Três
Written by Bruno Natal, Posted in Resenhas
Hurtmold
foto: Luciano Valério/divulgação
Nesse final de semana, o Los Hermanos comemorou as 50 mil cópias vendidas do seu disco mais recente, “4”, com uma mini-temporada no Canecão. Porém, o número que se destacou foi outro, um pouco menor, mas nem um pouco inferior: o três.
Foi esse o número de shows da temporada e , mostrando que não esqueceram suas origens, foi exatamente esse o número de bandas independentes escolhidas pelos Hermanos para abrir as apresentações: Nervoso e os Calmantes, Hurtmold e Cidadão Instigado. Uma por noite.
Na estréia, com a casa cheia de imprensa e convidados, coube ao ex-Acabou la Tequila/Autoramas/Beach Lizards, Nervoso. Pela penca de referências em comum, sonoridade e temática das letras, Nervoso têm potencial para acertar em cheio os fãs do Los Hermanos, principalmente a parcela insatisfeita com o “4” e saudosos da agitação das turnês do “Bloco do Eu Sozinho” e “Ventura”. Por tudo isso, era um show importante.
Apesar do PA novinho do Canecão, o som embolado que se ouvia (problema que persistiu e prejudicou também o show do Los Hermanos) não ajudou. Os Calmantes, talvez apreensivos com a situação, ficaram meio paradões, deixando Nervoso sozinho no palco e dificultando ainda mais as coisas.
Mesmo assim, a garra da banda, calejada do underground, aliada a boas músicas, superou esses problemas e conquistou aqueles de ouvidos atentos e abertos as novidades. Se dos 2 mil presentes, 100 resolverem ir atrás do que ouviram já valeu a pena. A idéia é essa, de pouquinho em pouquinho, conquistar seu espaço.
Na segunda noite, foi a vez dos paulistas do Hurtmold esquentarem o público. Embora o (vá lá) post-rock instrumental, emulando nomes como Fugazi e Tortoise, pudesse representar um risco diante de um público de características messiânicas, afeito a cantar junto e pular o tempo todo, a banda foi muito bem recebida. E chapou o Canecão por preciosos 30 minutos.
Formado, em 1998, por Maurício Takara (bateria, trompete, vibrafone), Fernando Cappi (bateria, guitarra), Mário Cappi (guitarra), Guilherme Granado (teclado, percussão), Rogério Martins (percussão) e Marcos Gerez (baixo), os integrantes do Hurtmold e os do Los Hermanos se conheceram na gravação do instinto programa de televisão Musikaos, em que bandas tocavam ao vivo. O respeito mútuo virou amizade e desembocou no convite para banda fazer esse show de abertura.
No seu terceiro show para um público tão grande (antes disso, abriram dois shows da Nação Zumbi e tocaram no Sónar Barcelona), o sexteto fez bonito, hipnotizando os presentes com músicas repletas de texturas e referências. O Hurtmold é caso raro, daquelas poucas bandas que se saem melhor ao vivo do que em disco.
As percussões crescem, acentuando a latinidade das músicas, os improvisos rolam soltos e o groove explode entre sacudidas de caxixi, noises de guitarra, programações eletrônicas, linhas de baixo, solos de trompete, melodias de vibrafone e quebradeiras na bateria. É uma alegria ver uma banda dessas tocando num lugar com a estrutura e quantidade de público que merece.
No dia seguinte, domingo, o Hurtmold tocou outra vez, na Audio Rebel, em Botafogo. Misto de loja de discos, estúdio de ensaio e local para shows, é um lugar novo e surge como boa opção para shows de pequeno porte. Nem tanto pela qualidade, é verdade, mas pelo clima.
Apesar do cheiro de argamassa das obras e do calor beirando o insuportável (precisa de, no mínimo, mais três ar-condicionados ali), o cafofo onde acontece os shows acaba sendo aconchegante, deixando o público (de até 100 pessoas) bem perto da banda. É o clima perfeito para “shows históricos” (leia-se: quanto menos pessoas, mais histórico).
Dessa vez com 50 minutos de duração (e filmado na íntegra), o do Hurtmold, com certeza, entrou pra essa lista.
Fala xará..
Engraçado.. Eu fiquei do lado esquerdo do palco na sexta, quase nas poltronas e tinha achado o som bom!! Tava achando muito melhor do que nas minhas ultimas idas ao Canecao e eu nem sabia que eles tinham trocado o PA.. Enfim, mas boa essa de olhar a ‘temporada’ carioca sob o olhar das bandas de abertura, que valiam mesmo a pena!
Abs,
Bruno Maia
Pois é, Bruno, eu tava do lado esquerdo e lá não dava pra ouvir a caixa da bateria, o baixo estava sem pressão e as guitarras pareciam que estavam “entupidas”, som não vinha.
ae Bruno, esse Audio Rebel fica numa casinha amarela que, se não me engano, era um posto dos correios na Visconde de Silva?
abs
Não sei se ali era um Correio, mas é na Visconde Silva sim, número 55, do lado direito, quase na esquina com a Conde de Irajá.
Abs!
Po, fui na sexta e fiquei do lado direito, parece q aconteceu meio q o contrario do lado esquerdo, tava mto grave, o baixo com um som esquisito e ouvia a caixa perfeitamente