Vampirando na TV
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Atualização: a íntegra do programa está disponível na página inicial da Rede Record. A matéria começa em 55m37s.
Com algum atraso, provavelmente para agradar os pa$tore$ donos da concessão, a TV Record deciciu explorar a simplista associação entre as “festas rave” e o consumo de drogas. O programa Domingo Espetacular apresentou uma matéria bizonha com essa abordagem (“esse pequeno mundo de drogas variadas e música repetitiva”). Um grande festival de desinformação.
Surpreendentemente apresentada por Lorena Calábria* — que até então sempre mereceu respeito — a longa reportagem veio lotada de generalizações tão preconceituosas quanto irresponsáveis, como “TODO MUNDO sabe que TODO MUNDO vai pra raves tomar drogas”. Se apenas as coisas fossem tão simples assim, o problema seria bem mais fácil de resolver.
Confirmando a tendência preguiçosa das grandes redações, cada vez indo menos a campo apurar suas histórias e preferindo resolver tudo por e-mail ou telefone, a maior parte dos depoimentos foram retirados de uma lista de discussão de uma comunidade do Orkut, a “Raves”.
Mesmo assim, esses depoimentos eram lidos de maneira tendenciosa, algumas vezes omitindo partes do seu conteúdo e descartando seu contexto. O médico entrevistado avisou: não existe chance de alguém tomar ecstasy esporadicamente, é vício imediato. A mesma coisa foi feita com as imagens. Jovens fumando viravam maconheiros, gente aspirando tubos de Vicky Vaporub (prática comum entre consumidores de ecstasy), viciados em cocaína.
Desde quando declarações anônimas, sobre as quais não se pode confirmar a veracidade, podem ser intepretadas como fontes consultadas é uma incógnita. Ouvir os dois lados da história então, nem pensar. Lições básicas de jornalismo que a equipe da Record parece desconhecer. Ou prefere ignorar em benefício próprio, afinal, sensacionalismo vende que é uma beleza.
Ninguém é hipócrita de dizer que em raves não há consumo de drogas. Há sim, bastante até. Maconha, ecstasy, LSD, lança-perfume, cocaína e muito, muito mesmo, tabaco e álcool, sem dúvida os dois preferidos. No entanto, esse comportamento não é exclusivo (da menor parte) dos apreciadores de música eletrônica.
A mesma coisa se repete em shows de rock, punk (talvez não nos de straight edge), nas arquibancadas do Maracanã, em shows de Caetano, Gil e toda respeitada MPB, em quadras de samba e blocos de carnaval, em bailes funk, festas de 15 anos, em playgrounds de ricos condomínios, nos trios elétricos de Salvador… Enfim, consumo de drogas, em maior ou menor escala, acontece em diversas camadas da sociedade. Seria mesmo ingênuo creditar à cena eletrônica, que em termos absolutos é até pequena, a responsabilidade pela demanda de drogas ilícitas que atravessam nossas fronteiras com uma facilidade assustadora.
Melhor do que generalizações grotescas, seria informar e educar, como faz a BBC e a Associação dos Amigos da Música Eletrônica, a AME. Em vez do Orkut, citar o DanceSafe.org. Mas é aquele negócio, prestar serviço dá trabalho e pouco retorno financeiro. O lance é capitalizar, vampirando qualquer oportunidade que apareça.
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* Esclarecimento: Apesar da reportagem não ser dela, Lorena Calábria é apresentadora do programa e fez a chamada. A frase exata foi: “A ligação das raves com o consumo de drogas é aberta, descarada. Os jovens combinam tudo pela internet”.
COMENTÁRIOS
eu assisti à reportagem e também fiquei chocado. mas confesso que não esperava nada diferente da emissora da ingreja universal. é até assustador pensar que a matéria deve ter sido feita seguindo orientações da direção da emissora. não sei se foi, mas é bem possível que tenha sido.
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que isso… pesado!
mas a lorena é só a apresentadora, a culpa não é dela.
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Quer dizer que, pagando, você falaria ou faria parte de qualquer coisa, Pedro?
Eu não.
Não estou patrulhando ninguém, cada um faz o que acha certo. Só fiquei surpreso de vê-la fazendo chamada desse tipo de material.
Abs,
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Sensacionalismo e irresponsabilidade da imprensa caminham lado a lado.
