E eu que pensava que dificilmente o Kanye faria algo que prestasse novamente, ainda mais nesse nível – sampleando pesado “Dust a Sound Boy”, do Super Beagle. É a “Drop It Like Its Hot” dele (só que a do Snoop é melhor, ainda mais porque o Kanye quase caga a música).
Com os dois longe do dia-a-dia das ruas que fizeram sua fama – Kanye transformado num container tamanho a malice – era de se esperar muita ostentação. Pois bem, uma piscadela na direção do clipe de “Otis” dá mesmo essa impressão.
Se antes o assunto era as agruras das ruas, as letras dessa vez falam das dificuldades de ser negro e bem sucedido nos EUA. Pode parecer balela, mas é mesmo um assunto – talvez o único que eles tenham hoje em dia. A capa dourada (uma edição limitada leva mesmo ouro) não esconde que os tempos são outros.
As batidas dessa primeira colaboração num disco inteiro da dupla são assassinas, produção do próprio Kanye, além de RZA, Swizz Beatz, Q-Tip, Pharrel, Neptunes (algumas faixas com vários deles) e participações da primeira dama Beyoncé e Frank Ocean, o cantor R&B do Odd Future.
Surpreende porque, apesar do histórico de ambos, tinha tudo pra dar errado, ainda mais com um tema central desses. Exatamente por isso, a satisfação é ainda maior.
Snoop Dogg feat. Gorillaz, “Sumthin Like This Night”
O novo disco do Snoop Dogg é a cristalização musical do conceito “balaio de gatos”. Com 21 músicas, 25 produtores e 22 participações especiais (Kanye, Wiz, Guetta, Willie Nelson, Bootsie Collins, T-Pain, Too Short…), “Doggumentary” é quase uma mixtape, das bem preguiçosas.
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Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.