beta mellin Archive

quinta-feira

5

novembro 2015

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#AgoraÉQueSãoElas, por Beta Mellin

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foto tungada no Kfouri

Primeiro post da série ‪#‎AgoraÉQueSãoElas, movimento convocado pela Manoela Miklos. Após a repercussão da série de posts femininos #MeuPrimeiroAssédio, Manoela propôs que homens cedessem seus espaços editoriais para que mulheres ocupassem e pudessem propagar o próprio discurso.

Com a palavra, Beta Mellin:

O poder da mulher
por Beta Mellin

Quando o Bruno Natal me propôs ceder um espaço para escrever, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: não vou gastar essa oportunidade com papo de mulherzinha. Vou escrever feito macho.

Mas a mulher dentro de mim gritou: Aproveita pra falar!!!! O meu homem interior ainda tentou argumentar, mas ela foi curta e grossa: “Cala a boca!” E ele se calou.

E o que eu gostaria mesmo de chamar a atenção é para o poder que nós mulheres temos por onde passamos, desde os tempos mais remotos. Ainda que, quase sempre, sem muito espaço para exercer toda a nossa capacidade.

No conto bíblico de Adão e Eva, foi Eva quem “influenciou” Adão a comer a maçã. Já éramos poderosas. Se Eva quisesse, também poderia ter feito o contrário, influenciado Adão a não comer a tal fruta do pecado.

Veja bem, não estou dizendo que as mulheres mandam nos homens (até conheço algumas que sim), mas sim, que temos um grande poder de influência em qualquer cultura ou sociedade em que estivermos metidas, por mais machista que sejam.

Você, mulher, já pensou no poder que tem dentro da sua família, do seu trabalho, independente da classe social?

Não precisa ser mãe, para ter esse poder, mas precisa ser mulher. E não se esquecer disso. Sim, porque acredito que temos que não só escutar, como exercitar nosso lado feminino.

E como é somente meu lado feminino que está falando hoje, é mais forte do que eu terminar o texto sem tocar no meu assunto preferido: a mulher mãe.
Não há quem entre num consultório de um analista e não fale da mãe. Pode nunca a ter conhecido, ter sido criado por pais adotivos, pela avó, mas a mãe que o gerou estará lá, presente em quase todas as consultas.

E sabe porquê? Porque a relação da mãe com o filho vem do útero. A mãe tem o dom de gerar uma criança. E isso não é apenas lindo, é muito mais, é um poder que muitas de nós ainda não nos damos conta do quão grande é.

Está comprovado que podemos influenciar a formação de um ser desde dentro da barriga. (!) Então, ainda que a mulher viva num ambiente/sociedade que a massacre, uma das opções de iluminar o mundo é que ainda que quase sem forças, possa juntar o amor do âmago e passar para aquele ser em formação, para que seja uma pessoa melhor e com isso, melhore o mundo.

Convido a quem ainda está lendo esse texto, que reflita no poder que sua avó, mãe, irmã, tia, prima, chefe ou funcionária tem em sua vida. Muitas mulheres já descobriram esse poder interior, e como consequência, vemos o avanço em várias sociedades e muitas conquistas. Mas ainda há MUITO a avançar.

E acho que é uma obrigação avisarmos as que não sabem ainda dessa força, que elas podem mudar, influenciar, capacitar com sabedoria e amor a outro ser humano (filho ou não) e isso é um poder interno, um poder nosso. E quando todas escutarmos nossa mulher interior, aí é que ‪#‎serãoelas‬.

quarta-feira

7

outubro 2009

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“Nós 3” (Multishow)

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Chamada do programa

Nessa quarta, as 22h, estréia no Multishow o “Nós 3”, programa que criei com o Tiago Lins e Beta Mellin e está sendo produzido pela Mellin Videos, com design em movimento da Brabo.

Divido a direção e as imagens com o Tiago, que também é o diretor de fotografia enquanto eu sou um dos produtores executivos (acúmulo de funções é ou não é a marca dessa geração?).

Trata-se de um reality que acompanha o cotidiano de três meninas na faixa dos 22 anos, Cix, Dinha e Yasmin, mostrando a entrada na vida adulta e suas responsabilidades através do dia-a-dia da amizade, faculdade, estágios, primeiros empregos, namoros e as noitadas e mais noitadas típicas dessa idade.

Todas elas já expunham suas vidas em fotologs, twitters, perfis no Facebook e no Orkut. A forte presença online é responsável pelo trio já possuir bastante fãs e detratatores. Uma busca no Orkut por seus nomes apresenta como resultado dezenas de perfis falsos e comunidades dedicadas a cada uma delas.

Porém, foi uma série de vídeos caseiros postados no YouTube em 2007 que as transformaram em potenciais personagens para um programa. Desde que o Lins me mostrou essa imagens (foi ele quem editou) essa idéia ficou na cabeça. O que as tornou atraentes para um projeto nesse formato foi justamente o acesso a intimidade do seus universos particulares.

Falando com naturalidade na frente das câmeras sobre questões pessoais comuns a jovens da Zona Sul carioca, escancaram detalhes de uma camada social que normalmente não se abre publicamente.

Com isso possibilitam um corte geracional e comportamental interessante, esse foi o objetivo desde o início. Indo além das fofocada e picuinhas, a graça do registro está nos detalhes, no linguajar, nas atitudes, mostrando um pouco a maneira que essa geração enxerga as coisas.

Longe da música e do formato de filme documentário, campo onde tenho mais experiência no áudio-visual, fazer televisão tem sido um desafio. A principal dificuldade a ser contornada foi o bom e velho clichê da velocidade. Em televisão tudo acontece muito rápido, é sempre pra ontem.

É muito difícil gerar uma relação de confiança natural com os personagens dessa forma, especialmente no início. E num programa em que os acontecimentos não são roteirizados isso é um ponto bastante delicado, não se pode simplesmente impor que pessoas reais, sem uma persona artística para usar como escudo, abaixem a guarda. Isso tem que ser conquistado.

Sem falar na inversão na relação do volume do material gerado e do finalizado. Enquanto em documentários estou acostumado a filmar 50 horas para gerar um filme de 60 minutos, num programa desses é preciso tirar 24 minutos editados de cada 5 horas de material produzido.

Trecho do primeiro episódio

Bom que o canal abraçou o projeto e possibilitou liberdade criativa. A temporada tem 16 episódios e está sendo filmada com duas câmeras (Panasonic HVX-200), dando mais possibilidades de edição, com um visual mais bem acabado do que o usual câmera na mão da linguagem documental. A confusão entre realidade e ficção é proposital e as referências também ficam claras.

Dramatização é essencial na linguagem cinematográfica. Mais ainda se for televisão. O que importa é que o que se vê na tela seja verdadeiro, não exatamente uma verdade absoluta. Afinal, se tem uma coisa que aprendi filmando nos últimos anos, é que isso sequer existe.