Vi o programa ontem e não me surpreendeu ver a Lorena Calabria na situação, fazendo caras e bocas. Afinal, depois de Astrid Fontenelle tenho a ligeira impressão de que todos têm uma mesma aspiração.
Todos, não. Há raras exceções como você, jornalista responsável e procedente em críticas e pesquisa de informação.
Um abraço!!
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Concordo com vc em tudo na matéria, menos nas críticas a Lorena Calábria…
Quer dizer então que vc no lugar da Sra. Calábria se recusaria a apresentar a matéria ?
Ou chamaria a matéria e depois pediria demissão porque não concorda com o conteúdo do que foi veiculado ?
Não sou jornalista, mas acho que vc está tendo uma visão um pouco utópica da situação…
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Vou mandar matar alguem, mas quem?
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Sim, Tiago, eu nessa situação me recusaria a apresentar a matéria. Não é utopia, é questão de princípios.
Como emprestar sua credibilidade (e isso a Lorena tem bastante) a algo que você não acredita? A não ser, claro, que ela acredite que música eletrônica é coisa de drogado. Se não cabia a ela a decisão se o absurdo iria ou não ao ar, que pelo menos desse um passo atrás e não se envolvesse diretamente.
Se eu não pensasse assim talvez já estivesse numa melhor situação financeira, mas dinheiro não é minha motivação. Aliás, se fosse, não teria escolhido ser jornalista, ainda mais de música.
A função do jornalismo é noticiar fatos, não inventar histórias. A ética jornalística pede que um bom profissional deva sim se recusar a fazer matérias tendenciosas.
A Lorena é uma excelente apresentadora e, com a excessão desse Domingo Espetacular, tem participado de programas interessantes.
Quero ver agora se algum nome da música eletrônica vai continuar dando moral pra ela. Pois, depois dessa, não deveriam. Com o perdão do clichê, ela deu um tiro no pé.
A Lorena aceitou fechar um contrato sabendo dos riscos. Não financeiros, é claro, mas sim de colocar seu nome vinculado a programas sensacionalistas.
Seria utópico afirmar que manter uma postura, seja ela qual for, durante a carreira é algo que faz a diferença “lá na frente” ou a realidade é abraçar a oportunidade e colocar o salário no bolso?
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Bruno,
Concordo com seus argumentos e te admiro por pensar assim. Acho que é muito dificil de encontrar jornalistas que tenham a sua postura.
É muito dificil vc ser independente.
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Boa questão levantada pelo registro…
Eu por exemplo sou arquiteto, e tenho que me adaptar ao mercado. Tenho que fazer coisas que as vezes não gosto, mas preciso para tentar entrar no mercado. E sobreviver … Para se Deus quiser no futuro me dar ao luxo de fazer somente o que quero e o que gosto !!! Cada um tem sua ética, e seu limite…
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Nao vi a materia, mas realmente é de uma estupidez impar!
Se formos generelizar tudo, ninguem faz mais nada nessa vida…
Ainda bem q este tipo de materia passou num canal q, pra mim, nao acrescenta nada a ninguem, e q por isso nao deve ter tanta atençao dada.
Boa critica e concordo na culpa da apresentadora, q tem (ou tinha) passe livre no cenario musical.
Abrassssss
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É hipocrisia dizer que se recusaria a fazer a chamada para uma matéria como essa apresentada pela Lorena Calábria. Ela pode não concordar com o que foi mostrado, entretanto ela é uma funcionária de uma grande empresa de comunicação e, a partir do momento em que assinou o contrato, ela tem que agir com profissionalismo. Quem acha que o jornalismo é imparcial está sofrendo de uma tremenda utopia infantil. Jornalismo não é e jamais poderá ser imparcial (ou você acha que a risível imprensa de esquerda dos veículos ditos independentes são imparciais?). Pera lá! Além do mais, é um desaforo dizer que abriria mão de um salário em troca da independência jornalística. Ora, vivemos em um país capitalista onde o dinheiro se faz necessário inclusive para se sobreviver. E desafio alguem dizer que não gosta de dinheiro aqui. Quem, se não o dinheiro, vai pagar o luxo de uma conexão à Internet, iPods, livros, revistas, cds, cinema, dvds etc.?? O dinheiro compra este local, este site, através do qual estamos discutindo. Não gosta de dinheiro? Vai pra Cuba (e lembre-se que a imprensa lá é ainda menos imparcial e fortemente vigiada por um louco comunista). Quero ver se alguém atura viver sem os luxos proprocionados pela independência financeira e sobretudo por um país capitalista e
com uma considerável liberdade de expressão.
