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segunda-feira

15

agosto 2011

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Transcultura # 057: Totoma, Neon Indian

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Meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

O funk da fotógrafa
Exposição de Daniela Dacorso, que começa hoje, revela um mergulho no universo dos bailes
por Bruno Natal


M.I.A. e Deize Tigrona na Cidade de Deus
foto: Dani Dacorso

Há mais de dez anos a fotógrafa Daniela Dacorso vem documentando a cena funk no Rio. O marco zero dos registros foi uma reportagem para uma revista alemã no final dos anos 1990, acompanhando Mr. Catra num baile na Rocinha. Com a lente embaçada de suor, sacudida pelo batidão e seduzida pela dança, ela decidiu que queria continuar.

– O universo das favelas e dos subúrbios cariocas já me atrai por si só. A construção do espaço, da imagem e do corpo. O baile é uma explosão, várias cenas que acontecem ao mesmo tempo, em um milésimo de segundo – conta a fotógrafa.

Algumas dessas imagens coletadas na última década estão na exposição “Totoma! – Imagens do funk carioca”, em cartaz no Sesc Tijuca de hoje até 30 de setembro. Não é a primeira vez que as fotos de Daniela enfeitam as paredes de uma galeria.

– Minha exposição anterior, em 2009, no Ateliê da Imagem, era mais focada no corpo, no tesão. Agora, o olhar é mais amplo. Tem menos sexualidade e mais cultura – explica Daniela. – Tem retratos de vários personagens do funk e uma homenagem a Lacraia. Tem fotos da década de 1990, em uma incursão que fiz no baile do Chapéu Mangueira, na época da “Dança da bundinha”. A montagem dos soundsystems virou uma montagem visual, cujas células são fotos desse processo. E tem um políptico do “Passinho do menor da favela”, formado por vários frames de vídeos caseiros que a molecada posta no YouTube, o palco da grande batalha virtual do passinho.

Apesar da recente aceitação (“A hora em que a Deize Tigrona pisou no palco do Tim Festival e a plateia foi abaixo foi um momento de virada”, diz Daniela – N.E. a virada começou três anos antes, em 2003, com o set do DJ Marlboro no mesmo festival), falar em funk continua arrepiando os cabelos de muita gente.

– O preconceito diminuiu, mas as pessoas ainda são cautelosas sobre o assunto. O funk era mais underground, mais restrito às comunidades e aos subúrbios. Não frequentava festa de classe média, não era hypado. Era música de marginal – diz.

Mais para a frente, Daniela tem planos de organizar um livro com as fotos desses mais de dez anos de funk.

– Essa exposição está sendo uma ótima oportunidade de mexer no meu acervo, resgatar fotos que estavam esperando por um segundo olhar – afirma a fotógrafa. – E vejo várias épocas ali representadas, como numa linha do tempo.

Tchequirau

Vender disco não é tarefa fácil. Por isso, o novo do Neon Indian vem com um mimo e tanto: quem fizer a pré-compra do pacote especial de “Era Extraña”, por 50 dólares, leva além do CD, um vinil, um pôster autografado, uma camiseta e um mini-sintetizador analógico.

quinta-feira

25

novembro 2010

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Transcultura #028 (O Globo): Gant-Man, Segredo

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Texto da semana retrasada da coluna “Transcultura” que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Ponte-aérea Chicago Rio
Ritmo vindo de Chicago, o juke tem muito mais a ver com o funk carioca do que aparenta
por Bruno Natal

A música opera no inconsciente coletivo. Não raro, os estilos vão se transformando e as mudanças reverberam em todas a cenas associadas directa ou indirectamente. Nesse domingo, 14, a festa Shake Your Santa, promovida pelo Apavoramento Sound System no terraço do clube náutico Santa Luzia, dá provas de que Chicago e Rio de Janeiro são mais próximas do que parecem ser.

Parte do selo Fool’s Gold, o mesmo de A-Trak e Chromeo, produtor do hit “Switchboard”, da Kid Sister e pupilo dos pioneiros do house, a principal atracão da festa é o DJ americano Gant-Man, criador do estilo conhecido como juke (o DJ Zégon também toca). Chamado de ghettohouse em Detroit, o juke nasceu em festas alternativas, cresceu nas pistas de rollerskate e se espalhou através do footworkz, uma atualização da dança break, só que muito mais acelerado.

Enquanto muita gente no hip hop olha torto para o house, sem perceber que o rap compartilha as batidas da disco como matriz, Grant-Man é um entusiasta de ambos, e o sucesso da mistura é a prova de que está dando certo. O que ele não deve saber é o quanto poderá se sentir em casa por aqui.

Espécie de houve mais safado e sacana, o Juke, como todos os bons sons, é fundado nos graves. E grave é o que não falta nas redondezas do Santa Luzia. O local fica atrás do MAM, ao lado do aeroporto Santos Dumont, na mesma área onde ficam outros três clubes esportivos com tradição de bailes Funk, o Boqueirão hospeda semanalmente o baile da CurtisomRio. Grant está nos toca-discos desde 1989, mesmo ano de lançamento do pioneiro “Funk Brasil”, do DJ Marlboro. Começam as coincidências.

Combinando a tradição antropofágica do funk, onde o Miami bass virou o pancadão, com o poder do inconsciente coletivo, o juke e o baile funk tem mais em comum do que essas meras coincidências. Os fãs de ambos sacodem na mesma pegada. Basta comparar o frenético footworkz com a coreografia campeã de acessos no YouTube, o “Passinho do Menor da Favela”, a “dancinha do frevo com funk”.

A semelhança entre as danças é impressionante e o Apavoramento está prometendo levar um grupo de dançarinos para festa, para a ponte ser testada no único lugar que importa: a pista de dança.

Tchequirau

Você sabe guardar segredo?

segunda-feira

16

março 2009

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