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terça-feira

18

janeiro 2011

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Twilight Circus Dub Sound System no Rio (entrevista)

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O Twilight Circus Sound System e seu picadeiro de um homem só, o canadense Ryan Moore, toca no Circo Voador no dia 22 (sábado), com o lendário toaster jamaicano Eek-A-Mouse, Sozales Dub, Cidade Verde e os anfitriões do Digitaldubs.

MPC, do DD, conversou com Ryan e mandou o papo para ser publicado no URBe:

Em suas produções Ryan é capaz de tocar todos os instrumentos, além de gravar e mixar suas músicas. As raras exceções são quando ele deixa alguns cargos para músicos do naipe de Sly & Robbie, Chinna Smith, Style Scott, Mafia & Fluxy, etc.

Os primeiros lançamentos de Twilight Circus foram disco de dub bem experimentais e psicodélicos que chamaram a atenção pela linguagem old scholl e ao mesmo tempo uma sonoriadae nova e original. Com cerca de 20 álbuns solo, o projeto foi se popularizando pelas parcerias com artistas como Michael Rose, Gregory Isaacs, Big Youth e DJ Spooky.

Depois de apresentações pela Europa, EUA, México e Japão, Twilight Circus agora chega ao Brasil.

Envolvimento com reggae, dub e sound system:

Comecei a me envolver com música, bandas e reggae em 1981, quando eu estava ouvindo uma grande quantidade de roots e comecei a aprender contrabaixo tocando ao som dos discos. Isso foi durante a era de ouro da música jamaicana, pegando ainda o fim do roots dos anos 70, então eu tive a sorte de estar imerso nessa vibe quando era um novo acontecimento. É por isso que você ouve elementos da velha escola em minhas produções.

Também comecei a me interessar por dub na mesma época – quando ouvi pela primeira vez, pensei “uau, este é o meu tipo de música!”. Durante toda a década de 80 eu costumava colecionar todo LP de dub que eu podia encontrar e tentava promover essa música para qualquer um que se interessasse, fazendo mixtapes em fita cassete.

Fiquei espantado, mais tarde, na década de 90 quando houve um total aumento de interesse sobre dub em todo o mundo, e como o estilo, e King Tubby, em particular, teve uma grande influência sobre a produção musical além do reggae, como na música eletrônica, a cultura do remix e assim por diante.

Eu finalmente consegui ver Jah Shaka sound system, pela primeira vez no clube Rocket em Londres em 1997. Foi uma mudança de vida! Eu não podia acreditar que no efeitos poderoso das vibrações do som, dos feitos e da seleção.

Isso causou uma impressão muito grande em mim e desde então tenho sido um viciado em sound system! Uma vez você já experimentou isso, é difícil voltar a apreciar bandas ao vivo e coisas dessa natureza. Eu amo a cultura sound system!

Processo de criação e produção:

É sempre uma atividade divertida criar música e eu tento olhar para isso como “ir à procura da música”. Eu uso o meu instinto e experiência para tentar chegar com idéias e indicações que pareçam interessantes. Às vezes, é como se tudo que você faz é ligar a sua antena e se conectar a uma grande nuvem de idéias flutuando acima de você.

Quando se trata de produzir realmente um artista, então o foco tornar-se mais sobre o que eu acho que representa o artista da melhor maneira possível. Por exemplo, os álbuns que eu fiz com Michael Rose, eu trabalhei duro para escrever o material adequado para seu estilo e status icónico.

Analógico vs digital:

Hoje em dia eu uso uma mistura de ambas as tecnologias. Sendo “old school”, a minha referência é mais pros instrumentos ao vivo, fita analógica e válvulas. Eu tive sorte o suficiente para pegar alguns desses anos, da tecnologia antiga de estúdio – mas isso tem um preço, sob a forma de muit dor de cabeça e os custos extras! Eu ainda mixo usando fita, pessoalmente acho agradável. Porém, definitivamente, a facilidade e menor custo de trabalhar digitalmente hoje em dia, é algo a ser levado em conta. Então o que conta é o resultado final e realmente não importa como você chegou lá.