Quer ser totalmente independente no jornalismo? Escreva em blogues – e mesmo assim corre o risco de sofrer censura por parte dos domínios. O jornalista que quer ser totalmente imparcial e independente escolheu a profissão errada.
Quanto às drogas, odeio toda e qualquer tipo. A lícirtas e ilícitas.
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Entendo a relação e a pureza dos princípios. Acho que todos devem se lutar pelos seus inclusive ela.Mas ela é funcionária de uma organização que deve pagar seus 50 mil por mês. Ou será que os princípios dela valem mais do que isso…acho que não hein?
Quem está no mercado e principalmente na mídia, vai ter que fazer muitas dessas….e dizer que é bom!!!!
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Bom, gunter, essa é a sua opinião e eu respeito. Mas é a sua opinião, não a minha. A generalização que você fez é que acho que não cabe. De minha parte, com certeza, não está havendo hipocrisia.
Longe de mim querer posar de arauto da ética, é apenas a maneira como eu penso e como direciono minha carreira. Sobre “o dinheiro compra este local, este site, através do qual estamos discutindo”, não é bem assim não. Não tenho como fazer previsões, futurologia não é minha especialidade, mas posso dizer que hoje, atualmente, nem eu, nem o URBe, estamos a venda.
Não existe imparcialidade, concordo. A partir do momento que uma frase vem antes da outra, mesmo que inconsientemente, se está hierarquizando as idéia e com isso gerando um ponto de vista. Sobre as drogas, goste não goste — isso é pessoal — a questão é que elas estão aí a milênios e não é estigmatizando seu uso que irá se encontrar uma solução. Se é que existe alguma solução.
A grande questão está logo no começo do seu comentário: “ela é uma funcionária de uma grande empresa de comunicação e, a partir do momento em que assinou o contrato, ela tem que agir com profissionalismo”. Corretíssimo.
Mas… Ao se comprometer com um programa sensacionalista desses existem consequências. Como apresentar uma matéria infeliz sobre sua especialidade e abalar sua credibilidade. Repito: quero ver que artista de música eletrônica vai respeitar a opinião de quem considera o que eles fazem trilha sonora de drogados.
Além do que, a meu ver, é um reducionismo afirmar que “ela só apresentou, é paga pra isso”. Não é tão simples assim. Você pode escolher onde trabalha. Se todos começarem a pensar assim (o velho “farinha pouca, meu pirão primeiro”) é melhor arrumar as malas e partir desse lugar.
De qualquer forma, por algum motivo, a questão da apresentadora se tornou maior que o assunto principal, que realmente importa, que é a perseguição a música eletrônica e a ética jornalística de quem faz uma matéria irresponsável dessas.
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Acho incrível como atacam as ideologias e as aspirações de cada um, com o simples questionamento “dinheiro é bom e todo mundo gosta”. As coisas se distorcem e tomam um outro caminho. A pergunta inicial ou o comentário em questão dá lugar ao “e se fosse com você?”.
Sinceramente, o que está em discussão não é o dinheiro e nem a utopia de ninguém, mas sim o quanto que nossas decisões influenciam nos rumos de nossas vidas. O quanto ganhamos ou perdemos ao escolher esse ou aquele caminho.
Lorena vinha fazendo um trabalho há um bom tempo. Decidiu mudar e navegar para uma nova direção. Seguir novos rumos, motivada por questões que só ela poderá responder (dinheiro, fama, popularidade etc.). Há quem critique e há quem não. O que não devemos é deixar de avaliar e discutir, centradamente, essas tomadas de decisão, porque afinal “e se fosse conosco?”.
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o Jornal Hoje tb fez uma reportagem há pouco tempo falando que as “raves são próprias para o consumo de drogas”. acho q enquanto o povo trance/techno (principal público das raves) não tomar consciência e perceber que o lance é se drogar com responsabilidade isso num vai acabar nunca. não adianta culpar o entrevistador, reporter, diretor… o publico é que tem que fazer sua parte.
