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segunda-feira

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julho 2013

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Transcultura #115: Disclosure // fotojornalismo

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Texto na da semana retrasada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Os Irmãos Lawrence
Após se tornar uma das bandas mais comentadas da Inglaterra, o Disclosure ultrapassa as fronteiras do Reino Unido com batidas de house quebradas e vocais soul em embalagem pop
Por Bruno Natal

A longa linhagem do chamado hardcore continuum da cultura bass inglesa — do qual fazem parte as vertentes jungle, drum and bass, 2step, UK funky, grime e dubstep — começa a fazer uma curva, dar meia-volta e se aproximar do seu próprio início. Passadas as protocolares duas décadas para o retorno de uma tendência sonora, vemos a inevitável volta dos sons dos anos 1990, suas sirenes, e o ressurgimento do UK Garage, uma das principais trilhas das raves da época.

Após anos sombrios dominados pelo dubstep, as pistas da terra da rainha começam a ficar mais ensolaradas — mudança acompanhada por um revival de substâncias como o ecstasy via MDMA. Liderando essa tendência estão dois irmãos, de 19 e 22 anos, Howard e Guy Lawrence, conhecidos como Disclosure.

Em apenas dois anos e com seis EPs, eles tornaram-se uma das bandas mais comentadas da Inglaterra antes mesmo de lançarem seu primeiro disco, “Settle”, este ano. Se em 2012 eles fizeram barulho com o remix de “Running”, de Jessie Ware, e rasparam o top 10 inglês com “Latch”, em 2013 já emplacaram duas músicas bem próximas do topo das paradas, “White Noise” (com AlunaGeorge) e “You & Me” (com Eliza Doolittle).

O sucesso ultrapassou o Reino Unido, e o Disclosure excursionou por Europa, Japão e EUA, onde encerrou um dos palcos do Coachella neste ano. A explosão do EDM (electronic dance music, como os americanos gostam de chamar por lá) nos EUA, com sons mais comerciais (Guetta, Deadmaus, Aviici e outras coisas), ajudou nesse crescimento. O som do Disclosure é pop, com batidas de house quebradas, filtros, vocais soul em embalagem pop.

Apesar de não ter passado pela cena alternativa e fazer um som acessível, o grupo não é exatamente comercial. Em algum lugar entre um Audio Bullys mais manso e um SBTRKT mais bem envelopado para as pistas, equilibrar-se entre esses dois mundos é justamente o desafio e maior acerto da dupla. Até aqui, tem dado certo. Nada mal para dois irmãos que sequer gostavam de música eletrônica antes de conhecerem Joy Orbison e Floating Points.

Tchequirau

30 fotógrafos do Chicago Sun-Times foram demitidos – toda a equipe. O jornal passará a contar apenas com colaboradores e, dizem, fotos tiradas com telefones pelos repórteres. Como disse o agora desempregado ganhador do prêmio Pulitzer, John H. White: “é como pedir para um farmacêutico operar um coração”.