sexta-feira

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novembro 2010

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Transcultura #029 (O Globo): Proibido Parar, Aloe Blacc

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Texto da semana passada da coluna “Transcultura” que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Pediu pra parar… parou?
Filmado com um celular, incidente no Centro vira documentário
por Bruno Natal

Jornalista de formação e editor de vídeo, Christian Caselli caminhava pela Carioca, no Centro da cidade, quando uma situação o fez parar, observar e filmar o que viu com a câmera que tinha à mão, no caso, a do celular: a Guarda Municipal tentando impedir um homem de trabalhar como estátua viva.

Ao mesmo tempo, pessoas questionavam a arbitrariedade da ação, visto que tudo que o artista fazia era estar parado numa praça. O resultado transformou-se no curta-documentário “Proibido Parar”, cuja as cerca de 30 mil visualizações no YouTube não dão conta da importância do retrato do Choque de Ordem batendo de frente com as vontades dos cidadãos.

É algo especialmente relevante quando se pensa na importância de se refletir a respeito da eficácia de políticas baseadas no confronto como estratégia de ordem. Abaixo, o diretor conta os bastidores da filmagem de um documentário que simplesmente aconteceu, feito sem planejamento, como apenas hoje seria possível.

Qual a sua formação?

Christian – Sou formado em jornalismo na UFF, mas não exerço. Quer dizer, trabalhei na Tribuna da Imprensa entre 2000 a 2004, mas parei por aí. Puxei também a cadeira de Cinema e Vídeo na mesma faculdade, mas não me formei. Em compensação, hoje trabalho com cinema e vídeo. Ou melhor, prefiro a palavra “audiovisual”. Mais precisamente o audiovisual independente. Nunca passei em um edital, nunca fiz publicidade nem campanha eleitoral. Também nunca trabalhei num longa, mas faço bastante curtas autorais e me aventuro em todos os gêneros. Meu filme mais conhecido até agora é o desenho desanimado “O Paradoxo da Espera do Ônibus”, com umas 430 mil exibições no YouTube. Também trabalho na Mostra do Filme Livre e sou autor do projeto Foto-Celular, que esse ano ganhou uma exposição no Centro Cultural da Justiça Eleitoral.

O que você fazia na Carioca aquele dia? Como percebeu que uma história estava se desenrolando ali?

Christian – Sabe que nem me lembro? Sou autónomo, então faço os meus horários. Tenho adoração pelo Centro do Rio e vivo passeando por lá. Na hora estava até escutando música no mesmo celular que eu filmei, quando vi a muvuca. Deu preguiça de filmar, pois a música era muito boa (acho que era o disco “Rattus Norvegicus”, do Stranglers). Mas vi o que se tratava e percebi que aquilo merecia ser documentado.

A Guarda Municipal tentou impedir?

Christian – Logo quando comecei a filmar, notei que era uma situação muito paradigmática sobre liberdade de expressão. Também me interessou muito o contraste entre o rapaz parado e aquela situação tensa. Eu também estava tenso, pois cogitei a hipótese daquilo dar merda, de tomarem minha câmera ou algo assim. Mas bastou pensar que não se pode ter medo desse tipo de coisa, se não a gente vai sempre se fuder nessa porra. Tem que dar a cara a tapa mesmo. E eu teria o respaldo do povo caso desse algum problema – mas nada houve, pois éramos, no mínimo, uns três caras filmando lá. Teve um que foi mais atrevido e um Guarda Municipal tentou pegar a câmera do sujeito, mas o público imediatamente se manifestou. Cara, foi lindo ver as pessoas indignadas, tomando partido do estátua. Que bom que ninguém se acovardou.

Como foi feito o registro?

Christian – Optei por me manter o mais neutro possível e ouvindo o que as pessoas tinham a dizer. Um momento do qual particularmente me orgulho foi logo depois que tentaram pegar a câmera do “atrevido”. Criou-se uma discussão atrás do artista e, nesse momento, me fixei nele, testando o quanto ele resistiria. E, para a minha “alegria”, foi quando ele deu uma “chorada” (se é que ele chorou de fato).

O que foi falado pós o incidente, quando a GM partiu?

Christian – As pessoas conversaram mais um pouco com ele, que saiu de sua posição imóvel para uma maior discussão. Documentei isso também, mas não me pareceu importante pro vídeo. O conflito já tinha sido solucionado, pelo menos por hora. Depois, tudo voltou ao normal e o povo se dispersou, “cada qual no seu canto, em cada canto uma dor”.

Você conseguiu o contato do artista?

Christian – Consegui, mas burramente esqueci de perguntar o nome dele. Peguei seu e-mail, mas ele não me respondeu. Promova uma campanha pra achar o cara! Pode ser uma boa! Manda o vídeo pro Fantástico.

Qual repercussão que o vídeo teve?

Christian – O vídeo está tendo repercussão. Essa entrevista, por exemplo, é uma prova disso. Em pouco mais de quatro semanas, ou seja, desde quando foi publicado, o vídeo teve cerca de 30 mil acessos e mais de 100 comentários, e foi selecionado para os festivais Visões Periféricas e MOLA, do Circo Voador.

Tchequirau

Soul man contemporâneo, Aloe Blacc, da excelente “I Need a Dollar”, utilizada na abertura do seriado “How To Make It In America”, lançou seu segundo disco, “Good Things”. Coisas boas mesmo.

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  1. Maisa Sanvi
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  3. Maisa Sanvi

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