domingo

19

setembro 2010

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Transcultura #020 (O Globo): Roots Manuva, novo Twitter

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Texto da semana passada da coluna coletiva “Transcultura” que publico todas as sextas no jornal O Globo:

O rapper Roots Manuva tem a sua obra remixada em estilo dub
por Bruno Natal

Já se vão dois anos desde que Roots Manuva lançou um disco de inéditas. O último foi “Slime & reason”, de 2008, um hiato bem grande para um rapper que sempre teve bastante coisa para falar. Rodney Smith, a pessoa por trás do Roots Manuva, não é nenhum estranho para a música jamaicana. O rapper londrino tem como hábito lançar versões dub de seus discos, sempre ensopadas de linhas de baixo e graves na pressão.

Assim, “Run come save me” virou “Dub come save me” e “Awfully deep” tornou-se “Alternately deep”. “Slime & reason” veio acompanhado de um EP bônus chamado “Slime & version”. Satisfeito com o resultado do trabalho de Wrongtom (mais conhecido pelas colaborações com o Hard-Fi), neste último Roots Manuva convidou o produtor para fazer versões reggae a partir do seu catálogo.

Surgiu, então, “Roots Manuva meets Wrongtom: duppy writer”, disco que aproxima o rapper ainda mais dos sons da ilha mais marrenta do Caribe. O resultado é tão original que é como se “duppy writer” fosse um disco de inéditas – e, em muitos aspectos, realmente é.

A capa foi feita por Tony McDermott, autor dos clássicos desenhos que enfeitavam os álbuns do produtor Scientist na gravadora Greensleeves e também do Mad Professor. Isso indica que o caminho das produções é o rub-a-dub e o dubtronic. O título faz referência tanto ao clássico “King Tubby meet rockers uptown”, colaboração entre King Tubby e Augustus Pablo, e ao apelido de Lee “Scratch” Perry, também conhecido como Duppy Conqueror.

No patois jamaicano, “duppy” significa fantasma, o que define bem o papel de “escritor-fantasma” de Wrongtom na produção do disco, ajudando Rodney a se expressar a partir do material de arquivo. As novas versões, mais suaves, valorizaram as letras, tornando-as mais fáceis de serem compreendidas do que nas bases originais.

Cada faixa foi reimaginada como se tivesse sido produzida em uma década diferente do reggae, com uma predileção pelo dancehall oitentista e fazendo referências a produtores consagrados, de diversas épocas, como King Jammy, Junjo Lawes, Duke Reed e Dennis Bovell. Como Rodney nunca se preocupou em estar na moda, não há nada de dubstep (vertente mais moderna do dub) nas versões.

Mesmo quem não é familiarizado o suficiente com a discografia do Roots Manuva para perceber as mudanças dos títulos da músicas (“Juggle tings proper” ressurge como “Proper tings juggled”, “Motion 5000?” vira “Motion 82?”, “Buff Nuff” é “Rebuff”) encontrará um disco bacana. A única inédita é a parceria entre Roots Manuva e Ricky Ranking, em “Jah Warriors”.

Se esse trabalho veio só pra esquentar, fica a expectativa do disco de inéditas de Roots, que deve estar a caminho. Enquanto ele não chega, ouça ‘Duppy writer’ inteiro.

Tchequirau

O lançamento mundial da nova cara do Twitter foi dia 14 e vem sendo implementado em cada país pouco a pouco. As informações de cada perfil foram reorganizadas e será possível visualizar fotos e vídeos sem abandonar a página, reforçando o papel de agregador de notícias multimídia do saite. Não é necessário tuitar para a ferramenta ser útil para você.

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