chico dub Archive

segunda-feira

30

novembro 2015

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Invasão Novas Frequências: entrevista com Dawn of Midi

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dawnofmidi_novasfrequencias2016

Segundo post da série Invasão Novas Frequências, organizados pelo idealizador do festival Novas Frequências, Chico Dub.

Com seu jeito esquisito de tocar, o Dawn of Midi consegue fazer música acústica – baixo acústico, piano e bateria – soar como música eletrônica. Tentei trazê-los no ano passado, não rolou, só que agora, ainda bem, deu certo. Os três membros do grupo, baseado no Brooklyn, tem origem paquistanesa, marroquina e indiana. Fazem música minimalista muito mais via influências africanas do que via escola norte-americana (Steve Reich, Philip Glass, Terry Riley e co.) Ouçam o álbum “Dysnomia”. É absurdo de bom.

Chico Dub – Quais são suas maiores influências musicais? Jazz ou música instrumental no geral? Minimalismo eletrônico,  talvez?

Dawn of Midi – A maior influência em “Dysnomia” é a música popular do oeste e norte da África. Muito do que se conhece como “minimalista” no ocidente tem suas raízes nas idéias rítmicas africanas. A conexão com a música eletrônica provavelmente tem mais a ver com o tipo de som que produzimos do que com o conteúdo.

 

Chico Dub – Você acha que a sua música tem apelo para o ouvinte de jazz tradicional ou é uma cultura que continua fechada em si mesma?

Dawn of Midi – Tenho certeza que há ouvintes de jazz que apreciam o que fazemos, mas de maneira geral a comunidade jazzística não tem sido a mais empolgada com o nosso disco.

 

Chico Dub – Como suas heranças culturais e naturais indianas, marroquinas e paquistanesas surgem na sua música?

Dawn of Midi – Como dito anteriormente, esse disco é inteiramente inspirado pela música africana, e portanto há referências rítmicas do Marrocos além das do oeste da África, graças ao nosso pianista marroquino.

Chico Dub – Qual a parte mais difícil de se tentar emular loops mecânicos de computador?

Dawn of Midi – Não acho que jamais tenhamos pensado que o que fazemos seja emular loops de computador, muito embora o nome da banda (por coincidência) e estilo de música possam dar essa impressão. Estamos essencialmente tocando um tipo de música percussiva, e muitas das culturas percurssivas são baseadas em loops, alguns utilizando sistemas muito elaborados de loops e esses particularmente uma grande influência para nós.

Chico Dub – Para onde vocês podem ir em termos sonoros após “Dysnomia”? Há algo planejado para 2016?

Dawn of Midi – Será uma surpresa!

sexta-feira

27

novembro 2015

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Invasão Novas Frequências: entrevista com Chico Dub

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Semana que vem, dia 1º de dezembro, começa a quinta edição do Novas Frequências, festival de música avançada realizado anualmente no Rio. Em parceria com o idealizador e curador do festival, Chico Dub, vai rolar uma sequência de posts nos próximos dias, com entrevistas com algumas das atrações, feitas pelo próprio Chico e Romulo Moraes. É a Invasão Novas Frequências no URBe.

Para abrir os trabalhos, Chico, grande influência, meu parceiro de “Dub Echoes” e tantas outras aventuras musicais, falar do que aprendeu nesses anos a frente do festival.

URBe – Qual é a maior dificuldade em se investir esforço pela música experimental no Brasil?

Chico Dub – É tudo um grande ciclo, sabe? O jornalista não quer escrever sobre algo que ele acha que o público não quer ler. O poder público e a iniciativa privada pensam primeiramente em números. “Quantas pessoas iremos atingir”, eles perguntam. Então, a grosso modo os investimentos, são feitos para aquilo que é mais popular; para aquilo que vai alcançar mais público. Quantidade > Qualidade. Quantidade > Inovação. Eu defendo a ideia de que todo o guarda chuva da arte experimental deveria ter algum tipo de cota nos editais de patrocínio. Sem poder ouvir nada diferente (o que são as rádios brasileiras?!), sem poder ler nada a respeito, como vamos conseguir fazer o experimental e o inovador sair do nicho?

