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maio 2012

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Transcultura 80: O fator diversão // Phoenix

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Meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

O fator diversão
É pra ouvir música ou pra zoar?
por Bruno Natal

Não é incomum no Rio shows e festas muito bons terem um público aquém do que a atração merece. Qualidade musical e sucesso comercial não andam sempre juntos. Não é um problema exclusivo dessa cidade, acontece também em São Paulo e em festivais badalados pelo mundo, como por exemplo, o Coachella.

Nas seis edições do festival que fui, sempre encontro um grande amigo que mora em Los Angeles e não perde um. Suas motivações são bem diferentes das minhas. Enquanto vou atrás de bandas que dificilmente vão tocar por aqui e conhecer outras tantas, passando o dia inteiro debaixo do sol vendo shows, ele, bem menos ligado em música independente, vai pra encontrar os amigos na área VIP (que é paga) e assistir a atração principal, como Coldplay, The Killers, Red Hot Chilli Peppers ou Dr. Dre.

Não é só ele. O grosso do público do festival não está atrás de música, está atrás de diversão, seja na área VIP, no show principal ou na tenda Sahara, onde tocam alguns dos DJs mais populares(cos) do planeta e é o epicentro da parte noturna do evento. Somente na última edição consegui tirá-lo da zona de conforto e levá-lo para ver os shows. O resultado? Nas palavras dele: “not fun”, não foi divertido.

Para meu amigo, o mais legal foi a oportunidade de passar o dia colocando o papo em dia, não as atrações. “Not fun”… Fez pensar. Algumas das bandas mais bacanas da atualidade, uma penca de gente que adoraria estar assistindo aquilo tudo e ele achando um tanto sacal. Por que?

Pra começar, vejamos as definições de duas palavras relevantes a discussão, frequentemente tidas como sinônimos, só pra ilustrar.

“Fun”segundo o Dictionary.com:

fun (fn)
n.
1. A source of enjoyment, amusement, or pleasure. [Fonte de satisfação, diversão ou prazer]
2. Enjoyment; amusement. [Deleite; divertimento/distração]
3. Playful, often noisy, activity. [Atividade brincalhona, normalmente barulhenta]

“Diversão”, definido no Aurélio:

diversão (sf.)
Entretenimento, distração.

Perceba uma diferença, sútil, porém importante entre as definições das palavras em inglês e português: enquanto em português fala-se em “distração”, em inglês aponta-se para uma “atividade brincalhona, normalmente barulhenta”. Se esse é o sentido de “fun” que meu amigo buscava, está bem além de uma “distração”, está mais próximo de outro termo, bastante utilizado no Brasil.

“Zoar”, de acordo com Dicionário Informal:

1. zoar
bagunçar, se divertir [sic], brincar, debochar, atrapalhar, tirar, tinir, trincar, zunir

Zoar, eis a chave do sucesso. Muita gente sai de casa e não está afim de pensar ainda mais, quer simplesmente… zoar. O Funny or Die listou os sete tipos de frequentadores do Coachella e, mesmo de brincadeira, dá uma dimensão dessa ideia: um sétimo dos frequentadores está lá para ouvir música, o resto vai atrás de farra.

Grande parte das bandas mais interessantes musicalmente não tem mesmo o fator “fun”, ao menos não nesses termos, em sua essência. Por esse ponto de vista, meu amigo está certíssimo. Radiohead, com todo seu aparato visual, não é “fun”, Bon Iver também não. Swedish House Mafia, David Guetta e M83 são.

Vivemos a era da hiper-estimulação: diversas abas abertas; vídeos e músicas tocando ao mesmo tempo; mashups; “Os Vingadores” (já tido como um dos melhores registros cinematrográficos de super-heróis da história) misturando diversos personagens numa mesma história; Skrillex, um dos principais nomes da ascendente música eletrônica atual, embola e entrega diversos aspectos de outros gênerosao vivo ou numa só faixa (que de tão frenéticas, estouram “pra trás”, desacelerando o BPM e diminuindo a quantidade de elementos, como que para descansar o ouvinte – chapar é o novo êxtase).

Nesse contexto, não é de se surpreender que a sutileza vá perdendo espaço. As coisas mudam – ou sempre foi assim. Imaginar que um evento de música vá se sustentar simplesmente com introspecção e cabecismos é ingenuidade. O que leva qualquer festival pra frente é o “fun”. As pessoas querem zoar e não há nada de errado com isso.

Tchequirau

A página do Phoenix exibe apenas uma arte, com uma palavra: Thermidor (11° no calendário da Revolução Francesa). Antes do lançamento do “Wolfgang Amadeus Phoenix” foi a mesma coisa, o nome do disco ficou na página por um bom tempo. O blogue da banda diz que estão gravando o sucessor em Nova York. Dever vir novidade por aí logo, logo.

terça-feira

1

maio 2012

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O Phoenix ferve

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Quem entra na página do Phoenix dá de cara apenas com essa imagem, provavelmente o nome do novo disco: “Thermidor”, o 11º mês do calendário da Revolução Francesa. Foi exatamente assim, apenas com uma imagem e o título que a campanha vitoriosa do “Amadeus Wolfgang Phoenix” largou, começando por “1901”.

De acordo com o blogue do Phoenix, o disco ainda ainda está em gravação, em Nova York. Por enquanto, apenas duas imagens, uma com data de 05 de abril entitulada “compondo” e outra, mais enigmática, com o nome da banda e a sigla “TPC”.