Tudo azul
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Levanta o dedo quem, mesmo considerando um absurdo e sabendo que a longo prazo está se criando outro problema (alô, Colômbia!), num primeiro momento, preferiria uma milícia aos bandidos de sempre.
Uma pessoa próxima mora em uma comunidade recém-dominada, há dois meses, pela polícia mineira (em Rio das Pedras é assim faz anos). A tomada foi feita da noite para o dia, sem o disparo de um tiro sequer. Uma bela manhã, sumiram os traficantes, geralmente uma molecada, e chegou a nova turma, formada por homens mais velhos com armamentos pesados.
Eles transformaram uma casa abandonada em sua sede, pintaram de azul e começaram a cobrar uma mensalidade de R$20 pela segurança e oferecer serviços como TV à cabo. Coibem o consumo de drogas, ressucitaram o baile funk local e trouxeram o Papai Noel pra animar a criançada.
Por toda comunidade, espalharam o seu logotipo: o morcego do Batman.
Três coisas(isso para não citar mil) básicas:
– a Melicia pode ser o o estado agindo mascarado, todos sabem da politica de segurança do atual governo.
– ditadura por ditadura. por meio da força, do medo e do DINHEIRO! piada!
– tem tanto erro por parte de não ações governamentais e da sociedade civel nas comunidades, que será facil todos apoiarem as melicias.
O mais intrigante pra mim é a facilidade com que essas milícias estão expulsando o tráfico das comunidades.
O argumento do Estado, desde sempre, é que é impossível tirar o tráfico sem causar mortes de inocentes, etc.
E o tráfico não tenta retomar os pontos? Não consegue? Porque?
Abs,
Bruno.
é um interesse empurrando o outro. o objetivo é o lucro, esteja ele onde estiver, seja em cima de quem for cair o fardo. nesse caso, quem paga a conta continua sendo o trabalhador humilde que antes não lucrava com o tráfico e agora vai ter que contribuir com a caixinha dos “homi”, em troca da paz “conquistada”. é a continuação do esculacho. o dos impostos vertidos para não se sabe onde, esculacho de revistas vexatórias, balas perdidas e agora o dos homens bonzinhos que chegaram para ajudar a rapaziada.
como diria dicró: nenhum almoço vem de graça.
O casal Garotinho privatizou a segurança pública, sem licitação.
Outro dia peguei um táxi e o motorista tinha acabado de sair de polícia. Pediu desligamento. Disse que não aguentava.
Papo vai, papo vem, ele me explicou o seguinte:
– O pessoal lá na entorpecentes chega no morro e já sai gritando “perdeu, perdeu!”. Os bandidos fazem uma pergunta simples: “tem arrego?” Se tiver arrego, tá tranquilo, se não tiver eles largam o dedo.
Arrego, para quem não sabe é a propina. Como ultimamente tem chegado pouco bagulho nos morros cariocas, os malucos ficam com menos dinheiro e, portanto, mais enfraquecidos para a cobrança policial.
A minha teoria é a seguinte: os policiais não querem ficar sem a cobrança. Se não tiver dinheiro, eles não enriquecem. Então, substitui-se o tráfico pela segurança miliciana.
Um detalhe: todos os policiais têm que aceitar o suborno, mesmo que não queiram. Quem não quiser morre rapidinho. Isso pra quê? Pra dificultar os bons dos maus policiais. Pra instituir a seguinte polícia: se trocar um vai ter que trocar todos.
E o Estado? Tem arrego? É claro que tem…
Rapaz, isso é em campo grande, não?