cumbia villera Archive

quarta-feira

17

fevereiro 2010

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Cumbia mix

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A cumbia digital argentina se envereda pelos remixes de hits do pop dos EUA, um dos atalhos mais fácil para qualquer estilo se tornar conhecido:


Lil Wayne, “Lollipop” (cumbia mix)


Beyoncé, “Single Ladies” (cumbia mix)


Britney Spears, “Oops” (cumbia mix)


Lil Wayne, “El Milli” (Toy Selectah cumbia mix)

sexta-feira

8

maio 2009

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O Globo, Maio/2009

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Nesse domingo tem cumbia digital no Rio, na festa Dancing Cheetah, a cargo do argentino El Remolon.

A matéria abaixo sobre cumbia digital foi escrita para o Rio Fanzine (O Globo).

Pra fechar a tampa, a assessoria de imprensa do sujeito mandou uns links de MP3 pra botar na roda:

Matias Aguayo – “Minimal” (El Remolón Remix)

El Remolón – “Veridis Quo” (Daft Punk reprise) vs De La Soul

Animal Collective – “My Girls” (El Remolón Cumbia Mix)

Alcides – “Violeta” (El Remolón Remix)

Vou perder porque estou em Londres, para festa de lançamento do DVD do “Dub Echoes”. Mas como queria conferir isso de perto…

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¡Tiempo de cumbia digital!

Existe uma barreira invisível separando o Brasil de nuestros hermanos quando o assunto é música. Embora a língua atrapalhe a comunicação, o maior obstáculo é o estigma de cafonice associado a letras cantadas em espanhol. Grande engano.

Embora o sucesso de Manu Chao (ou mesmo os fãs que Café Tacuba e Ozomatli colecionam no Brasil), ainda tem muita coisa pra passar por essa ponte. Felizmente, como tudo atualmente, as coisas começam a se misturar.

Não por acaso, essa ligação tem se reforçado através dos ritmos eletrônicos produzidos nas periferias. O produtor argentino El Remolon – que toca no domingo na festa Dancing Cheetah no 69 – por exemplo, juntou duas das mais conhecidas batidas terceiro mundistas quando convidou a ex-vocalista dos funkeiros Bonde do Rolê, Marina, para cantar sobre uma base de cumbia digital na sua “Vem que tem”.

Cubia o quê? Explica aí, Remolon.

– A cumbia digital é uma mistura de sons e culturas, não tem uma característica única, com influências de minimal, hip hop, IDM, dancehall, dubstep, electro, dub e, claro, a cumbia tradicional. A palavra cumbia era praticamente proibida na cena eletrônica. Começou a mudar lentamente, há uns cinco anos, com produtores como Fauna e Marcelo Fabian tocando em eventos alternativos.

O preconceito com esse ritmo tradicional (nascido na Colômbia e hoje presente em diversos países latinos, cada um com sua leitura própria) era tanto que até El Remolon já olhou torto pro gênero popular.

– Se escuta cumbia em toda parte da cidade, de maneira que sempre se é ao menos um “ouvinte passivo”. Quando me pediam pra tocar cumbia comercial, me recusava. Mas percebia que havia algo de interessante, hipnótico ali e passei a incorporar samples em minhas produções de electro, minimal e IDM pra ver no que dava.

Deu no som que está se espalhando pelo mundo. Foi nas favelas de Buenos Aires que surgiu a cumbia villera, versão eletrônica do gênero, capitaneada pelo Damas Grátis e Pibes Chorros. O catalisador dessa cena foi a festa do selo Zizek na capital argentina, fundado pelos argentinos Villa Diamante e Nim e pelo americano El G, o ZZK foi se expandindo até encontrar ecos no exterior, tendo se apresentado no badalado festival californiano Coachella desse ano.

O alemão radicado no chile Señor Coconut, sempre ligado, também embarcou, os holandeses Sonido del Príncipe e Dick el Demasiado também, assim como Toy Selectah, membro do grupo de hip hop Control Machete, responsável pelo primeiro hit a fazer barulho fora da cena, “Cumbia sobre el rio”, incluída na trilha do filme “Babel”.

