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segunda-feira

30

setembro 2013

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Transcultura #123: King Krule // Debi & Lóide 2

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KingKrule_OGlobo
foto: James Medina/divulgação

Texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

King Krule e o mundo aos 19
Novíssimo astro inglês, ele estreia em disco repleto de relatos amargos e confessionais, atrai a atenção de Beyoncé e ganha comparações com Morrissey
por Bruno Natal

Numa sessão como DJ convidado na rádio britânica Rinse.FM, no ano passado, bem antes de aparecer de fato, o jovem inglês King Krule enfileirou Arto Lindsay, Fela Kuti, John Holt, Chet Baker, Tom Jobim e Slum Village, enquanto citava Gil Scott-Heron, Ian Dury, Bill Evans e Nancy Wilson como referências. O conhecimento musical de um moleque com tão pouca idade (ele tem apenas 19 anos) pode assustar alguns; porém essa é a realidade de quem cresceu num mundo de MP3 gratuitos à disposição e não cercado de lojas de discos que exigiam um bolso cheio.

De fato, muitas dessas citações se fazem presentes na estreia de King Krule, “6 feet beneath the moon”, lançado em 24 de agosto, aniversário de Archy Marshall, nome verdadeiro do artista. Coproduzido por Archy e Rodaidh McDonald (produtor do primeiro disco do The xx e responsável pela mixagem do segundo, além de ter trabalhado com Bobby Womack, Vampire Weekend e Savages), “6 feet beneath the moon” tornou King Krule um dos destaques de 2013.

Beyoncé, por exemplo, postou o link de “Easy easy”, que puxa o disco, para seus 50 milhões de seguidores no Facebook (gerando meros 858 likes e 30 compartilhamentos); Frank Ocean disse em uma entrevista para a BBC que adoraria fazer uma parceria com ele, e a sensação adolescente do rap, Mac Miller, veste uma camiseta com o nome de King Krule no clipe da sua “Watching movies with the sound off”. Isso sem falar na sua participação em duas músicas do mais recente disco do cultuado Mount Kimbie. Nem bem surgiu e King Krule já virou pop.

Como é típico de sua geração, Marshall já teve diversos projetos, todos eles arquivados para todo o sempre na rede. Nesse constante processo de “vida em beta” que um artista experimenta hoje em dia, sendo visto enquanto sua obra ainda está em formação e tateando as próprias intenções, o rapaz já se dedicou aos sons eletrônicos, como DJ JD Sports (djjdsports.bandcamp.com), e ao hip-hop, como Edgar The Beatmaker (edgarthebeatmaker.bandcamp.com).

Foi como Zoo Kid que ele chamou atenção de fato com “Out getting ribs”. No entanto, nada perto do que está vendo acontecer desde que, inspirado no personagem K. Rool, do jogo “Donkey kong country”, adotou o nome King Krule. Entre relatos amargos e confessionais, é a voz cavernosa do ruivo magrelo, um trovador barítono, dono de um timbre que lembra o saudoso Joe Strummer (The Clash), que surpreende. Se você só ouvir o som depois de ler isso aqui, bom, lá se foi a surpresa.

Como sempre ocorre nos casos de compositores ingleses com letras pessoais, há as inevitáveis comparações com Morrissey. Refletindo uma adolescência conturbada, em que a recusa de frequentar a escola despertou suspeitas de distúrbios mentais, as angústias são descritas em músicas com temática de suicídio, como “Cementality”.

As coisas melhoraram depois que Marshall passou a frequentar a BRIT School, escola pública independente focada nas artes performáticas e na tecnologia, financiada pelo governo britânico com o apoio de um fundo de gravadoras. Por lá também passaram nomes como Adele, Amy Winehouse, Kate Nash, Jessie J, The Kooks, Katy B e Jamie Woon.

Entre as tags utilizadas por Marshall para descrever o próprio som em seus perfis no Bandcamp estão darkwave, dub (alguns dos contratempos ouvidos no disco bem poderiam ter sido sampleados de alguma bolacha setentista de reggae), psychobilly e rock and roll. Falta citar o folk. No King Krule, além do vozeirão, é a guitarra que centraliza as ações. Piano, baixo, sintetizadores, delay de fita, metais, efeitos e programações se fazem presentes como complementos.

É um bom disco, embora um pouco longo. Vai saber, de repente o King Krule nem está pronto ainda e vem algo melhor por aí. Afinal, ele pode ainda nem ter se encontrado. A graça da viagem é o percurso. E isso ele já parece saber.

Tchequirau

 

No mesmo ano que Jeff Daniels recebeu o Emmy por sua atuação como o jornalista Will McAvoy, do seriado Newsroom, seu trabalho mais aguardado é sua volta ao limitado Harry Dunn, seu personagem em “Debi & Lóide 2” (que Daniels prometeu estar mais engraçado que o primeiro). As filmagens já começaram e o Jim Carrey publicou uma foto com Jeff no Twitter.