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Achei a reportagem excelente. Foi direto ao ponto. Parabéns à Record, realmente me surpreendeu a qualidade da matéria da TV. Quanto ao comentário do Joca, que disse que “o lance é se drogar com responsabilidade”, eu lamento e fico muito assustado. Não há consumo responsável de entorpecentes e a frase apológica do leitor é cínica e covarde. Fui viciado em heroína e ecstasy e se tudo fosse tão simples assim como o colega diz, eu não teria sido viciado nessas substâncias que arrasaram minha vida e me deixaram sequelas para sempre. Tente tomar heroína ou fumar crack de froma “responsável”.só o fato da pessoa procurar essas drogas já é algo completamente irresponsável!
A questão é que droga mata, causa dependência, arrasa o ser-humano e aqueles que o cercam. Estou “limpo” há um ano e não desejo o que passei a ninguém. Ah, comecei tomando ecstasy em raves na Europa e logo depois já estava tomando heroina e fumando crack, drogas que me foram apresentadas nas raves, lugar onde é comum usa-las na Europa.
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OPA! To na area.
Sou “garovo” aqui no URBE!(Perdoem minha grafia to num computador sem caracteres de portugues)
Tambem acho que o debate da direcao da carreira da reporter ficou maior que o foco principal do texto, que eu achei bom, PRICIPALMENTE por ter parcialidade.
Quanto a Dna Lorena.
Tah certo, nosso mercado eh pequeno e as oportunidades sao poucas, nos temos que jogar com a nossa sobrevivencia e a nossa etica, optar pela autoria e o conforto material. Somos capitalista e isso significa duelar dia a dia com as nossas culpas e limites, e nesse cenario eh muito coplicado julgar os outros. Mas onde ha seriedade, ha coragem. E existe uma diferenca gritante entre “mudar de vida pelo conforto” e “mudar de carater pelo conforto”. No caso dela, assinar o contrato pode ter sido certo e/ou errado, nao da pra saber. Isso eh problema pra ser discutido entre a cabeca dela e o travesseiro na hora de dormir.
Agora, a critica de uma materia mal feita e generalista, como essa, tem que ser contundente. Porrada nelas Bruno! Midia sem critica eh ditadura. Parabens pelo texto.
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Caro christiano,
Acho que entendo a sua dor (ou humildemente tento enteder, pois convivi com um parente com um caso parecido), mas discordo que uma experiencia se repita matematicamente com todo mundo. Nao acredito que todas as pessoas que fumem crack, fumem pelos mesmos motivos e eh por isso, que eh muito complicado por a culpa nas drogas apenas. Os culpados sao muitos e nao apenas as Raves. Sei que esse assunto deve ser muito mais delicado pra voce do que pra mim por isso entendo seu ponto de vista e me desculpo por tentar falar dessa maneira puramente racional (e por isso mesmo limitada). Mas ha quem beba muito, ah quem beba pouco e ah quem nao beba nunca. Os “porques” sao misterios da vida…
Parabens por estar “limpo”
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Acho interessante o comentário do Christiano, principalmente por voltar ao tema de maior relevância de discussão, que é a presença da droga na sociedade, dentro de um ambiente específico.
Infelizmente preciso discordar do meu xará (eu tb sou Christiano) e comentar que o uso de drogas é uma questão de escolha. Uma escolha muitas vezes arriscada, se o usuário se encontrar num nível de dependência química. As raves não têm nada a ver com a escolha de cada um. Elas têm uma única proposta clara: entreter através da música e da confraternização. Se alguém foi pra lá no intuito de se drogar, já foi mal informado.
Não gostei da matéria na Record por ter sido extremamente preconceituosa com um movimento cultural MASSIFICADO. Ao culpar as Raves, a matéria resgata o famoso “tapar o sol com a peneira”, atitude presente em muitos lares. Os pais precisam entender que nunca existiu esse negócio de “ambiente” pro garoto experimentar ou usar drogas. Pode ser na escada do prédio, na casa do amigo, da namorada ou até escondido no colégio. E o mais relevante: é escolha própria, repito.
Abro um parênteses na questão da escolha. Há muitos fatores externos que influenciam na escolha de cada um. Pode-se escrever alguns livros sobre isso e não é o caso aqui.
