bocado mais de sorte e – boa vontade – ao se deparar com uma produção impecável, grooves chicletudos, as muitas participações especiais tão integradas que são quase imperceptíveis, a qualidade de gravação e mixagem de uma grosseria poucas vezes vistas (mesmo em 192kbps, imagina em vinil…), e o mais importante, boas músicas. Surpresa boa.

O disco é inapelavelmente retrô desde a escalação dos músicos, baluartes da disco music como Nile Rodgers, Giorgio Moroder e John JR Robinson. Ao homenagear uma época que precedeu sua própria existência, o Daft Punk espanou o mofo numa experiência retro-futurista: aplicar referências de produção e arranjos da eletrônica na sonoridade de uma era marcada pelo trabalho de músicos de estúdio.

É uma conquista em tanto conseguir sair de trás de computadores, teclados e sequenciadores para comandar sessões de gravação com músicos desse naipe. E um barato para os fãs ver o Daft Punk interagir tão de perto com sua principal referência.

Engana-se quem pensa que não há inovação em olhar para trás. Alguém se lembra de um documentário musical no formato apresentado em “Giorgio by Moroder”, baseado numa entrevista com o lendário produtor e que se arrisca até num samba jazz. Passando dos nove minutos, é seguida de “Touch” e seus oito minutos psicodélicos.

“Lose Yourself to Dance” (com Pharrell Williams fazendo o que deveria ter feito em “Get Lucky”) é balanço pra uma noite toda, “Doin It Right” (com Panda Bear) traz programações eletrônicas e trombadas de 808, pra matar a saudade. Encerrando o disco, outro épico, “Contact” decola e leva o ouvinte rumo ao espaço.

Só até aí já são cinco músicas excelentes, o que é uma média mais alta que boa parte dos discos lançados nos últimos anos. Tem mais. As três baladas, “The Game of Love”, “Within” e “Beyond” e o tema “Motherboard” também fazem muito bonito.

Entre quem reclamou, muita gente critica outras coisas – o hype, sobretudo – que não o objeto em questão. O disco é o que é, não adianta querer que fosse outra coisa. Medir sua qualidade baseado num próprio desejo do que gostaria que ele fosse é uma abstração sem muito propósito. Foi a armadilha que o Daft Punk armou para si próprio ao forçar tanto na divulgação.

Goste, desgoste, ame, odeie. Não importa, gosto é gosto. O importante é ouvir o disco – esse ou qualquer outro – sem tantas barreiras. Do contrário, não tem nem graça.

Obs 1: provavelmente ainda volto aqui pra adicionar novas ideias.

Obs 2: como até a dupla fez um faixa-a-faixa, resolvi tuitar as impressões iniciais ao longo da primeira audição, falando mais especificamente do som. Siga abaixo.

(mais…)

sábado

13

abril 2013

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Os primeiros minutos de “Get Lucky”, do Daft Punk, com Pharrell Williams

Written by , Posted in Destaque, Música

O Coachella começou ontem e já trouxe boas novidades além dos palcos. Durante um dos intervalos passou um comercial de “Random Access Memories” com um minuto e meio de “Get Lucky”, com participação do Pharrell Williams. É um trecho extendido daquela levada de guitarra que vem sendo repetida insistentemente na divulgação.

De quebra, ainda oficializou a lista com os outros colaboradores: Julian Casablancas, Panda Bear, Paul Williams, DJ Falcon, Chilly Gonzales e o trio que já vimos nas entrevistas de lançamento Nile Rodgers, Giorgio Moroder e Todd Edwards.

Ah, o curto clipe mostra Nile Rodgers na guitarra e os robôs no baixo e bateria, transparentes com o teclado já revelado. Digo, repito e rearfimo: esse novo show é com banda. Será que esse é o time oficial ao vivo também? Chuto show de lançamento no Madison Square Garden, com o time completo de colaboradores.

A estratégia de lançamento, sem nada além das vídeo entrevistas até aqui, tem feito o material circular amplamente através de print screens, filmagens de celular e rumores. Boa parte do que se conheceu do disco até aqui está sendo em formato lo-fi. Nem fotos, nem trechos de música foram em qualidade alta foram lançados ainda. Tipo zine de xerox.

A dupla estava no festival e assistiu a exibição da propaganda. Não devem ter ficado muito impressionados com a reação morna da plateia (atualização: nesse segundo vídeo o público parece bem mais empolgado)

terça-feira

9

abril 2013

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Computadores não tem alma

Written by , Posted in Música


foto tungada daqui

Distraído com as mil referências sobre o novo formato do Daft Punk ser uma banda na entrevista de Todd Edwards, um dos colaboradores do novo disco, deixei de comentar um aspecto esquisito em seu depoimento.

Um produtor cascudo, com mais de 20 anos de carreira, afirmar que nunca soube que se gravava instrumentos utilizando vários canais, não sabia nada de microfonação e falar que computadores não tem alma causou estranhamento. Ele diz:

“10 ou 15 anos atrás você tinha que criar a sua própria música. Fosse escolhendo samples ou tocando teclados, qualquer instrumento que você estivesse usando, tudo estava vindo de dentro de você ou de dentro de alguma outra pessoa. Quando a música fica focada em efeitos ou sons pré-definidos, fica… Computadores não tem alma

Pode ser uma estocada na turma da tal EDM, mas soa meio radical isso aí. Computadores tem tanta alma quando um instrumento, nenhuma mesmo. Quem tem alma é o ser humano operando qualquer um dos dois. Problemas de alma são culpa de utilização, não do instrumento.

segunda-feira

8

abril 2013

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A discoteca com alma dos andróides do Daft Punk

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Certeza que o show do Daft Punk será com banda em clima disco. É só ver pelo título: “Memórias de Acesso Randômico”.

Seguindo o que falou Giorgio Moroder em sua entrevista, no segundo vídeo da série de divulgação de “Random Access Memories” da dupla, Todd Edwards (co-autor e cantor de “Face to Face”, do segundo disco dos franceses) dá mais pistas de que esse deve ser o caminho.

Dessa vez é ainda mais escancarado, com o produtor falando sobre detalhes das técnicas de gravação, instrumentação, arranjos e de uma “volta no tempo”.

Pra fechar, Todd adiciona o recorrente embate analógico x digital (questão também explorada no fracote documentário de Dave Grohl sobre o estúdio Sound City) a discussão: “é irônico, dois andróides estão trazendo a alma de volta pra música”.

Ele deveria ter dito “de volta para música eletrônica”, mas tudo bem, no contexto que está fica subentendido. Ainda que mesmo assim seja questionável (mas o que não é?).

Dessa vez, o cara entregou até um refrão, acapela:

I just keep playing back
These fragments of time
Everywhere I go
This moments will shine

A entrevista de Todd: