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terça-feira

11

dezembro 2007

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Led Zeppelin, “Stairway to heaven”

Eu tentei. Fui até a porta, perambulei por duas horas num frio de 2 graus atrás de um ingresso, vi Dave Grohl, Noel Galagher, Ben Harper, Brian May, Arctic Monkeys circulando como se estivessem no Metropolitan (e a O2 Arena parece mesmo um shopping), mas não tive sorte. Mas eu tentei.


Portishead, “Glory box”

No sábado, o Portishead fez seu show de retorno (com disco novo programado pra abril de 2008) no festival All Tomorrow Parties. Teve até sample em português, como apontou o Diego Assis.

Enquanto isso, no Brasil, Joca Vidal e Christiano Calvet, apresentam visões bem diferentes do show do The Police, no Maracanã.

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Levando dura
por Joca Vidal

O show do The Police foi motivo para eu me despencar para aquele gigante branco que fica na Zona Norte do Rio, chamado Maracanã. Bobo que sou, me iludi que depois de tanto tempo sem pisar no templo do futebol as coisas iriam estar melhores. E o pior, achei que depois de tantos shows internacionais (tirando o Tim Festival) os produtores brasileiros enfim tinham aprendido a organizar grandes eventos, assim como foi o histórico show do Roger Waters alguns meses atrás na Apoteose.

A chegada ao estádio, como eu já esperava, foi caótica. Um (UM!) guarda de trânsito organizava o mesmo, até que consegui chegar do outro lado. O bate-cabeça era generalizado: ninguem sabia para onde ir, qual era a entrada do gramado, qual a do camarote, cadeiras e etc. Uma falta de informação absurda, sem placas indicastivas, ou seja, se vira! Mas vamos lá, topou ir, agora respira e vai!

Chegando ao portão 18, o único que dava acesso ao gramado (outro absurdo), vi que estava fechado (faltando 1 hora para o show) e uma muvuca gritando e se empurrando para entrar. Só não era pior do que final de Campeonato Brasileiro porque nesse caso a massa é composta de 99,345% de homens. Dessa vez eu tinha companhia feminina e não um bebum no cangote!

Passado o fardo, enfim entrei no estádio. A grandeza do Maraca hipnotiza, o show do Paralamas tava rolando, mas… sei lá, me parece datado. É claro que é impossível comprar uma cerveja ou um refri…. Dois caixas para o povo inteiro do gramado não foi uma coisa muito bem pensada/planejada.

Era mais jogo ir em direção ao banheiro (que estava funcionando, aêê!!) e comprar com ambulantes credenciados na grade por R$ 4 a lata. Tinha gente oferecendo R$ 10. Desisti. Não queria brigar com ninguem e já tinha mesmo pensado na possibilidade de passar o show a seco. E olha que o evento era patrocinado por uma marca de cerveja, que deixou de vender bastante.

Começa o show. Apesar de tudo, o gramado tinha uma visão legal, que dava até pra ver tranquilo, numa boa. Déjà vu: “Every little thing is magic” fez parte da minha infância/adolescência. Fazia parte daquelas coletâneas “Flash Hits” (ou algo parecido), que a Som Livre lançava de tempos em tempos. Eu adorava essa e “Human nature” do Michael Jackson. “Every breath you take”, chatinha que dói, mas lá, in loco (e tava bem “loco” mesmo) funcionou que foi uma beleza…

“Invisible sun”, “Walking on the moon”, “King of pain”… só pedrada. E com os três coroas (e só os três) destruindo tudo. Sting mostrando que melhora com o tempo, tocando muito, cantando perfeitamente bem e com um shape de causar inveja. Coppeland e Summers, apesar de mais baleados, eram muito simpáticos e competentes.

Depois de duas horas, o show acaba. Todos os problemas se dissiparam. Parecia que eu tinha transcendido e acabava de voltar. O que foi aquilo? Nem liguei quando uma atriz começou a cheirar cocaína na minha frente. Problema dela. Á minha volta, pessoas se abraçavam, rindo, assim como eu: consegui comprar três cervejas e a saída se deu sem maiores problemas.

Levei uma dura, mas esses puliça são dubem.

Formol
por Christiano Calvet

Assisti a um show de uma empresa e não uma banda de rock. Tudo muito burocrático, sem vida, previsível como uma palestra motivacional para grandes funcionários e seus grandes cargos e suas grandes vidas cheias de grandes coisas insignificantes.

Taí. O Sting daria um ótimo palestrante numa multinacional (ou no Projac…). Faz direitinho as caras, bocas, poses e trejeitos.

Salvaram-se os discos que tenho. Que discos! Que músicas! Que banda (a dos discos, não a do show)!

Por isso deixo uma esquizofrênica, solitária e mal-humorada palavra de ordem aqui, Bruno: não invoquemos o Led Zeppelin! Deixemos o Pete Townsend com as criancinhas (maldade minha…)! Enterremos os Rolling Stones! Exterminemos os Mutantes, proibiremos o Paul Mcartney de tocar os iê iê iês e não deixemos o My Bloody Valentine distorcer mais guitarra alguma!

Tem certas coisas que estragam com a passagem do tempo. A idéia da volta de uma grande banda de rock fazendo (ou não) algo “grandioso” pela sua vida, pela sua cabeça é uma delas. Principalmente nesse mundo de hoje. Não há museus para bandas de rock. Uma pena.

A banda deu uma clara mensagem a respeito disso, ignorada por milhares de pessoas: é pra ser diferente e por isso, indiferente. Não provoca coisa alguma porque não tem como ser de outro jeito. Pena que ninguém acredita nisso. Mas eu fui porque também queria acreditar. Eu fui como fui em outros shows querendo acreditar. Eu juro que quero acreditar mas quebro a cara. Tolice e teimosia. Vou continuar teimando, eu sei. Genética, sei lá.

Apesar das “palavras de ordem” acima, continuarei teimando. Que venha o Led Zeppelin e todos os filhos da eletrificação. Não quero perder a oportunidade de ir ao Museu também. Fazer o quê se sou colecionador de figurinhas, de selo, de bolinhas de gude? Genética, sei lá.

Não deixam o “rock” morrer. Não deixam o “rock” (entre aspas mesmo) entrar poste adentro com um Porshe conversível, virar mártir se acabar, se perdurar na eternidade da memória. E é por isso que não deixam o “rock” nascer de novo, se reconstruir, se reinventar. Deixam ele numa CTI (ou seria CPI?), a champanhe, dólar e choques elétricos e a (argh!), revivals.

Formol Years, Bruno. Formol Years…