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segunda-feira

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março 2011

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Transcultura #041 (O Globo): CALMA, mais YouTube

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Texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Muita Calma nessa hora
Depois de pintar uma cidade inteira, artista prepara exposição em NY e curta
Por Bruno Natal

Entre 2006 e 2008, Stephan Doitschinoff, mais conhecido com Calma, se mudou para Lençois, na Bahia, com o objetivo de pintar a cidade inteira. O processo, documentado no livro “Calma” (publicado pela respeitada editora alemã de livros de artes visuais Gestalten) e no documentário “Temporal”, de Bruno Mitih. Inspirado pelo folclore afro-brasileiro, utlizando elementos sagrados e pagãos, Stephan pintou murais, lápides e até uma capela com elementos religiosos. Com participação direta da população e artistas locais, juntou duas escolas distante: a contemporaneidade urbana do grafite e a tradição arte sacra, consolidando um caminho artístico para Stephan. Agora ele prepara sua primeira exposição solo em Nova York, e também um curta de um de seus trabalhos.

– Expus em Nova York, mas era na sala de projetos da Jonathan LeVine Gallery. Dessa fez será na galeria principal. Vou trabalhar 2011 inteiro numa série de sete telas bem grandes, a menor vai ter 2m x 1,5m, uma escultura e uma série de gravuras e desenhos – conta o artista.

O codinome de Stehpan, Calma, pode ser lido também como a contração de “com alma”, o que faz ainda mais sentido. A inspiração para os novos trabalhos continua sendo os motivos religiosos, explorando e misturando traços de diversas crenças, realizando a tão sonhada coexistência ao menos com tinta.

– Tenho ido cada vez mais a fundo na pesquisa, fazendo também instalações nessa linha. Minha base, até porque é o que tenho mais experiência a respeito, é a arte sacra cristã, mas também pego emprestado de outras religiões que tem a mesma base do cristianismo, do oriente médio, traços do islamismo, símbolos judaicos… Gosto de estudar. Minha vontade é fazer templos ecumênicos – diz Stephan.

A Igreja tem uma longa de ligação com o mundo das artes, comissionando trabalhos de alguns dos principais pintores e escultores ao longo dos séculos para enfeitar seus templos. Engana-se porém quem pensa que Stephan pode um dia ser visto embelezando as paredes da Santa Sé. A crítica social, base do grafite, é o motor da arte de Stephan.

– Conceitualmente, meu trabalho é um comentário contra a corrupção das instituições. Uso a Igreja como um símbolo de uma instituição corrupta, como tantas outras como o governo ou a mídia. Em algumas obras isso é mais sutil, em outras está mais explícito. Não gostaria de me envolver com essa instituição. A capela que pintei em Lençóis já havia sido abandonada pela diocese, era pobre, não interessava. Estava abandonada, mas ainda era usada pelo povo, então fui lá e pintei porque estava a serviço da fé. Como as pessoas vão lá pra rezar para Santa Luzia e Santa Bárbara, não coloquei temas agressivos e não distorci as imagens das santas, porque não queria incomodar os moradores e a fé deles. Guardo minha crítica para meu trabalho pessoal – explica.

Para Stephan existem diferenças cruciais entre o grafite, sua porta de entrada nas artes há mais de dez anos, e seu trabalho atual, principalmente na questão do tempo que cada um demanda.

– Desde o momento que passei a me interessar pelo folclore, arte sacra, em pensar e projetar cada obra, não me considero mais grafiteiro e sim um artista plástico. Meu direcionamento é outro. Não faço trabalhos ilegais, até porque não conseguiria, demoro uma semana por mural. Em Lençois conversava com os moradores, pra saber o santo protetor, a história de vida de cada um, antes de pintar suas casas.

A escultura, como “A Mão”, “feita para Bienal de São Paulo e exposta no parque do Ibirapuera, é outra faceta que Stephan pretende explorar. Nos próximos meses ele tem uma mostra de gravuras agendada na galeria Choque Cultural, em São Paulo, e pretende lançar seu primeiro filme.

– Estou terminando meu primeiro curta, em parceria com as produtoras da Dínamo e Movie Art. Terá 3 minutos e meio, retratando uma performance que fiz e se chama “Tudo é Vaidade”. Fiz uma procissão, com quatro atrizes (Tainá Müller, Carolina Manica, Kika Martinez e a Marina Diaz), numa rua na zona oeste de São Paulo. Já está pronto, estão terminando a tipografia, efeitos. Será lançado daqui um mês, primeiro em um cinema e depois na minha página.

Tchequirau

Um vídeo com um passo a passo completo ensina o que fazer quando o YouTube suspende a sua conta por acusações indevidas de quebra de direito autoral. Segui e salvei a minha conta.