Multi-instrumentista vs músicos convidados:

Eu posso tocar quase todos os instrumentos – menos os metais – mas, ao mesmo tempo, acho que é emocionante ouvir o que outras pessoas podem trazer pra música. Eu realmente gosto das contribuições e novas idéias de outras pessoas.

Uma das coisas que mudou nos últimos anos foi que comecei a trabalhar mais com grandes bateristas como Sly Dunbar, Style Scott e Mafia (da dupla Mafia & Fluxy). Esses caras podem tocar tão bem, uma batida muito sólida – o que ajuda a tomar as produções para outro nível. Eu costumo tocar a maioria das linhas de baixo e muitas vezes os outros instrumentos também, mas tenho trabalhado com grandes pessoas que realmente agregam grandes toques e experiências para a música como Dean Fraser, Chinna Smith, Skully por exemplo.

Para as gravações, eu tive pessoas no meu estúdio na Holanda e também em sessões na Jamaica e em Londres. Uma das sessões mais memoráveis que posso pensar foi a primeira vez que trabalhei com Dean Fraser, onde ele e Bobby Ellis (com mais de 70 anos) haviam dirigido direto da Suécia, depois de um show de 3 horas e vieram ao meu estúdio para gravar os metais até cerca de 4 horas da manhã. Foi incrível ver esses caras apenas focados na música e tentando atender as músicas – sem queixas sobre cansaço ou qualquer coisa. Foi uma coisa inspiradora para ver.

Gravações na Jamaica:

Esta é sempre uma experiência interessante, tratando todos os tipos de situações e personalidades. Adoro a magia que acontece quando um artista atinge seu ápice e você pode apenas dizer o que está passando pelo microfone não tem preço.

As gravações com Lutan Fyah era assim – ele fez sua lição de casa, entrou no estúdio e colocou sua voz em um único take em “We Can Make It Work”. Normalmente as pessoas querem fazer um bom trabalho. Às vezes você tem de encontrar formas de incentivar ou inspirá-los a obter os resultados desejados.

Eu fiz sessões em estúdios realmente básicos nos guetos de Kingston e também em alguns dos melhores estúdios como Tuff Gong. Em algumas situações você vê que as coisas podem ficar descontroladas, mas você tem que lembrar você está só de passagem e então tem que ir com o fluxo.

Outra coisa é que, sendo um fã de música, às vezes há uma barreira mental para superar quando se trabalha com artistas de alto nível – como o tempo que fiz sessões com Sly and Robbie. Em um certo ponto eu estava pensando comigo mesma “isso é loucura – aqui estou eu com esses grandes pilares, meus maiores heróis de quando eu era criança e eu devo estar dizendo a eles o que eu quero que eles façam?”.

Um selo independente com catálogo impressionante:

Obrigado pelas gentis palavras! Houve muito trabalho desde que comecei a lançar discos em 95. Obviamente, a maior mudança no negócio tem a ver à queda mundial da vendas de discos. Eu tive sorte o suficiente para experimentar o histórico máximo de vendas de discos no final dos anos 90 e as coisas eram bem diferentes.

Assim, você só tem que se adaptar, calibrar e responder aos desafios. Eu não fui lançado muita coisa nos últimos tempos, mas eu pretendo dar ums gás nas produções novamente em 2011 com alguns novos vinis e outros lançamentos. Tenho uma tonelada de trabalhos inéditos à espera deve ver a luz do dia.

Viajando pelo mundo:

O que me espanta é o escopo internacional da cena – eu vou aos lugares ao redor do mundo como Londres, Europa, México, Japão, etc e vejo uma multidão semelhante de pessoas legais entrando nas vibrações, como se houvesse algum tipo de consciência global que se espalha ao redor do planeta e atrai as pessoas para essa cena dub. Mesmo em todas estas culturas e lugares diferentes, é como houvesse um fio que conectando as pessoas.

Eu adoro fazer apresentações ao vivo – a ligação com as pessoas, sentindo a vibe nas festas e experimentar novos lugares e culturas. Estou realmente animado sobre a ida ao Brasil, era número um na lista de lugares que eu queria ir há anos. Só ouço todos os meus amigos do Reino Unido os melhores relatos sobre suas experiências no Brasil – assim, eu não pode esperar para conferir a cena!

Vai ser fino.