memory tapes Archive

terça-feira

29

março 2011

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Hypnagogic Pop. Hein?

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Toro Y Moi

Você acorda, anda até o banheiro, pega a escova de dente e fica olhando para o espelho, aguardando seu corpo iniciar os movimentos, enquanto tenta lembrar o que estava sonhando, organizar mentalmente as tarefas e começar o dia. Esse estado entre o acordado e o desperto, tem sido utilizado para descrever uma parte da produção musical independente recente, principalmente dos EUA.

Marcado pela estética lo-fi, o uso de efeitos, sintetizadores, filtros, saturações, melodias minimalistas, ecos de ambient, new age, embaladas por uma nostalgia oitentista imaginada (visto que muitos dos músicos sequer tenham idade para terem de fato lembranças concretas da década), o som de bandas como Washed Out, Toro Y Moi, Sun Araw tem sido chamado de shoegaze sem guitarra, dance music não dançavel, é música chapada, pra se espreguiçar. Música feita sem recursos, em laptops, baseadas em samples, com climas otimistas e melancólicos, a trilha sonora para crise financeira nos EUA, alguns dizem. Escapista, dizem outros.

Washed Out

Encontrar um termo para resumir o equivalente sonoro das polaroids fake do Instagram virou motivo de piada. O blog Hipster Runoff, debochando do ar misterioso e aparentemente artístico desses projetos, como que para mascarar suas intenções pop, fez uma enorme lista de possíveis nomes para o “estilo”, como shitwave, post-bloghause, wave, freakgaze, no-fi. Um deles acabou pegando, sem querer.

Chill wave tem sido fartamente usado para descrever bandas que não necessariamente tem afinidades musicais. Englobando referências tão diversas, o termo baseado nas características técnicas e estéticas – e não nas geográficas, como se costuma fazer com movimentos (algo que também ocorre com o ghetto tech, culpa da internet e dos blogues de MP3, criando movimentos globais) – foi rechaçado pelos artistas, mesmo que tenha sido bastante utilizado na imprensa.

Além de muitas vezes presunçosos e desnecessariamente cabeçudos (vide o Pitchfork), termos para definir sons são uma muleta, uma desastrada forma de se ensacar juntas bandas bem diferentes entre si. Num caminho inverso, sub-gêneros as vezes aplicáveis apenas a duas ou três bandas, irritam ainda mais.


Com Truise

Buscando um denominador comum para unir esses sons distintos, ainda que reunam características oníricas, empoeiradas e fujam da perfeição digital, em um artigo na revista The Wire, David Keenan cunhou o termo hypnagogic pop. Pegou. Ao longo de 2010 pipocaram artigos sobre o h-pop (como esses do Poptones ou Play Ground Mag, de onde vieram algumas das informações desse texto, enviados pelo Chico Dub).

Fenômenos hipnagógicos são alucinações visuais que ocorrem quando estamos de transição entre o estado desperto e de sono, momentos antes de adormecer ou assim que acordamos. Entre sobressaltos, clarões e caleidoscópios coloridos, diz-se que esse estado mais profundo que a hipnose, é um momento de profunda criatividade. O guarda-chuva hipnagógico é ainda mais amplo, engloba o próprio chill wave, o witch house o nu dub e uma boa parcela das música chapada do século XXI.


Deerhunter

Novidade não é. De Tangerine Dream a discos da virada dos anos 90 do Boards of Canada, Bugskull, Broadcast passearam, sonâmbulos, por esses caminhos. Nos anos 2000, Atlas Sound, Panda Bear, Hail Social e Ariel Pink’s Haunted Graffiti foram alguns dos pioneiros nessa onda retrô. O suposto gênero é tão amplo que pode englobar inclusive os brasileiro mario maria e Dorgas, mesmo que eles não façam ideia do que seja hypnagogic pop.

O sucesso do “estilo” pode também ser seu próprio fim. Com a crescente atenção, os artistas podem ter mais sucesso e passar a ter acesso a equipamentos melhores, interferindo no aspecto caseiro dos sons. Quando isso acontecer, alguém certamente vai bolar um outro nome e começar a ladainha novamente. Enquanto isso, bons músicos fazem boas músicas. Só isso.

Pra escutar dormindo acordado:

Broadcast
Ariel Pink
Atlas Sound
Deerhunter
Sun Araw
Duck Tails
Emeralds
Pocahaunted
Peaking Lights
Forest Swords
Com Truise
Toro Y Moi
jj
Neon Indian
Washed Out
Memory Tapes
Best Coast

sexta-feira

6

agosto 2010

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Field Day Festival 2010

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O Field Day Festival, semana passada em Londres, foi assim (escrevi a resenha pra minha coluna no Globo, saiu hoje, logo mais colo aqui):


Hypnotic Brass Ensemble


Mount Kimbie


Dâm Funk


Atlas Sound


Chilly Gonzales


Egyptian Hip Hop


Memory Tapes


Caribou


Phoenix

terça-feira

20

outubro 2009

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quarta-feira

26

agosto 2009

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Múltipla personalidade e fitas

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“Asleep at a Party” e “Last One Awake”: clipe duplo do lado A


“Surfin'” e “Body In The Water”: outra vez, dois em um, do lado B

Primeiro surgiram as músicas do Memory Cassette, compiladas no EP “Call & Response” (algumas delas antes espalhadas em outros dois EPs). Em seguida surgiu a “resposta feminina” Weird Tapes, com algumas versões e remixes.

No disco de estréia, “Seek Magic”, as vésperas de sair pela Rough Trade, Dayve Hawk (ex-Hail Social) decidiu misturar os dois nomes e chamar seu projeto solo de Memory Tapes.

Estratégia ousada essa de mudar de nome. Com tudo tão espalhado, pode funcionar também pra complicar baixar as músicas, se o objetivo for vender discos.

Numa entrevista com ótima respostas para o Pitchfork (como eu disse, mapear o hype é com eles mesmos) dá pra saber mais sobre o sujeito. Olha esse trecho:

Pitchfork: You also did a really great remix for the Yeah Yeah Yeahs’ “Heads Will Roll”. Was that an official one?

DH: No– it was rejected, actually. And I didn’t get paid. I have a theory that record labels hire a lot of underground people to do remixes and then reject them knowing they’ll probably end up on blogs anyway. They can get the promotion without paying you. I wasn’t too upset about it, though. With a lot of my remixes, I don’t even listen to the original song. I still haven’t heard that Yeah Yeah Yeahs song.

O cara não está de bobeira não.

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