A matéria na TV é alarmante! Não pelo teor do texto mas sim por ser mais uma de milhares todos os dias nos meios de comunicação – puro sensacionalismo.
O pior de tudo é que esse formato de programa tem uma única função: eleger heróis da instituição familiar. A mais nova candidata é a Lorena Calábria, pisando num terreno ocupado por Astrids, Marcias e Ratinhos…
Fica, por fim, o discurso distorcido, apoiado por uma sociedade que se amedronta antes de se envolver. É audiência pura!!
Um abraço!
®
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Sobre a Lorena:
Se o objetivo dela é ser uma jornalista no sentido de escrever matérias sérias (sobre que assunto for) e, com isso, almejar credibilidade pela informacão que está trazendo ao público, então eu acho que ela pode ter pisado na bola. Mas se o negócio dela é somente “apresentar”, ir a meia dúzia de lugares com um microfone na mão fazendo aquelas perguntinhas básicas, então não vejo problema algum. Ela estaria apenas sendo coerente com o perfil profissional que escolheu para si.
Sobre o comentário do Christiano:
Sim Christiano, há consumo responsável de drogas. Do contrário, como explicar que apenas uma minoria — cerca de 10%, segundo pesquisa inglesa citada numa matéria da Revista SuperInteressante — dos usuários de maconha acabam se viciando em drogas mais pesadas? Por outro lado, concordo com você quanto à questão do crack e da heroína. Há suficientes provas científicas mostrando o altíssimo poder de vício destas duas substâncias, o que torna virtualmente impossível falar em “consumo responsável”. Acho que seu erro, neste caso, foi a generalização do argumento — que, em última análise, é o mesmo erro da reportagem na Record. Dizer que em rave só te drogado é o mesmo que dizer que no morro só tem bandido, ou então que todo político é corrupto. Fazer os justos pagar pelos pecadores não te parece, antes de tudo, uma injustiça? Um abraço.
Antonio.
Drogas SEMPRE fizeram parte da história cultural humana em diversos períodos da história. Desde índios xamãs até “cabeças pensantes” da mais alta classe social e pintores e filósofos e músicos e escritores, etc desde sempre se utilizam de tais substâncias. E isso não vai acabar. Não adianta querer combater o consumo desta maneira porque não vai adiantar. (Não vou nem entrar no ponto “SE” o consumo precisa acabar porque essa é uma outra discussão)
Se hoje elas são consumidas em maior escala (e eu tenho minhas dúvidas em relação a isso), não é por causa de raves ou qualquer outro evento “social” do tipo.
Talvez hoje elas destruam mais famílias porque vivemos em um era onde o acesso a informação é muito profundo e muito mais rápido do que em outros tempos (vários tipos de drogas, para todos os gostos, etc) enquanto à desinformação em relação a elas é cada vez maior e mais IGNORANTE.
Uma sociedade, de uma maneira geral, que se preocupa mais em julgar usuários do que informar os cidadãos e estudar a questão a fundo, ao mesmo tempo em que se recusa a discutir políticas sociais de descriminalização das mesmas e métodos alternativos de tratamento dos dependentes, só pode estar de sacanagem querendo que eu me preocupe com o que eu uso ou não né??
Muito se fala sobre o assunto, mas muito pouco se discute.
A questão gira em torno de diversos assuntos socias que não é de interesse dos governantes mexer na estrutura: oportunidade social, emprego, políticas públicas decentes, segurança, etc. Sem essas condições básicas de vida, é fácil dizer que droga não vicia OU que todo usuário é marginal. Isso pra não dizer nos interesses financeiros de gente influente nos governos em geral por trás de qualquer tráfico (armas, drogas, etc…).
Essa discussão virou um tiro pelo cú. Ou sai fogo, ou só sai merda.
O que me assusta e me deixa mais puto são os jornalistas e meios de comunicação se deixarem seduzir tão facilmente pela leviandade e desinformação descarada, pensando no único e exclusivo interessante de criar uma “sociedade do medo” e vender mais exemplares (ou ter ibope maior) do que a concorrência.
Enquanto a sociedade lê cada vez menos livros em geral, lê e se preocupa cada vez mais com jornais sensacionalistas e com o que passa na TV. Isso é lamentável…
Mas concordo…a matéria tá um lixo e é extremamente irresponsável.
