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quinta-feira

28

maio 2009

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Passo a passo

Written by , Posted in Música, Resenhas

Em sua primeira vez tocando por conta própria e como atração principal no Rio, apresentando seu excelente disco “Toda Vez Que Eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar”, Siba fez um lindo show com a sua Fuloresta no reformado Teatro Rival.

A casa estava cheia, embora o público não obedecesse o perfil jovem típico das noitadas nordestinas comanadas por Cabruêra, Cordel do Fogo Encantado ou DJ Dolores por ali.

Não importa quanto tempo passe ou quantas vezes ele explique que seu trabalho não é de renovação ou resgate, o trabalho de Siba parece fadado a estar sempre visto como algo que faz exatamente isso com os sons da Mata Norte pernambucana. Como se não fizesse parte ele próprio de uma evolução natural dos sons da região.

Separada em duas partes, concerto e festa, a apresentação foi uma aula de frevo e maracatu. Ao vivo, os arranjos de metal e percussão ficam transparentes, quando os músicos enfileirados lado a lado praticamente desenham os sons no ar.

O cenário foi feito pelos Gêmeos, artistas que surgiram na rua e agora expõe em algumas das principais galerias e museus do mundo. Foram eles que fizeram a capa do disco, os recorrentes temas nordestinos da dupla feitos sob encomenda para Siba.

Alguns integrantes da Fuloresta ainda trabalham cortando cana em Pernambuco. É Siba quem tem que negociar a iberaração dos músicos quando tem show. Por isso, e por Siba estar montando um projeto em outro formato, essa foi uma das últimas apresentações dos mais velhos, como Biu Roque, de 75 anos.

Nesses tempos em que tudo tem que ser reembalado ou atualizado para ser novamente relevante, em entrevista para o Leo Lichote Siba disse: “A própria busca da subversão ou da ruptura no que a gente desenvolve pressupõe uma inércia criativa que não corresponde à realidade”.

É verdade. O trabalho de Siba só surpreende dessa maneira aqueles que pouco conhecem o resto da história musical da região. Pasmos com a “modernidade”, a “contemporaneidade” do que lá se produz. É um tapa na cara, um belo “acorda aê”.

O Bernardo também esteve lá e fala das participações do Jam da Silva, do break dance do Galego do Trombone e outras coisas mais.