lucas febraro Archive

terça-feira

13

dezembro 2011

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Pazes e Psilosamples e o Brasil no Novas Frequências

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A noite de encerramento do Novas Frequências não estava programada para acontecer exatamente como aconteceu. A atração inicialmente divulgada era o guitarrista Mark McGuire (do Emeralds), que cancelou sua vinda, em cima do laço. Ainda que tenha feito bastante falta (era o que mais queria ver), a solução encontrada acabou por enriquecer o festival, adicionando atrações brasileiras – Pazes e Psilosamples – numa programação que antes só trazia nomes internacionais.

Infelizmente, atrações brasileiras não causam o mesmo frenesi no público (porque sempre dá pra ver depois? Vai saber…) e o domingo foi também a noite com menos procura por ingressos. Estava cheio, porém não houve a disputa por entradas que se viu nas outras datas. É uma pena. Quem não foi, perdeu a chance de conferir ao vivo dois caras que não, não dá pra ver depois tão facilmente assim, porque raramente passam por aqui.

O brasiliense Pazes, por exemplo, nunca tinha se apresentado no Rio. O moleque quebrou tudo. Seguindo a linha sonora da beat scene angelina, capitaneada por Flying Lotus (e seu hip hop instrumental e viajandaço), Pazes esgarça o espaço artificialmente através de reverbs e delays (como no pós-dubstep dos ingleses Burial e James Blake) e esquenta as coisas com uma estética lo-fi, com camadas de “sons naturais” criadas – atenção para o paradoxo – no computador.

Apresentando-se com um laptop, controladores e um microfone, Lucas Febraro reconstruiu ao vivo suas produções, como a versão de “Sétimo Andar”, do Los Hermanos. Bastante derivativo do que tem sido feito mundo afora, sim. Porém, hoje “o mundo” está (é?) em rede, e fronteiras geográficas fazem cada vez menos sentido. Pazes está alinhado com o que está sendo feito no exterior, sem deixar nada a dever.

O mineiro Psilosamples, por sua vez, faz música eletrônica sampleando elementos da música brasileira, drum n bass com tamborins, 2×4 com sanfona. Criativo e original, porém sem o apuro técnico demonstrado pelo Pazes. Agora que já se encontraram no palco, quem sabe um não influencia o outro.

segunda-feira

17

outubro 2011

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Transcultura # 062: Pazes // PressPausePlay

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Meu texto da semana passada da coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Paz da música eletrônica
Estudante Lucas Febraro mistura influências variadas para fazer colagens etéreas e espaciais
por Bruno Natal

Estudante da Universidade de Brasília, Lucas Febraro é um cara da paz. Gostava de tocar guitarra e MPB, era fã de Martinho da Vila e Paulinho da Viola, até conhecer a música eletrônica, interessar-se por hip-hop e compor com sintetizadores, samplers e baterias eletrônicas e no computador. Depois disso o sujeito nunca mais foi o mesmo. Tudo mudou. Ou quase tudo. Mesmo chafurdado no temido mundo da música eletrônica, Lucas continuou na paz.

Limbo by Pazes

Tanto é que seu projeto se chama simplesmente “Pazes”. As colagens são etéreas e espaciais, soando como um Flying Lotus dopado. Bom exemplo é a releitura que fez de “Do sétimo andar”, do Los Hermanos. Da original, apenas o vocal de Rodrigo Amarante resistiu, envolto em camadas de teclado, empurradas por um bumbo pulsando de maneira irregular, sem batidas, apenas um contratempo aparecendo aqui e ali. A melancolia da música saltou uns sete andares.

Sétimo Andar by Pazes

– Os vocais em “Do sétimo andar” tiveram algo de Toro Y Moi como inspiração, mas qualquer semelhança fora isso não é intencional. Minhas influências mais fortes são a beat scene de Los Angeles, do Flying Lotus, Teebs, Jeremiah Jae e Matthewdavid, e o dubstep do Burial, James Blake e Blue Daisy – diz ele. – Ando ouvindo também discos muito interessantes de percussão de umbanda e de órgão dos anos 1950 e 60, tipo André Penazzi.

Lucas jogou “Do sétimo andar” e outras faixas on-line e acabou lançando um EP pela Exponential Records, gravadora fundada e gerida pelo Ernest Gonzales, do Mexican With Guns. Após entrar em contato com eles em 2010, em fevereiro deste ano saiu “Pazes, The Southpaw EP”. No mesmo mês da estreia, Lucas se inscreveu na disputada Red Bull Music Academy – evento itinerante que reúne, a cada ano, 30 instrumentistas, DJ, produtores e outros profissionais da música, para oficinas, palestras e apresentações – e foi selecionado para o encontro deste ano, em Madri, de 23 de outubro a 25 de novembro.

– Pretendo lançar outro EP ou LP em breve, antes ou logo após a academia, acho que já amadureci muito musicalmente desde o EP na Exponential e que ele não serve mais de base pra mostrar onde estou. Estou prestes a começar a me apresentar ao vivo, estou me preparando pra tocar en Madri, onde, além das oficinas e atividades, vou me apresentar à noite – fala o produtor.

Com tantas referências estrangeiras, Lucas diz não encontrar muitos pares na cena brasileira, embora admire alguns artistas.

– Nunca ouvi nada muito parecido com o que eu faço no Brasil, os artistas de música eletrônica aqui tendem a ser muito influenciados por gêneros como house, jungle, drum’n’bass, coisas que eu nem sei distinguir muito bem em sonoridade. Ou então fazem coisas tipo electrobossa, principalmente os mais >ita

Tchequirau

“Press pause play”, documentário sobre a revolução digital, o consequente impulso criativo e os efeitos dessa democratização da cultura, cujos trechos pipocaram na rede ao longo do ano, já pode ser visto na íntegra na página do filme.