Abçs,
Folopo
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Nao deixa de ter 1 fundo de verdade, ja que nunca nem eu nem nenhum dos meus amigos jah foi careta pra 1 rave
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Bruno, parabéns, concordo com você em tudo.
Infelizmente o ser humano está cada vez mais se reduzindo a papéis bem menores do que sua capacidade intelectual permitiria. Um exemplo é o homo-capitalisticus, sub- espécie que garante que o dinheiro justifica tudo. Para mim, particularmente, dinheiro é apenas um meio, e definitivamente não para comprar bugingangas eletrônicas. E está mais longe ainda de comprar meus princípios morais. Para pagar a Internet a cabo ou fazer tantas outras coisas, você tem opções: você pode trabalhar com seus princípios e tê-las, ou você pode jogar os princípios pra escanteio e também tê-las. É uma questão de escolha. Entre ganhar 5 mil fazendo o que acredito ou 20 mil falando o que meia duzia de pastores corruptos me mandam, opto tranquilissimo pela primeira via.
Isso tudo me lembra alguns exemplos, como o meu vizinho pitboy inconveniente que urra que “trabalha e paga impostos” e, sendo assim, faz o que quiser no apartamento dele. Ou a patricinha bem educada que diz “ah, vai dizer que se você só tivesse que assinar um contrato (ilícito) pra embolsar 100 mil dólares você não o faria?”. Ou então a apresentadora que discordaria (segundo as opiniões nessa discussão) do teor absurdo de uma matéria, que influencia sim a sociedade, mas que tem que se calar diante do dinheiro.
Enfim, essas distorções todas encaixam-se confortavelmente em uma palavra: corrupção. É, é uma palavra feia mas é isso aí, fazer o que. A corrupção está em todos os níveis, não é exclusividade de políticos e grandes executivos. Se você acredita em algo mas devido a polpudos salários diz o contrário, então você se corrompeu. E é essa mentalidade que lubrifica os mecanismos de um capitalismo perverso. Porque capitalismo desse jeito é bom pra quem está por cima, e só.
Me incomoda muito quando alguém duvida que ainda há pessoas com princípios não deturpados pelo dinheiro.
E umas palavras sobre utopia: acredito piamente ser muito mais utópico achar que o mundo do jeito que está, totalmente insustentável, consumindo cada vez mais recursos e repartindo-os cada vez mais desigualmente, possa encontrar paz e justiça social algum dia. Dizer que qualquer coisa que não seja de um capitalismo rasteiro é utopia, é simplificar demais as coisas.
Quanto a pessoa que apoiou o programa da Record, bem, também sinto muito pelo caminho equivocado que você tomou com as drogas, mas para cada caso como o seu, conheço 10 pessoas que utilizam drogas ocasionalmente (ou não) e que tem vidas perfeitamente normais. Utilizar a droga como bode expiatório das fraquezas humanas é mais um reducionismo de nossa capacidade de moderação, e parece que virou padrão hoje em dia, infelizmente.
E quanto aos pastores, bem, esses eu jogava todos numa fogueira sem dó.
Abraços.
Alguem aposta comigo que ainda esse ano as raves de São Paulo serão proibidas como foi em SC e acho que aí no Rio ?
E esse problema não é só por matérias irresponsáveis como essa do Domingo Espetacular, é mais pelo público “novo” que está aderindo a esse movimento, muita gente está indo as raves com o intuíto de “novas experiencias”(drogas) e não para curtir o som e a filosofia(Plur de cú é rola !) pregada pelo trance em geral. É só parar e tentar conversar com as pessoas que frequentam as raves, no mínimo 60% só vai falar que tomo uma “bala” muito boa, que o doce tal é massa .. mas e o DJ tal ? e o Live Act tal ? … é fato que farão cara de “heinnn ?”.
Acho que fugi um pouco do fato central da matéria IRRESPONSÁVEL!
mas é isso
viva o Underground e as privates …
abs
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“só o fato da pessoa procurar essas drogas já é algo completamente irresponsável!” Christiano, vc mesmo falou o que eu quis dizer. Posso dizer que o consumo responsável de drogas é feito por muita gente que eu conheço, o que vc não fez (e muita gente não faz tb). abrs!
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Atualização: a íntegra do programa está disponível na página inicial da Rede Record (www.rederecord.com.br). A matéria começa em 55m37s.
