“No Mo’ Bitches” é o primeiro clipe do trio paulistano Alencastro. O single, que encabeça o álbum de estreia do grupo, tem a direção de Fernanda Ligabue e direção de arte de Tarcísio Brandão.
Formado em 2015, o Alencastro é composto por Rodrigo Massot (vocal), Eduardo Albuquerque (guitarra) e Júlio Bozzi (teclados e programações). A banda mistura suas diversas influências, desde Mariah Carey, Frank Zappa e Kraftwerk, para criar o que chamam de “tropical relax”.
“Alencastro”, disco homônimo do grupo, também já está disponível no Spotify.
Os alunos da escola primária de Lemmchen, na Alemanha se vestiram como robôs usando pedaços de papelão e homenagearam uma das bandas mais importantes da história do país, o Kraftwerk. A canção escolhida foi “The Robots (Die Roboter)”, do clássico “The Man-Machine“, de 1978.
Esse deve ter sido o ano em que menos fui a shows em muito, muito tempo. Culpa do cronograma de gravações mais cruel que já enfrentei (sempre noturnas, sempre em dias de bons shows). Ainda assim, teve MUITA coisa boa. Segue a lista, em nenhuma ordem específica.
Existe um elemento comum entre todos os hits recentes do hip pop de T-Pain, Kanye West, Akon, Lil Wayne, Snoop Dogg ou Black Eyed Peas: o auto-tune, ferramenta digital para fazer pequenos ajustes e afinar vocais após gravados, auxiliando cantores a cravar todas as notas desejadas (plastificando o processo, segundo alguns).
Jay Z, “Death of Autotune”
A sonoridade robótica produzida pelo uso “indevido” do auto-tune como um efeito de distorção tomou conta do hip hop. Há tempos não se via um elemento sozinho — seja instrumento, equipamento ou técnica de gravação — se tornar tão central nos estúdios.
T-Pain feat. Jamie Foxx, “Blame It (On The Alcohol)”
Marqueteiro que só ele, mesmo chegando atrasado na farra do auto-tune, Kanye West tentou puxar para si o título de desbravador da ferramenta, tendo gravado o disco “808 & Heartbreak” inteiramente com o efeito e fazendo bastante propaganda disso.
Dentro do hip hop “tradicional” o uso de vozes robóticas não é inédita. Sem ir muito longe, basta ouvir os Beastie Boys em “Intergalactic”. A diferença é que o efeito utilizado, e já bem conhecido, é criado através do vocoder, um sintetizador que filtra a voz e altera as notas quando tocado enquanto se canta.
Como se vê, pode ser a moda da vez, mas está longe de ser novidade.
Afrika Bambaataa, “Planet Rock”
Até pouco mais de duas décadas atrás, “ano 2000” era sinônimo de um tempo ainda distante, avançado tecnologicamente, onde robôs seriam parte integrante do cenário. A temática inspirou cineastas, escritores e, claro, músicos, todos buscando adiantar como seria esse futuro.
Passados tantos anos, esse modelo sobreviveu a vários outros que sumiram no tempo, justamente por ter vingado – as batidas, o uso do vocoder, os graves… estão todos aí.
Ciara feat. Chamillionaire, “Get up”
“Get up”, da Ciara (de 2006, produzida por Jazze Pha), junta várias referências de artistas que tentaram prever o som do presente em que vivemos, o tal anos 2000 — batidas de Bambaataa, teclados gelados do Kraftwerk, falsetes de Michael Jackson, citações jamaicanas a “Ring the alarm” (Tenor Saw). É um bom exemplo de como, ao tentar adiantar o futuro, esses artistas terminaram por determinar como ele seria.
O efeito robótico é até parecido, mas existe bastante diferença entre o uso do vocoder e o auto-tune. O segundo tem um resultado muito mais alucinado e eletrônico. Usado no talo, provoca uma oscilação brusca entre as notas, tão rápida que seria impossível ser executada por um humano.
O baile funk, sempre sedento por novidades tecnológicas ainda não fez uso do auto-tune (ou pelo menos nenhum hit surgiu ainda – no tecnobrega já tá rolando, lembrou JB nos comentários). João Brasil arranhou o assunto em “Cobrinha Fanfarrona”, mas utilizando o vocoder, não o auto-tune. Não vai demorar muito para a ferramentaganhar mais algum uso não previsto.
Black Eyed Peas, “Boom Boom Pow”
Essa proeminência da ferramenta vem alimentando a velha discussão sobre os caminhos do hip hop após ter se transformado no principal estilo musical em termos comerciais nos EUA.
É o triunfo da estética seca e mais lenta do crunk e do hip hop produzido no sul dos EUA, onde a influência do Miami Bass continua gigantesca — e de onde vem boa parte dos produtores e rappers de maior sucesso hoje em dia, de Outkast a Lil Wayne.
O sempre esperto Jay-Z, só pra destoar, declarou a morte do auto-tune na música que acabou de lançar para promover o próximo disco (produzido por, veja só, Kanye). Ele não está sozinho na guerra contra o novo hip hop.
As coisas mudaram — sempre mudam — e certamente a eletrônica foi adicionada aos tradicionais quatro elementos (DJ, rap, b-boy e grafite). Se hoje o que se produz pode ser considerado hip hop ou não é uma discussão tão boba quanto interminável.
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.