Será uma grande mudança nas cidades a ausência do som dos motores de explosão. E também uma tarefa e tanto descobrir como substituir a presença desse barulho por outra coisa, pois goste ou não, o ronco dos automóveis é também uma referência para quem se locomove na cidade.
O imigrante caribenho está falando de Londres, mas poderia muito bem ser algum brasileiro falando de algum grande centro do país. As vezes, prever o futuro é simplesmente ouvir o que está acontecendo em outros lugares.
Aqui no Rio pouco se vê governos investindo em tornar novas áreas atrativas, com estrutura. Fala-se da “revitalização do porto”, porém foca-se apenas em abrir empresas, comércio.
Não se escuta falar em construir um novo bairro, como foi feito recentemente na zona portuária de Amsterdã, atraindo jovens, recém-casados, gente formando famílias, iniciando a vida.
Daria para criar um novo bairro no porto, jovem, com moradias e escritórios acessíveis, bares, casas de show e toda estrutura que faz a zona sul tão atraente. Tornar uma região tão completa que ela rivalize com as mais conhecidas.
Teria muita gente se mudando para um lugar assim, simplesmente porque faria mais sentido morar ali do que pagar preços exorbitantes para morar em outro lugar.
A experiência no Rio nesse sentido é péssima, com conjuntos habitacionais em lugares ermos, abandonados. Muita gente tem falado da especulação imobiliária nas favelas, numa zona sul sem um palmo livre para novos empreendimentos. Não há preocupação em criar zonas residenciais e sim em afastar a “pobreza indesejada”.
O mais próximo de um novo bairro é a Barra, só que não tem um planejamento no sentido de atrair pessoas por algum motivo, é simplesmente expansão da cidade, replicando os problemas. E esqueceram das esquinas.
Em Amsterdã, como em Londres, os novos prédios obrigatoriamente possuem unidades de residências sociais, administradas pelo governo. No prédio dessas fotos, carinhosamente chamado de Baleia, o primeiro andar é social, a cobertura, casa de milionários.
Não há alternativa a integração que não seja a integração de fato. A zona sul não vai aumentar e não cabe todo mundo. Mais do que expandir, a cidade precisa reinventar seus espaços.
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/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.