segunda-feira

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outubro 2011

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Transcultura # 063: SILVA // Wado

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Meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

O doce embalo do SILVA
por Bruno Natal

Esses dias, um EP surgiu na rede e logo chamou atenção. Entitulado apenas “SILVA”, assim mesmo, com tudo em maiúsculas, o link se espalhou pelas redes sociais e a notícia estava dada: tem um artista novo na praça. O nome por trás das faixas é o capixaba Lúcio Souza, 23, terminando a faculdade de violino. As referências eruditas param por aí. As sonoridade mais próximas do lo-fi feito por bandas como Youth Lagoon, Toro Y Moi e El Guincho, música contemplativa, de batidas eletrônicas discretas, pra espreguiçar, e letras em português remetendo a Los Hermanos e Moreno Veloso.

Latest tracks by SILVΑ

– Inicialmente queria um som seco e orgânico, mas aos poucos fui descobrindo um movimento eletrônico com vocal que me agradou bastante. Estava ouvindo o que está rolando na música de vários lugares e quis contextualizar minha música, fazer um som que escapasse um pouco do que eu estava acostumado a ouvir em português. Nessa era da internet não é muito fácil citar todas as influências. Ultimamente tenho ouvido muito os lançamentos da Hemlock, sou fã do Kanye West, gosto de El Guincho, Andrew Bird, gosto da Céu. Gosto de ouvir tantas coisas que não conseguiria apontar uma raíz – explica o Lúcio.

Produzido pelo amigo Lucas Paiva, o disco levou 5 meses pra ficar pronto e todos os instrumentos foram gravados pelo próprio Lúcio, tirando algumas participações. A masterização foi feita por Matt Colton, responsável pelo disco do James Blake.

– Gravei com os instrumentos que tinha em casa: violino, piano, piano elétrico, guitarra, surdo, caixa, sintetizador. O Paiva criou um dos riffs de “Cansei” e em “Acidental”, criou vários elementos e aquele clima embaçado da música. Também convidei um trompetista para gravar as linhas de sopro de “12 de maio”. O EP foi gravado em três lugares diferentes, no Visom, na minha casa e no Costa Brava (casa do Paiva, que co-produziu e mixou o trabalho). Eu toquei o que podia, o Paiva tocou uns synths e só. Eu e o Paiva já gostávamos do trabalho do Matt Colton com o Sandwell District, Frozen Border, Horizontal Ground e alguns trabalhos da cena eletrônica da Europa. O Matt trabalha muito bem com o grave e a intenção era fazer o disco soar assim – lista.

Antes desse projeto, Lúcio já havia tido outras bandas, claro. A experiência mais marcante foi como músico nas ruas da Irlanda, em 2009.

– Cheguei em Dublin no auge da crise econômica e aquele foi o trabalho que apareceu e me sustentou. As pessoas de lá conheciam a banda que tocava na Grafton Street todos os dias. Depois vieram os pubs e os festivais de música independente que acontecem por lá. Acho que isso mudou bastante a minha cabeça musical, antes eu nem pensava em usar meu violino no meu som. A banda tocava uma mistura de blues, r&b, disco e cada um era de um país diferente.

A experiência de gravar sozinho foi produtiva, porém Lúcio está montando uma banda para poder levar o SILVA para os palcos e finalmente interagir com parceiros musicais.

– Fazer sozinho é bem solitário, mas foi a forma que arrumei de fazer o som que me vinha à cabeça. Não consegui achar pessoas próximas a mim que estivessem dispostas a gastar tempo com as músicas. Meus amigos da faculdade são daqueles que lêem partituras como ninguém, mas não conseguem criar um riff de guitarra sequer. Também tenho amigos que tocam muito bem seus instrumentos, mas não têm paciência de investir na idéia. Para fazer todos os arranjos do disco no palco, teria que chamar pelo menos umas seis pessoas. Quero fechar com quatro, mudar alguma coisa ou outra e deixar tudo bem verdadeiro. Estou tentando preencher os vazios com pessoas que tenho conhecido ao longo do caminho.

Tchequirau

Nasceu o disco do Wado. “Samba 808” passa muito bem, tem dez músicas e participações de Marcelo Camelo, Curumin, entre outros, e pode ser visitado (e adotado) em wado.com.br

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