No Questions Asked Archive

segunda-feira

25

fevereiro 2013

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Transcultura #107: No Questions Asked // Deu no NYT

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Meu texto da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Jogo No Questions Asked NYC dá dinheiro nas ruas da cidade
Enigmas são expostos por redator de programas de TV e palavras cruzadas
por Bruno Natal

De pé no parque High Line, jardim suspenso construído sobre o trecho elevado dos trilhos de uma linha de metrô desativada no sul de Manhattan, em Nova York, David Levinson Wilk aguarda calmamente alguém desvendar o enigma impresso numa grande folha de papel branca apoiada sobre um cavalete. Algumas pessoas tentam decifrar o significado da palavra “MOM” escrita oito vezes, sem sorte. Esbaforida, uma menina chega correndo e pergunta se ainda há tempo de responder. David diz que sim, e ela crava: “octomom”, mãe de octogêmeos. A resposta estava correta. Sanji, a vencedora, dá pulos de alegria e posa para a foto da vitória com o motivo de tanto esforço: uma nota de US$ 100, o prêmio por sua esperteza.

O jogo chama-se No Questions Asked NYC e tem se repetido de segunda a sexta, em algum ponto de Nova York, divulgado por Twitter, Tumblr e Facebook, com uma foto do enigma. Redator de jogos para programas de TV e palavras cruzadas por toda sua vida adulta, David queria criar seu próprio jogo.

— O objetivo era premiar as pessoas por estarem engajadas no seu próprio ambiente — conta ele. — Sabia que não podia ser um jogo baseado em conhecimentos gerais, pois os desafios não durariam tempo o suficiente. Os enigmas em formato de imagem são para atrair os olhos sem produzir uma resposta imediata.

A brincadeira começou em novembro e todas as pessoas que ganharam foram pedestres que passaram em frente ao cartaz e tentaram a sorte, David não aborda ninguém. Se alguém pergunta do que se trata, a resposta é sempre a mesma: “É um enigma. Se você for o primeiro a dar a resposta correta, ganha US$ 100.” É o suficiente para conquistar a atenção. E a conquista vicia. Sanji já faturou mais US$ 200 depois do primeiro acerto, assim como outros participantes que ganharam mais de uma vez após passarem a seguir o jogo on-line e correrem para onde o enigma estiver.

Até aqui, David pagou a conta dos prêmios sozinho.

— Após seis semanas, minha namorada disse que eu não podia mais gastar o meu, o nosso dinheiro. Ela fez bem em me fazer pensar, já estava ficando viciado em distribuir meu próprio dinheiro. Uma alternativa pode ser abrir uma campanha de crowdfunding no KickStarter para levantar fundos — diz ele.

Tantos encontros, claro, renderam boas histórias.

— A última vencedora, no Central Park, passou correndo e parou para perguntar o que eu estava fazendo. Ela estava determinada e, após 20 minutos, conseguiu. Ela se jogou no chão de felicidade, e pessoas que passavam perguntaram se eu tinha acabado de a pedir em casamento. Houve também um dia no Harlem em que duas pessoas, sem relação uma com a outra, me perguntaram se os enigmas eram instruções sobre o que fazer quando alienígenas invadissem a Terra. Sem brincadeira.
Afinal, qual é o objetivo?

Além da satisfação da brincadeira, muita gente faz a mesma pergunta. Afinal, qual é o objetivo do projeto?

— A motivação principal foi saber que seria divertido para mim e para os outros. E também ser uma ideia que eu podia produzir com total controle criativo. Crio os enigmas, escolho os lugares, tudo. Cresci em Nova York, cidade que amo muito, então é também um tributo a esse lugar. E, se transformar isso num programa de TV que dure anos, tudo bem.

Tchequirau

Uma repórter do New York Times passou uma semana no Rio com a filha de sete anos e escreveu sobre suas impressões para a sessão de viagens do jornal. A ideia era comprovar se o Rio Maravilha vendido no exterior era pra valer. Suas impressões foram muito mais próximas da realidade, claro, do que a propaganda. E nada de faniquito com as críticas feitas à cidade, hein, leitor.