Um dos DJs da Dancing Cheetah, junto com João Brasil e Pedro Seiler, Chicodub é um apaixonado pelas batidas latinas e um dos pioneiros no som por aqui. Ele define a cumbia digital como “super tropical, meio reggae, meio forró, meio lambada, meio tecnobrega, com sintetizadores irados e um grave poderoso”. Para ele, o incipiente fenômeno musical pode se tornar ainda maior que o baile funk que dominou a Europa.

– O momento é favorável para os gêneros latinos em geral e de outros lugares ditos periféricos. O mundo está mais aberto nesse sentido. A cumbia já é ouvida em toda a América Latina e evidentemente os latinos estão em todos os cantos do mundo, se você renova o gênero com um namoro super esperto com a eletrônica, as chances de emplacar ficam ainda maiores.

Enquanto a explosão não vem, El Remolon vem quente pra tocar no Rio.

– Toco com um laptop e um teclado, fazendo versões ao vivo do meu disco “Pibe Cosmo” e alguns remixes e mashups. A idéia é botar o pessoal pra bailar introduzindo o groove da cumbia. As relações musicais entre Argentina e Brasil sempre foram distantes demais para o meu gosto. O que estamos fazendo com a cumbia e os brasileiros com o baile funk abre uma porta de diálogo. Espero que as relações se estreitem.

Ojala. Quer dizer, tomara.

quarta-feira

25

março 2009

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Cumbia digital

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Um dos produtores da Dancing Cheetah, o DJ Chicodub escreveu um texto dando uma geral na cena da cumbia digital, que vem varrendo a América Latina, para o blogue da festa.

Sem dó nem piedade, tunguei o texto inteirinho, com todos os vídeos, links, MP3s e imagens. Fala aê, Chicodub:

colombia

A cumbia nasceu na região caribenha do que hoje é a Colômbia, principalmente nas províncias de Cartagena e Barranquila, durante o período de colonização espanhola. Tentando preservar suas tradições culturais, escravos trazidos da África pelos espanhóis começaram a usar sua danças típicas e forte percussão com intuitos de flerte.

Nessa época, a cumbia (que tem seu nome derivado do termo cambé, que significa festa) era mais conhecida como dança, já que a música era apenas percussiva – tambores e clavas, Numa segunda fase, influenciados pela música dos nativos habitantes de regiões montanhosas e seus instrumentos de sopro, criou-se no início do século 19 uma mistura tal que fez surgir a figura do gaitero, o intérprete.

Posteriormente, surge o violão e o acordeón dos espanhóis, acrescentando mais um elemento numa mistura sonora que conquistou, no século 20, Panamá, Mexico, Argentina, Chile, El Salvador, Honduras, Equador, Perú, Bolívia, entre outros, cada qual com a sua versão particular do gênero.

chicha libre

No Perú, por exemplo, surgiu nos anos 60 uma variação da cumbia chamada chicha. Basicamente, uma mistura de cumbia e rock, principalmente o surf rock de Dick Dale, só que com uma pegada andina nas melodias. Seleciono aqui três clássicas cumbias colombianas dos anos 60, sonoridade tida como supra-sumo pelos críticos especializados.

Destaque também para duas chichas coletadas na obra prima “The roots of chicha: psychedelic cumbias from Peru”. Por conta dessa coletânea, vejam vocês, até mesmo os norte-americanos tem explorado a sua peculiar sonoridade. Entrem no myspace do Chicha Libre e confiram.

Armando Hernandez – “La Zenaida”

Luiz Pérez – “La morena encarnacion”

Alfredo Gutierrez – “El diario de un borracho”

Los Mirlos – “El milagro verde”

Los Mirlos – “Sonido Amazonico”

Até o século 20, a cumbia era conhecida como uma dança vulgar praticada pelas camadas economicamente mais baixas da sociedade. Isso permaneceu pelo menos até o meio do século passado, quando o termo “cumbia” passou a ser mais assossiado a música. Ainda assim, o preconceito aristocrata permanece até hoje, mesmo com a explosão popular que tomou conta do gênero na segunda fase do século 20.

