erik gustavo Archive

sexta-feira

3

agosto 2012

3

COMMENTS

Marcelinho lendo “Cinquenta Tons de Cinza”

Written by , Posted in Destaque, Imagem

Nem só de contos eróticos vive o Marcelinho. Tornando-se um ícone cultural, até livro ele anda lendo, ainda que seja a convite de um porta e um de conteúdo considerado levemente erótico, o fenômeno de vendas feminino “Cinquenta Tons de Cinza”.

O boneco está sendo bem gerido. Em apenas seis meses de existência, Erik Gustavo, criador do personagem, já enfileirou uma série de ações de marketing para camisinhas, festas, página de Facebook, evento de anime, além de estar vendendo fantoches, camisetas e se apresentando como DJ – sem falar na arte dos fãs. O próximo passo é a TV, anota aê.

segunda-feira

4

junho 2012

0

COMMENTS

Transcultura #82: Marcelinho Lendo Contos Eróticos // Baxter Dury

Written by , Posted in Imprensa

A íntegra do meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Fantoche vira celebridade lendo aventuras sexuais na rede
Com mais de 1 milhão de visualizações no YouTube, “Marcelinho lendo contos eróticos” tem 11 episódios
por Bruno Natal

Toda vez que o Erik Gustavo sai de perto do computador, o garoto Marcelinho entra na internet, e aí ele visita páginas eróticas, e aí ele lê contos porcamente escritos, e aí ele cria mitos online, como o famoso cantor Beto, e aí ele narra experiência bizarras maravilhosas, e aí ele ajeita o cabelinho, e aí ele, e aí ele fica se divertindo com os erros de português, e aí grita com CAPS LOCKS, e aí os vídeos dele lendo esses contos começaram a fazer muito sucesso, e aí alguns já passaram de 1 milhão de vizualizações no YouTube, e aí ele tem mais de 62 mil fãs no Facebook, e aí ele recebe a artes dos fãs, e aí ela agora é uma celebridade da rede e aí ele tem sido inclusive procurado por marcas de camisinha para fazer propaganda.

Ufa. Se você sobreviveu a esse primeiro parágrafo sem pensar “que texto horroroso é esse?”, provavelmente está familiarizado com Marcelinho Lendo Contos Eróticos (youtube.com/altacupulavideos, não recomendado para menores de idade ou para quem se ofende com palavrões), uma das web-séries de maior sucesso recente, onde um fantoche lê relatos de aventuras sexuais de comédia involuntária, onde o baixo nível do conteúdo sexual não consegue ser tão ofensivo quanto o português sofrido dos autores.

– Sempre gostei de fantoches e imaginei como seria legal se tivesse um fantoche de um garoto que lesse e comentasse contos eróticos no computador. Pensei “quero fazer isso” e fui falar com o Nigel Goodman pra ele costurar esse boneco pra mim. Depois de um tempo (coincidentemente, uns nove meses) o fantoche ficou pronto e concordamos que Marcelinho era um nome simpático – explica Erik Gustavo, criador e dublador do personagem.

Os episódios semanais (onze até aqui), sempre no mesmo formato, com Marcelinho comentando os contos, não cansou, ao contrário do que poderia se imaginar. A maior fonte de curiosidade para os fãs é saber onde os produtores encontram esses contos.

– Procurava em diversos sites, sempre lendo só o primeiro parágrafo, pra saber se era promissor, sem perder o fator surpresa na hora de ler e comentar durante a gravação. A partir do terceiro episódio comecei a receber por email e Facebook muitas sugestões de contos, além de outros exclusivamente pro Marcelinho ler – revela Erik.

Aos poucos o formato os programas vai se estabelecendo. Os mais recentes, por exemplo, tem sido encerrados com a estrela mostrando a artes inspiradas na série enviadas por fãs, aumentando a interação. São, em média, 100 emails com colaborações por semana.

– A “artes dos fãs” é uma parada que curto muito, um pouco porque é legal ver uma criação sua sendo reproduzida de diferentes formas por gente que realmente curtiu ela a ponto de parar o que estava fazendo pra criar algo. Mas muito do porque sempre desenhava e enviava minhas “artes” pra revistas e programas de TV que curtia quando era crianças. Não lembro de ter alguma dessas publicada, na real, mas deve ser legal – fala Erik.

Sexo e internet costumam ser uma combinação sem erro, receita pronta para viralização. Mesmo assim, Erik se diz surpreso com o sucesso.

– Não é exatamente uma fórmula consagrada de sucesso. Por mais que goste de fantoches, sei que a maioria das pessoas da minha idade, e até crianças de hoje em dia, não curtem tanto assim. Deu certo porque a soma dos fatores deu um resultado inusitado, tirando o fato do Marcelinho ser carismático. Uma pessoa lendo contos eróticos na frente de uma câmera não chamaria tanta atenção. A não ser que essa pessoa seja uma criança de 12 anos, idade do Marcelinho, mas isso com certeza traria problemas para os pais dela.

Até aqui, o YouTube não impediu a veiculação dos vídeos, apenas dois episódios tiveram acesso restrito a usuários cadastrados e maiores de 18 anos, alguns outros foram retirados do processo de monetização do site e apesar do alto número de visitas, não estão rendendo dinheiro aso criadores. Como sempre, tem gente pra gostar e pra reclamar, porém a repercussão foi bem acima do esperado – mas não exatamente do que se esperava, conta Erik.

– Uma pessoa reclamou da zoofilia que acontece em um conto, “O Gorila”, onde uma mulher acha um gorila na varanda e veste as patas dele com meias, para que ele não a arranhe no ato sexual – parece verídico. Por outro lado, ninguém reclamou dos contos com incesto, não sei exatamente o que isso significa. O Marcelinho ganhou pela simpatia.

A questão agora é saber o que mais vai pintar no computador para o Marcelinho ler, afinal, criança nenhuma deveria ler apenas essas besteiras. Para sobreviver, esse moleque terá que se mostrar dinâmico e capaz de divertir com outros conteúdos.

– A sessão “artes dos fãs” em si é uma prova de que o Marcelinho não precisa estar lendo contos eróticos pra ser engraçado. Com o tempo ele vai fazendo outras coisas, com outros fantoches, sem deixar de ler os contos, ao menos enquanto o público quiser. Essa semana eu fui no Centro do Rio e comprei mais tecidos, espumas, olhos, cabelos e mandei tudo pelo correio pro Nigel, que está morando em São Paulo. Ele vai costurar uns fantoches novos, algumas ideias que tive. O Nigel é o próximo Jim Henson, mas ele ainda não sabe – conclui Erik.

Tchequirau

Bom disco lançado ano passado passado pela Rough Trade, “Happy Soup”, do Baxter Dury (sim, filho do Ian Dury), passou batido. Ouça “Claire” e diga lá se essas músicas não mereciam mais atenção.