URBe E qual é a maior recompensa, qual o objetivo a ser alcançado a longo prazo?

Chico Dub – O objetivo é criar uma alternativa viável para músicos, produtores, promotores, jornalistas… Fazer com que se crie um circuito nacional, uma rede que trabalhe com os mesmos objetivos. Mesmo que pequeno, precisamos ter mais revistas, mais programas de rádio, mais patrocínio nos editais, mais festivais, mais selos, mais apoio para viagens internacionais, mais espaço e mais infra-estrutura de uma maneira geral.

URBe Em que direção, artisticamente falando, o festival tende a se flexionar nas próximas edições?

Chico Dub – A ideia é adotarmos sempre um tema central daqui para a frente, um conceito chave que irá nortear toda a programação e a curadoria. Não sei se consigo dizer mais alguma coisa, mas em ano de Olimpíadas, talvez seja interessante fazer um movimento contrário e olhar mais para dentro, para as nossas raízes.

URBe Que artistas você sempre quis trazer, mas nunca conseguiu? Tem algum sonho de consumo?

Chico Dub – Earth, Moritz Von Oswald Trio, The Caretaker, Arca, Holly Herndon…

URBe Quais são seus cinco destaques da música avançada em 2015, aqueles que você acompanhará com atenção nos próximos anos?

Chico Dub – Rabit, M.E.S.H., Marginal Men, J.G. Biberkopf, Hiele.

segunda-feira

14

abril 2014

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quinta-feira

3

abril 2014

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Mixtape: "Hy Brazil Vol 4: Fresh Electronic Music From Brazil 2014"

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Hy Brazil Vol 4

A série de coletâneas com da atual música eletrônica brasileira Hy Brazil, organizada pelo Chico Dub, chega ao seu quarto volume. Cada edição tem sido lançada por alguma publicação estrangeira, essa saiu pela Spin. Na página da coletânea Chico apresentou cada um dos artistas, que incluem Manara, Som Peba, Rio Shock e Bruno Belluomini. “Itajam”, do Carrot Green, é boa demais.

Conheça os outros volumes da Hy Brazil no blog do vizinho Chico (o primeiro já tinha saído por aqui)

quarta-feira

4

dezembro 2013

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Transcultura #129: Novas Frequências // Tv/Av

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Novas-Frequências-3ª-edição_eflyer-completo

Versão integral e sem edição do texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Shows, festa e palestras promovem o ‘barulhinho bom’ do Festival Novas Frequências
Evento chega à terceira edição neste sábado, com nomes fundamentais da música (ou da não música) do Brasil e do exterior
por Bruno Natal

Em sua terceira edição, de sábado até 8 de dezembro, o microfestival de sons experimentais Novas Frequências cresceu. Isso não significa um aumento de público; o Novas Frequências continua focado na experiência intimista sugerida pela própria escalação, em shows para pouco mais de cem pessoas. O que aumentou foi o número de eventos ligados ao festival. Além dos sete shows distribuídos por cinco noites no Oi Futuro Ipanema, haverá quatro palestras no Polo de Pensamento Contemporâneo e uma festa no La Paz, com um total de 14 artistas.

— Para ser completa, a experiência de um festival precisa desdobrar-se em atividades que percorrem as diversas áreas da expressão artística. Saímos do nosso formato original para ampliar interesses e atracões numa experiência expansiva, com discussões teóricas sobre questões ligadas à música, ao som e ao comportamento contemporâneo e uma noite de eletrônica experimental voltada para a pista de dança. A ideia é crescer aos poucos, ampliando o número de artistas, casas, cidades e fazer pontes com festivais internacionais — explica o idealizador e curador do Novas Frequências, Chico Dub.

Instalações sensoriais

A maior parte das atrações do Novas Frequências é instrumental — e mesmo quando cantam, esses artistas utilizam a voz mais como um instrumento do que como um elemento lírico ou retórico. Se na primeira edição os sons de Sun Araw e Murcof a tornaram mais transcendental e reflexiva, e na segunda as vozes femininas de Julianna Barwick, Prince Rama e Maria Minerva se fizeram ouvir, a escalação deste ano é a mais sonora e menos musical do festival até aqui. O foco está em paisagens sonoras, gravações de campo, found sound, noise, drone e trilhas, uma experiência mais próxima de instalações sensoriais do que de apresentações convencionais de música.