Durante muito tempo, seus temas não saiam muito de histórias de amor, romances impossíveis tipo novela mexicana, experiências do cotidiano, enfim, música pop. Eis que surge na Argentina uma nova sonoridade a partir dos anos 2000 através da cumbia villera, ou a cumbia das favelas.

Cansados dos mesmos temas e sentindo falta de músicas que retratassem de fato a (dura) vida nos guetos, a cumbia villera surge, talvez incluenciada pela grave crise que assolou aquele país, e inaugura uma espécie de fase gangsta rap na cumbia. E tome música falando de armas, crime, tráfico de drogas e sexo.

é um show de rock? de hardcore?? de speed-trash-metal??? não! é um show do damas gratis!!!
É um show de rock? Hardcore?? Speed-trash-metal??? Não! É o Damas Gratis!

Pablo Lescano, do Damas Gratis, é, talvez, o grande herói da cumbia villera, o cara que moldou esse tipo de som.

Damas Gratis – “Re loco re mamado”


Damas Gratis, “Alza la manos”

Quem duela pau a pau com o Damas Gratis em termos de popularidade na Argentina é o Pibes Chorros. Reparem como cai por completo o estereótipo que temos dos argentinos – Cadê as louras com carinha de européia? E os mullets?

Pibes Chorros – “Que calor”


Pibes Chorros, “Pamela”

Abaixo, um vídeo com Pibes Chorros e Damas Gratis duelando num programa de auditório argentino!


Pibes X Damas

E duas das maiores paixões portenhas: cumbia e futebol num vídeo do Yerba Brava:


Yerba Brava, “La cumbia de los trapos”

sonidero nacional

Só que foi do México, mais precisamente de Monterrey, estado com uma cena fortíssima de artistas de cumbia, que surgiu o hit que levou a cumbia ao crossover internacional, muito por causa do filme Babel.

Com produção de Toy Selectah, membro de um dos grupos mais famosos de hip-hop da história mexicana, o Control Machete, “Cumbia sobre el rio”, de Celso Piña, é uma bomba poderosa.

Celso Piña – “Cumbia sobre el rio”


Celso Piña, “El tren”

(em ambas as músicas acima os vocais estão a cargo do venezuelano Blanquito Man, da seminal banda King Changó)

tormenta tropical

Toy Selectah, também membro do Sonidero Nacional e hoje parte do elenco da Mad Decent, do Diplo, tem presença ativa num dos discos mais sensacionais dos anos 2000 em todos os estilos, o “Mexican Sessions”, dos ingleses do Up Bustle & Out. Disco que dá um panorama muito bom da cena de Monterrey, recheada de flertes com o reggae, o hip-hop e o reggaeton.

“Mundo Insolito” (Toy Selectah/ Control Machete Remix)


Up, Bustle & Out, “Cumbion Mountain”

zzk

É também da Argentina, através do coletivo Zizek, ou ZZK, que vem uma espécie de cumbia digital que não tem medo algum de absorver outros estilos, flertando com tudo quanto é guetto music, funk carioca inclusive. Festa, selo, e agência (os três beem hypados) com vários artistas portenhos liderados por Villa Diamante, o ZZK produz os sons mais interessantes da cumbia hoje em dia.

Por conta do cruzamento colossal com outros estilos – os Zizeks também são muito bons nos mashups – a cumbia está tomando conta dos Estados Unidos na forma do label Bersa Discos e da sua festa regular em São Francisco, a Tormenta Tropical.

Mês que vem, o ZZK estará representando a cumbia no mais importante festival de música hoje, o americano Coachella. Se hoje já tem até holandês fazendo cumbia, o sensacional Sonido Del Principe, depois do Coachella el cielo es el límite.

Termino este breve panorama cumbiambero com quatro pepitas do Zizek crew (uma delas com uma certa cantora que vocês devem conhecer) e um petardo subsônico do Sonido Del Principe via Bersa Discos. Cuuuuuuuuumbia!!!

frikstailers

Frikstailers – Ta duro kuduro”

El Trip Selector – “Cumbia del piano triste”

El Remolon feat. Marina – “Vem que tem”

Sonido del Principe – “El principe”