Um produtor cascudo, com mais de 20 anos de carreira, afirmar que nunca soube que se gravava instrumentos utilizando vários canais, não sabia nada de microfonação e falar que computadores não tem alma causou estranhamento. Ele diz:
“10 ou 15 anos atrás você tinha que criar a sua própria música. Fosse escolhendo samples ou tocando teclados, qualquer instrumento que você estivesse usando, tudo estava vindo de dentro de você ou de dentro de alguma outra pessoa. Quando a música fica focada em efeitos ou sons pré-definidos, fica… Computadores não tem alma“
Pode ser uma estocada na turma da tal EDM, mas soa meio radical isso aí. Computadores tem tanta alma quando um instrumento, nenhuma mesmo. Quem tem alma é o ser humano operando qualquer um dos dois. Problemas de alma são culpa de utilização, não do instrumento.
Dessa vez é ainda mais escancarado, com o produtor falando sobre detalhes das técnicas de gravação, instrumentação, arranjos e de uma “volta no tempo”.
Pra fechar, Todd adiciona o recorrente embate analógico x digital (questão também explorada no fracote documentário de Dave Grohl sobre o estúdio Sound City) a discussão: “é irônico, dois andróides estão trazendo a alma de volta pra música”.
Ele deveria ter dito “de volta para música eletrônica”, mas tudo bem, no contexto que está fica subentendido. Ainda que mesmo assim seja questionável (mas o que não é?).
Dessa vez, o cara entregou até um refrão, acapela:
I just keep playing back These fragments of time Everywhere I go This moments will shine
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.