— Desde a primeira edição tento trazer o canadense Tim Hecker pro Novas Frequências, então essa apresentação tem um sabor especial pra mim. Sou apaixonado pelas paisagens sonoras do cara, é de uma beleza elegíaca sem igual. Estou bastante curioso para ouvir o Heatsick, que toca no La Paz, um britânico radicado em Berlim que já fez drone, noise e hoje toca house em um teclado Casiotone surrado. O encontro do David Toop com o Chelpa Ferro é imperdível, totalmente imprevisível. Também destacaria Stephen O’Malley, responsável por popularizar uma nova forma de se tocar heavy metal, deslocando o peso da guitarra para o clima e para a ambiência, e as desconstruções do r&b feitas por James Ferraro, artista dos mais excêntricos e prolíficos do EUA — detalha Chico.

Essa é também a edição com maior participação de brasileiros. Além do Chelpa Ferro, tocam Gimu, Fudisterik, São Paulo Underground, Babe, Terror e Paulo Dandrea. A herança musical brasileira não é uma preocupação do Novas Frequências.

— O foco internacional se dá porque que já existem bons festivais feitos no Brasil que mostram a nova música produzida aqui. Evidentemente sempre haverá espaço para artistas brasileiros que se encaixam no conceito do Novas Frequências. O festival olha para o futuro. Estamos tão interessados no Gimu, um artista sem qualquer identidade sonora ligada às raízes brasileiras, quanto no Fudisterik, um cara que pesquisa tradições folclóricas e que vez ou outra coloca isso na sua música.

Cena cresce no Brasil

Entre produtores culturais e coletivos se articulando e buscando soluções para a falta de palcos, eventos novos surgindo, um número maior de críticos musicais especializados e mesmo um maior interesse da mídia de massa, a cena experimental brasileira vem se desenvolvendo.

— De certa forma, foi a escalação nacional mais fácil de fazer, nunca fiquei tão animado com a música produzida no Brasil. E isso não só a relativo à música de vanguarda, eletrônica ou experimental. Tem coisas boas sendo feitas em todas as esferas. O Gimu se aproxima de uma série de artistas da cena do Rio e São Paulo que possuem uma pegada mais escura e sombria, explorando sonoridades próximas do drone, do noise, do dark ambient, do industrial e do techno, como Bemônio, Sobre a Máquina, Ceticências e Iridescent Life. O Babe Terror tem uma sonoridade bem particular, um lance super lo-fi, com texturas corrosivas, compressões baixas, som de fita cassete. Fudisterik e Paulo Dandrea são artistas que produzem música eletrônica de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, com uma produção bem instintiva, fora dos padrões e longe das referências clássicas. Lá fora rotulariam eles como “leftfield electronica”.

Ainda que as coisas estejam melhorando, é evidente que falta muita coisa.

— Precisamos de mais selos, discos, trocas com festivais internacionais, viagens desses artistas para outros estados e também para fora do país, de mais pesquisa embasada, de mais livros, de mais projetos comissionados, de mais rádios on-line. O Chelpa Ferro é sinônimo de arte sonora no Brasil. Por isso faz todo o sentido colocá-los juntos com o David Toop, o cara mais emblemático no assunto em toda a Grã-Bretanha. O São Paulo Underground, assim como o Chelpa, já possui uma longa estrada. Cada um dos seus membros tem uma porção de projetos, principalmente o Rob Mazurek, um cara superimportante da cena de free jazz de Chicago. São grupos acostumados a tocar no exterior. O mesmo não pode ser dito sobre o capixaba Gimu, que nunca se apresentou ao vivo, ou do Babe, Terror, um paulistano que se apresentou pouquíssimas vezes.

Tchequirau

Projeto de Julio Santa Cecilia, o EP “Unprepared Loops” do Tv/Av conta com participações de Gabriel Muzak, Mauricio Negão, Leo Israel e Gabriel Nigri para produzir sua chapação ambient.