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quarta-feira

5

dezembro 2012

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Grafite nas alturas

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No México.

Via All City Blog.

quinta-feira

7

junho 2012

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Patti Smith: entre os cactos em flor

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foto: Ariette Armella (divulgação)

A Mariana Filgueiras esteve no México em maio, conferiu, por acaso, uma coletiva da Pati Smith falando do novo disco, “Banga” (lançado essa semana), no jardim da Casa de Frida Kahlo. Ela mandou o relato para o URBe:

Os sonhos de Patti Smith

Quando fez 16 anos, a poeta e compositora americana Patti Smith ganhou da mãe o livro “A vida fabulosa de Diego Rivera”, uma biografia do pintor modernista que foi casado com a não menos fabulosa Frida Kahlo. Do livro, a magricela Patti tirou dois sonhos: casar-se com um artista, construindo com ele uma obra em comum, assim como fizeram Frida e Diego; e conhecer as casas dos dois, no bairro de Coyoacán, na Cidade do México (no fim da vida, o casal viveu separadamente).

O primeiro sonho Patti realizou logo assim que saiu do interior de New Jersey para tentar a vida de artista em Nova York, em 1967, aos 20 anos. Lá conheceu o fotógrafo Robert Mapplethorpe (morto em 1989), e com ele teve uma parceria tão intensa quanto o casal mexicano (a história dos dois foi contada por Patti no livro “Só Garotos”, de 2010, premiado com o National Book Award, que ela está adaptando para o cinema).

O segundo sonho Patti só conseguiu realizar no dia 5 de maio, um sábado ensolarado na capital mexicana. Ela não só conheceu as duas casas, hoje transformadas em museus, como fez, à noite, nos jardins da casa de Diego Rivera, seu primeiro show no país. Foi um pedido dela: a imensa área externa do Museu Anahuacalli, nome oficial da casa do pintor, foi inteiramente adaptada para a apresentação, que abriria o 28o. Festival do México, um evento multicultural e tradicional na capital. E a entrevista coletiva, concedida à imprensa local pela manhã, foi feita no jardim da casa de Frida Kahlo.

Naquela manhã de sábado, Patti não escondia a alegria ao percorrer os cômodos ainda intactos da casa de Frida. Trançou os cabelos, para se aproximar da musa e fotografou os detalhes do ateliê da pintora com uma Polaroid velha. Vez ou outra, era atropelada por uma turma de crianças de quatro ou cinco anos que também visitava a casa de Frida com a professora da escola. Patti registrava tudo, e sorria. Só depois de uma hora e meia conversou com os jornalistas que se espremiam no quintal da casa, entre as paredes azuis, as cadeiras amarelas e os cactos em flor. Às vésperas do lançamento do novo álbum, Banga, e acompanhada pelo músico Lenny Kaye, seu parceiro musical há 35 anos, Patti cumprimentou todos com doçura (a raiva da imprensa ficou no passado) e falou sobre a importância das velhas e novas referências em sua vida.

– Eu estou muito feliz hoje. Estou orgulhosa deste disco, tem uma energia fascinante. Será lançado dia 5 de junho, dia do aniversário do poeta García Lorca, outra referencia fundamental na minha obra. Neste álbum, Banga, tem uma canção que fiz para Amy Winehouse, chamada “This is the girl”. Eu não a conhecia, sou apenas uma fã. É uma balada suave, assim (cantarola): “This is the girl, for whom our tears fall… This is the girl who was having a ball…”. Eu admirava muito sua voz. Era uma voz potente, autêntica e sofisticada. É muito triste que ela tenha tido tantos problemas. Devemos nos lembrar dela pela sua arte. Seu estilo de vida não deve ser romantizado.

Além da balada de Amy Winehouse, Banga (título dado em homenagem a um personagem do livro “Margarita e o mestre”, do russo Mikhail Bulgakóv) terá uma série de músicas com dedicatórias: a faixa “Nine” é um presente de aniversário para Johnny Depp; “Fuji-San” foi escrita para as vítimas do terremoto do Japão, no ano passado; “Tarkovsky”, para o cineasta russo Andrei Tarkovsky, e “Maria” é dedicada à atriz Maria Schneider, amiga de Patti nos anos 70. A gravação tem um encontro especial:

– Meus filhos Jackson e Jesse Paris tocam comigo esta canção. Jackson faz um solo lindo de guitarra. Eles são excelentes músicos, assim como era o pai (o guitarrista do MC5 Fred “Sonic” Smith). Eu dei a vida a eles, e agora ter a chance cantar junto… é maravilhoso. É uma bela maneira de falar com o pai deles, de estarmos juntos, novamente – diz Patti, que entre uma fala e outra aponta sua Polaroid aos jornalistas, clica, aguarda a revelação do papel fotográfico e os assopra, guardando um a um dentro de um livro de poesias do escritor mexicano Octavio Paz que trazia consigo.