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Aí Bruno, eu já tinha deixado um comentário e não grudou!
Bom, sobre a questão das drogas, não tenho nada a dizer pq concordo com o Bruno e boa parte dos comentários.
O que não concordo é com a surpresa em relação à Lorena Calábria. Alguém aí também ficou surpreso quando o
cineasta/crítico/correspondenteinternacional Pedro Bial virou apresentador do Big Brother?
Eu acho o jornalismo que é feito por aí muito ruim, horrível e não é apenas por causa do compromisso dos jornalistas com as empresas que os pagam. No geral, só vejo textos muito mal escritos e matérias que passam sempre longe do ponto da história. Não conseguem nem ver onde está o lado interessante do acontecido.
A minha esperança é que a net possibilite o crescimento de um jornalismo mais fresco, inteligente e criativo que passe longe do que é feito nessas redações arcaicas que tem por aí.
Outro dia me falaram que as matérias da Neide Duarte na Cultura eram muito boas. Acho uma bosta, como quase tudo que o MERCADO de jornalismo produz.
Para quem acha que só dá para levar a vida aceitando participar da sub-mediocridade que impera por aí e que o normal é isso mesmo; eu sinto muito! Conheço várias pessoas vivendo de fazer coisas interessantes e principalmente, fazendo-as com paixão, sem se resignar.
Valeu aí!
Nota: Como a própria matéria deixa bem claro, numa festa com tantas drogas, quem sai numa maca, ilustrando o resultando do abuso, é um rapaz em coma alcólico.
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Oi Bruno
Obrigado pela visita e o comentário no blog.
Também gostei do URBe, já o conhecia.
Abraços
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Ontem eu fui dormir pensando nessa discussão toda e acabei tendo um pesadelo horrível.
Retiro tudo que eu disse no post anterior…
Quem usa drogas deve ser preso até o fim de seus dias.
E quem trafica, deve ser queimado em praça pública.
Isso “com certeza” resolveria todos os problemas sociais e econômicos do mundo. Tive esse insight no meu sonho.
Agora posso dormir feliz…
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“Televisão, a droga da nação.”
Gil Scott Heron.
[]s
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NO mesmo programa, foi apresentada outra questao muito importante:
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“Uma questão polêmica para as mulheres: o que é melhor? Dedicar-se ao trabalho ou largar tudo para cuidar dos filhos?
———————————————–
hehehe
vê-se o nível das matérias.
por essas e outras, ha anos não vejo tv. à exceção de alguns filmes…
Como muitos, tb não me surpreendeu a “reportagem” da Record, foi a cara dessa emissora: SENSACIONALISMO E IRRESPONSABILIDADE!!!
Ontem 20/02 , a Globo através do Fantástico apresentou reportagem semelhante, porém com com grande nível!!!
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só tenho algumas palavrinhas pra dizer pra esse povinho da Record: Hipócritas, sensacionalistas, preconceituosos, burros, mercenários, ignorantes… se eu for escrever tudo q eu acho deles vai ficar muito chato, pois todos nós sabemos muito bem o q eles e o q essa mídia q gosta d fazer média são… bando de babacas…
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Produzido pela VisualFarm o novo espaço da música eletrônica na TV
A grade de programação da Rede TV! terá a em breve um novo espaço para a música eletrônica. Trata-se do programa AMAZZONIA, produzido pela VisualFarm, do produtor executivo Thamer Stravathus e do Vj Alexis (o primeiro Vj do Brasil). A atração, prevista para estrear na madrugada de terça-feira, será apresentada pelo VJ Tiuari, um E.T. animado em 3D Por Daniel Sampaio e Gustavo Yamim da Vetor Zero que terá a voz de Renata Simões (ex-Video Show).
Durante a atração, convidados especiais como o DJ Patife, que estará no programa de estréia, contam suas histórias e peculiaridades do cenário da música eletrônica. Também fazem parte do conteúdo do AMAZZONIA temas como arte, comportamento, ecossistema, moda e tecnologia.
AMAZZONIA (NUNCA A MÍDIA FOI TÃO ELETRÔNICA)
http://www.visualfarm.com.br/tv.htm – (Assista o compacto do programa)
http://fotolog.terra.com.br/amazzonia
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1729554