The Alexandre Rolinha Show
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Circo Voador
foto: DaniMaia
Os comentários do texto do Alexandre Rolinha, produtor do Circo Voador, sobre o show do Radiohead e do Sonic Youth no Chile transformaram-se uma boa discussão sobre o estado atual da produção cultural no Rio. Entre outras pérolas, Rolinha soltou essa aqui:
“A função do promotor é juntar a fome com a vontade de comer, mas não dá pra gente ficar dando comidinha na boca do público que tá com as mãos ocupadas coçando o saco.”
Uia.
Eu não tinha visto os comentários do outro post, é uma boa discussão sim. O Rolinha é muito gente boa e já correu vários riscos pra trazer bandas legais pro Rio, o Justice sendo um bom e recente exemplo. Não tem como criticar o cara.
E foi ótimo ele ter colocado o dedo na ferida com o lance do Radiohead. É muito esclarecedor sobre o público do Rio o fato do show não ter esgotado. E, na boa, desconfio que se não fosse os Los Hermanos terem entrado na parada o bagulho ia ficar meio vazio, haha.
Eu mesmo já produzi muita coisa e ficava puto com o péssimo gosto dos cariocas. Hoje concordo com o Bruno, é uma cidade que tem que ser encarada de forma diferente. Dá trabalho e é sempre um risco trazer música mais sofisticada pra cá, mas também não dá pra achar que as pessoas tem que ter o mesmo gosto de SP ou Londres.
Só fiquei puto que o Rolinha não subornou o agente do Jesus and Mary Chain pra tocar no Circo. E que o Lux Interior morreu antes de tocar lá, isso sim ia ser histórico.
Os dois lados (produtores e público) estão cheio de culpa nessa história. Os exemplos que o Rolinha citou mostram bem a culpa do público, mas também a gente pode citar vários exemplos de bandas boas vindo pro América do Sul e nenhum produtor (nem paulista) se coçando. Além do Sonic Youth/Blondie de agora, já teve Happy Mondays, Datarock, Dandy Warhols (Argentina), Mars Volta, Cut Copy (Colômbia). Se der uma googlezada virão muitos outros. Na época do Rock in Rio os argentinos foram malandros e pegaram várias rebarbas nossas. Enfim, existe um problema de público no RJ sim, mas tem muito produtor boca-aberta por aí……