A poesia é o cerne deste décimo-primeiro álbum da musa punk , depois de oito anos sem gravar canções autorais. O ultimo lançamento de Patti Smith foi em 2007, o álbum de covers Twelve.

– A poesia é a força da criação. É um chamado do criador, de um ser supremo, pode ser de Deus, pode ser da Natureza. Perguntar “por que poesia nestes tempos?” é o mesmo que dizer: por que comida? Por que água? A poesia expressa os mais profundos sentimentos da condição humana. A poesia é de graça, não custa nada para escrever. Eu estou sempre escrevendo poesias ­– sorri Patti, mostrando uma de suas fotografias recém-tiradas. – Eu tive muita sorte porque tive mentores como Allen Ginsberg, William Borroughs, Gregory Corso. Eu amo poesia. Eu leio muito, e até hoje me sinto inspirada pela poesia que lia naquele tempo. Releio muito também. Muita gente me presenteia com versos nas ruas. Acontece assim: estou andando, e aí vem alguém e me dá um pedaço de papel com alguns versos. É inspirador ver quanta gente escreve. A arte vem da parte mais sincera e amorosa do ser humano.

Outra fonte de inspiração cada vez mais presente nos temas da musa punk é a preservação do meio ambiente. Banga é um presente à “mãe-natureza”, diz Patti.

– Nós demos ao movimento “Occupy” uma música, People have the Power, para ser usada como inspiração. A letra diz que as pessoas devem usar a voz em protesto. E é o que eu faço: eu sou artista, não sou política, o que faço é usar a minha voz em protesto. Hoje em dia minha principal preocupação não é a situação econômica do mundo, mas a situação ambiental do mundo. Nós teremos que fazer muitos sacrifícios para salvar o nosso mundo. Por que vou me preocupar se não há emprego quando não há água limpa? Nem ar puro? E as pessoas estão morrendo de câncer? Os governos minimizam os problemas, não querem que a gente discuta sobre isso, e impõem essa preocupação financeira, com mercado de trabalho. Nada, hoje, é mais importante do que a preservação do meio ambiente. Eu, como mãe, sinto ainda mais, porque eu me sinto um pouco mãe de todos.

Neste momento, Patti Smith levantou-se, deixou a Polaroid sobre a mesa, e, na companhia de Lenny Kaye, cantou duas musicas: “Wing” (assista abaixo) e “People Have the Power”, oferecendo à anfitriã involuntária, Frida Kahlo.

Naquela noite, faria melhor ainda: no quintal de Diego Rivera, Patti emocionou as cerca de 3 mil pessoas que conseguiram comprar os poucos ingressos da apresentação (do lado de fora, uma multidão gritava seu nome). Entre os hits da carreira, como “Gloria” e “Because the night”, chorou ao dedicar a música “Wing” a tres jornalistas mexicanas assassinadas naquela semana na cidade de Vera Cruz. No breve discurso de despedida, recusou-se a associar a imagem do país à violência e lembrou os mexicanos que eles deveriam celebrar a vida, contida na arte do próprio país.

terça-feira

31

março 2009

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quarta-feira

25

março 2009

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Cumbia digital

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Um dos produtores da Dancing Cheetah, o DJ Chicodub escreveu um texto dando uma geral na cena da cumbia digital, que vem varrendo a América Latina, para o blogue da festa.

Sem dó nem piedade, tunguei o texto inteirinho, com todos os vídeos, links, MP3s e imagens. Fala aê, Chicodub:

colombia

A cumbia nasceu na região caribenha do que hoje é a Colômbia, principalmente nas províncias de Cartagena e Barranquila, durante o período de colonização espanhola. Tentando preservar suas tradições culturais, escravos trazidos da África pelos espanhóis começaram a usar sua danças típicas e forte percussão com intuitos de flerte.

Nessa época, a cumbia (que tem seu nome derivado do termo cambé, que significa festa) era mais conhecida como dança, já que a música era apenas percussiva – tambores e clavas, Numa segunda fase, influenciados pela música dos nativos habitantes de regiões montanhosas e seus instrumentos de sopro, criou-se no início do século 19 uma mistura tal que fez surgir a figura do gaitero, o intérprete.

Posteriormente, surge o violão e o acordeón dos espanhóis, acrescentando mais um elemento numa mistura sonora que conquistou, no século 20, Panamá, Mexico, Argentina, Chile, El Salvador, Honduras, Equador, Perú, Bolívia, entre outros, cada qual com a sua versão particular do gênero.

chicha libre

No Perú, por exemplo, surgiu nos anos 60 uma variação da cumbia chamada chicha. Basicamente, uma mistura de cumbia e rock, principalmente o surf rock de Dick Dale, só que com uma pegada andina nas melodias. Seleciono aqui três clássicas cumbias colombianas dos anos 60, sonoridade tida como supra-sumo pelos críticos especializados.

Destaque também para duas chichas coletadas na obra prima “The roots of chicha: psychedelic cumbias from Peru”. Por conta dessa coletânea, vejam vocês, até mesmo os norte-americanos tem explorado a sua peculiar sonoridade. Entrem no myspace do Chicha Libre e confiram.

