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sexta-feira

23

janeiro 2009

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Hoje tem + Entrevista – João Ferraz

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Humaitá pra Peixe (Sala Baden Powell)
João Ferraz Grupo e Momo
23 de janeiro (sexta-feira)
19h
R$ 24, R$ 12 (meia-entrada)

Violonista e líder de um grupo instrumental, é difícil imaginar que João Ferraz tenha um sócio tão improvável quanto a lenda João Brasil. Após se conhecerem na Berklee College of Music, nos EUA, os dois montaram o Estúdio Lontra, no Rio.

As vésperas do show de lançamento de seu segundo disco, “Mineiro bão”, no Humaitá Pra Peixe, o tímido Sapo (como é chamado pelos amigos) concedeu uma entrevista por e-mail para o URBe.

Como começou sua história com a música?

João Ferraz – Comecei tocando violão com 12 anos tirando músicas de revistinhas. Tinha muita revistinha de música caipira na minha casa porque o meu pai curtia e pedia pra minha mãe, que tocava violão, tocar pra ele. Escutava minha mãe tocando Clube da Esquina e bossa nova também e gostava muito.

Meu avô me punha pra escutar muitos discos de música instrumental, isso antes, mais novo, e isso tudo meio que se misturou dentro de mim. Na adolescência a música se manifestou na forma que estava mais próxima de mim, que foi através do rock. Como a música alternativa me atraía muito, me aproximei do rock mais pesado. Tive bandas de metal e hardcore pesado [Minquis] até por volta dos 18, 19 anos.

Vindo do hardcore, como você começou a se interessar por fazer música de raízes brasileiras?

Antes de me interessar em estudar música necessariamente brasileira, como o choro que tenho estudado hoje em dia, eu quis estudar música e ponto. Durante a gravação do disco da minha banda de rock fui apresentado no estúdio ao César Santos, que morava nos EUA na época e estudava musica por lá. Eu não tinha nenhuma exigência quanto a estudar nos Estados Unidos ou aonde fosse. Eu queria aprender a tocar pra valer, aprender a produzir também. E aí, com a ajuda do César, consegui bolsa parcial na Berklee e me mudei pra lá.

Sempre gostei, sempre ouvi direta ou indiretamente música brasileira. Muito Clube da Esquina, por ser mineiro, muita música caipira por influência do meu pai, samba, bossa! Só o choro é que não tive muito contato, o que é uma pena por que é uma maravilha. Tinha que ser ensinado nas escolas, mas enfim…

A mistura se manifestou de novo na forma do meu primeiro disco, “Sapo”. Foi a forma mais natural que eu consegui falar musicalmente. Tem muita influência do jazz e funk americano também, por eu ter convivido muito com essa música no tempo que fiquei fora. Mas a minha tendência natural é estar cada vez mais próximo de coisas brasileiras.

Seu primeiro disco foi gravado com músicos de Berklee. Como vocêvmontou a banda para o segundo? Como conheceu os integrantes, etc?

Quando cheguei aqui no Rio, com meu primeiro disco debaixo do braço, tinha aquela insegurança de lançar ou não. Quando decidi lançar, a primeira coisa a fazer foi montar um grupo. Tive muita sorte nessa parte porque logo de cara eu já tinha um baixista e um baterista de primeira e dois grandes amigos, o Rike e o Marcelo.

Quando falei do projeto eles logo se animaram e sempre me apoiaram, desde o começo. Como tenho um estúdio, sou engenheiro de som, conheci muita gente, fiz muitos amigos o que facilitou ainda mais. Conheci o Marco Tomaso e o Fael Mondego gravando o projeto autoral dos dois. O Marco é um monstro. Já tocou com muita gente boa, tem uma experiência enorme e ele estar junto é motivo de muito orgulho. O Fael também, apesar de ser mais novo.

O desafio seria achar uma cantora que cantasse música instrumental, que conhecesse a onda mineira e que quisesse vestir a camisa de um trabalho instrumental autoral, sem verba, aquela coisa toda. Não é que a primeira pessoa que eu convidei pra cantar com o grupo, através de indicação de um amigo, era a cantora perfeita para minha música! A Marcela Velon fehou a tampa que faltava pra dar início aos ensaios. Ela também trouxe o Yuri que toca sax soprano que é um parceiro de longa data e um músico maravilhoso também.

A partir dai as coisas começaram a acontecer, muitas críticas positivas, amigos chegando junto pra ajudar, e ai foi rolando. Nesse processo nasceu o segundo filho, o “Mineiro Bão”.

Que tipo de repercussão o disco tem tido?

O disco realmente acabou de sair. Ela tá quente do forno. As críticas que tem saído de quem já conhece o trabalho anterior mencionam uma evolução natural do primeiro e uma abrasileirada natural do som.

Estou agora vendendo o disco pela internet, via CD Baby. Eles, além de venderem pro mundo todo, ainda tem um sistema de distribuição digital para todos os sites de venda de música digital, como iTunes, Napster, Amazon, Rhapsody, etc.

Pra minha surpresa, o disco tem vendido bastante. Assim, uma distribuidora japonesa já comprou alguns exemplares pra vender diretamente no Japão. Blogs no Brasil, Europa e Japão já estão soltando resenhas. Isso tudo expontaneamente. Fico muito feliz .

A internet, nesse sentido, é uma ferramenta maravilhosa! Todo mundo diz que o meu som tem mais saída lá fora. Espero que não, mas pra mim o que rolar tá ótimo. O convite pra participar do Humaitá pra peixe foi muita alegria. Um festival muito legal, grande e de respeito. A galera nos ensaios está muito empolgada! Esperamos fazer um show muito bom.

Já está preparando o terceiro?

Tenho tentado não pensar em terceiro disco por enquanto, o segundo acabou de sair. Quero me dedicar bastante ao “Mineiro Bão” e ao estudo do choro e do samba, me aperfeiçoar mais no violão. Acho que o estudo constante é crucial.