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setembro 2014

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Trancultura #147: Hollie Cook // Cosmos

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HollieCook
foto: divulgação, via Facebook

Texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Filha do baterista dos Sex Pistols e afilhada de Boy George, Hollie Cook lança disco de reggae
Ela chega ao seu segundo disco, “Twice”, conquistando respeito no universo rasta
por Bruno Natal

O reggae faz parte do DNA do punk rock. Desde que o filho de jamaicanos e DJ Don Letts passou a tocar dub e reggae para o público de punk nos seminais shows no The Roxy, em Londres, os sons das duas ilhas vivem uma ligação íntima. Não por acaso, Bob Marley compôs “Punky reggae party”, em 1977, assim como o The Clash chamou o mago do dub Mikey Dread para produzir parte do LP triplo “Sandinista”, de 1980.

Nas voltas que o mundo dá, é o punk que agora impregna o DNA do reggae. Filha do baterista do Sex Pistols, Paul Cook, e afilhada de Boy George, Hollie Cook chega ao seu segundo disco, “Twice”, conquistando respeito no universo rasta. O vocal suave da cantora, que integrou a encarnação mais recente do The Slits, levou a comparações como “uma versão feminina de Horace Andy” (lenda do reggae).

Em sua estreia com “Hollie Cook”, em 2011, fez um bom disco de reggae clássico, sem invencionices, algo que por si só tem mérito, já que é um som dificílimo de se emular nos dias atuais. Calcado nas texturas do estilo lovers rock e puxado pela música “Milk & honey”, que foi parar na trilha do seriado “Grey’s anatomy”, o sucesso levou ao convite para participar da coletânea de covers do disco “Back to black”, de Amy Winehouse, organizada em 2012 pela revista “Q”, cantando “You know I’m no good”. Sua versão, claro, foi um reggae.

SONORIDADE DOS ANOS 1970

Logo após “Hollie Cook”, o engenheiro de som e produtor inglês Prince Fatty — também conhecido como Mike Pelanconi, com trabalhos com Gregory Isaacs, Dub Syndicate, Adrian Sherwood, A Tribe Called Quest, Pharcyde e Lily Allen no currículo — entortou tudo no sensacional “Prince Fatty presents Hollie Cook in Dub”. A sonoridade remete à matriz original dos anos 1970 e 1980. Prince Fatty se orgulha de ter feito o disco à moda antiga: gravado em equipamentos analógicos e editando as fitas através de cortes com navalhas.

Em “Twice”, Hollie dá continuidade à parceria com Prince Fatty e conta com participações de George Dekker (Pioneers) e Dennis Bovell (colaborador de décadas do poeta dub Linton Kwesi Johnson). O disco de versões dub influenciou diretamente o trabalho original, e o resultado é o que a cantora chama de “tropical pop”.

Desconsiderando-se a redundância de aplicar um termo desse ao reggae, ele explica a presença forte das linhas de baixo, arranjos de cordas e steel drum. Há uma maior influência sessentista nos vocais e até algumas faixas com pegada mais sombria. Mas “99”, “Desdemona” e “Tiger balm” vão por caminhos mais tranquilos e são boas para espreguiçar, na melhor tradição do reggae.

Tchequirau

Dá pra assistir online a refilmagem da série “Cosmos”, originalmente apresentada por Carl Sagan nos anos 80 e agora capitaneada pelo astrofísico Tyson Neil deGrasse.

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