Armando Hernandez – “La Zenaida”

Luiz Pérez – “La morena encarnacion”

Alfredo Gutierrez – “El diario de un borracho”

Los Mirlos – “El milagro verde”

Los Mirlos – “Sonido Amazonico”

Até o século 20, a cumbia era conhecida como uma dança vulgar praticada pelas camadas economicamente mais baixas da sociedade. Isso permaneceu pelo menos até o meio do século passado, quando o termo “cumbia” passou a ser mais assossiado a música. Ainda assim, o preconceito aristocrata permanece até hoje, mesmo com a explosão popular que tomou conta do gênero na segunda fase do século 20.

Durante muito tempo, seus temas não saiam muito de histórias de amor, romances impossíveis tipo novela mexicana, experiências do cotidiano, enfim, música pop. Eis que surge na Argentina uma nova sonoridade a partir dos anos 2000 através da cumbia villera, ou a cumbia das favelas.

Cansados dos mesmos temas e sentindo falta de músicas que retratassem de fato a (dura) vida nos guetos, a cumbia villera surge, talvez incluenciada pela grave crise que assolou aquele país, e inaugura uma espécie de fase gangsta rap na cumbia. E tome música falando de armas, crime, tráfico de drogas e sexo.

é um show de rock? de hardcore?? de speed-trash-metal??? não! é um show do damas gratis!!!
É um show de rock? Hardcore?? Speed-trash-metal??? Não! É o Damas Gratis!

Pablo Lescano, do Damas Gratis, é, talvez, o grande herói da cumbia villera, o cara que moldou esse tipo de som.

Damas Gratis – “Re loco re mamado”


Damas Gratis, “Alza la manos”

Quem duela pau a pau com o Damas Gratis em termos de popularidade na Argentina é o Pibes Chorros. Reparem como cai por completo o estereótipo que temos dos argentinos – Cadê as louras com carinha de européia? E os mullets?

Pibes Chorros – “Que calor”


Pibes Chorros, “Pamela”

Abaixo, um vídeo com Pibes Chorros e Damas Gratis duelando num programa de auditório argentino!


Pibes X Damas

E duas das maiores paixões portenhas: cumbia e futebol num vídeo do Yerba Brava:


Yerba Brava, “La cumbia de los trapos”

sonidero nacional

Só que foi do México, mais precisamente de Monterrey, estado com uma cena fortíssima de artistas de cumbia, que surgiu o hit que levou a cumbia ao crossover internacional, muito por causa do filme Babel.

Com produção de Toy Selectah, membro de um dos grupos mais famosos de hip-hop da história mexicana, o Control Machete, “Cumbia sobre el rio”, de Celso Piña, é uma bomba poderosa.

Celso Piña – “Cumbia sobre el rio”


Celso Piña, “El tren”

(em ambas as músicas acima os vocais estão a cargo do venezuelano Blanquito Man, da seminal banda King Changó)

tormenta tropical

Toy Selectah, também membro do Sonidero Nacional e hoje parte do elenco da Mad Decent, do Diplo, tem presença ativa num dos discos mais sensacionais dos anos 2000 em todos os estilos, o “Mexican Sessions”, dos ingleses do Up Bustle & Out. Disco que dá um panorama muito bom da cena de Monterrey, recheada de flertes com o reggae, o hip-hop e o reggaeton.

“Mundo Insolito” (Toy Selectah/ Control Machete Remix)


Up, Bustle & Out, “Cumbion Mountain”

zzk

É também da Argentina, através do coletivo Zizek, ou ZZK, que vem uma espécie de cumbia digital que não tem medo algum de absorver outros estilos, flertando com tudo quanto é guetto music, funk carioca inclusive. Festa, selo, e agência (os três beem hypados) com vários artistas portenhos liderados por Villa Diamante, o ZZK produz os sons mais interessantes da cumbia hoje em dia.

Por conta do cruzamento colossal com outros estilos – os Zizeks também são muito bons nos mashups – a cumbia está tomando conta dos Estados Unidos na forma do label Bersa Discos e da sua festa regular em São Francisco, a Tormenta Tropical.

Mês que vem, o ZZK estará representando a cumbia no mais importante festival de música hoje, o americano Coachella. Se hoje já tem até holandês fazendo cumbia, o sensacional Sonido Del Principe, depois do Coachella el cielo es el límite.

Termino este breve panorama cumbiambero com quatro pepitas do Zizek crew (uma delas com uma certa cantora que vocês devem conhecer) e um petardo subsônico do Sonido Del Principe via Bersa Discos. Cuuuuuuuuumbia!!!

frikstailers

Frikstailers – Ta duro kuduro”

El Trip Selector – “Cumbia del piano triste”

El Remolon feat. Marina – “Vem que tem”

Sonido del Principe – “El principe”

quinta-feira

5

março 2009

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