Juntando-se a “6 Foot e 7 Foot” e “John”, mais uma música do aguardado “Tha Carter IV” (ainda mais depois do fraco “Rebirth” e do ok “I Am Not A Human Being”) apareceu: “How To Love”.
É uma baladinha, na onda de “Mrs. Officer” e “Lollipop”, daquelas feitas pra tocar no iPod das meninas e garantir as vendas do disco. É boa, mesmo que o violão ameace virar “Love Generation” a qualquer momento.
Primeira música do aguardado “The Carter IV”, Lil Wayne tira onda com “Inception” no clipe de “6 Foot 7 Foot”. O característico sample em loop faz referência a outro filme, “Os Fantamas Se Divertem”.
Texto da semana passada da coluna “Transcultura” que publico todas as sextas no jornal O Globo:
O antidiretor de clipes Vincent Moon faz vídeos inovadores para nomes como Phoenix, Arcade Fire e The National
por Bruno Natal
O primeiro contato com Vincent Moon foi estranho. Responsável pelo início (e por boa parte do acervo) da elogiada série de vídeos “Take Away Shows” do saite francês La Blogotèque, iniciada em 2006 e com a qual ainda colabora esporadicamente, o sujeito recusou a entrevista por e-mail, pedindo para procurar as respostas “pela rede”, antes de propor um papo via Skype pra falar da sua visita ao Brasil para ministrar oficinas em São Paulo, conhecer o Rio e viajar pelo nordeste por dois meses. Enquanto falava, era possível escutar do outro lado o estalar do seu teclado, respondendo emails e conversando ao mesmo tempo, sem perder a atenção.
A hiperatividade ajuda a explicar como esse francês conseguiu, em poucos anos, realizar vídeos com alguns dos principais nomes do pop contemporâneo, numa lista de respeito: Phoenix, Yo La Tengo, Fleet Foxes, Yeasayer, Animal Collective, Tom Jones, Sigur Ros, The National, Arcade Fire, The Shins, Of Montreal, Sufjan Stevens, Bon Iver… Iniciada por acaso, a série já retratou mais de 100 artistas mostrando suas músicas em situações intimistas e pouco usuais, como o Phoenix tocando num ônibus de turistas por Paris ou os artistas da argentina ZZK Records se apresentando em sequência nos cômodos de um casebre em Buenos Aires, realizando uma mixtape visual.
– Não gosto de vídeoclipes, a interação com a banda não é interessante – explica Vincent.
Falando sobre o mais recente projeto da Blogotèque, “Le Soirés de Poche”, do qual também participou no início, Vincent não demonstra muita empolgação:
– É muito ruim, totalmente oposto a filosofia do que eu que gosto, é muito formal, um formato muito parecido com o da TV. Não tenho falado mais muito com eles, não estou focado em indie rock e folk, não quero ficar preso a isso, quero mudar. Estou fazendo coisas com outras pessoas. Ainda envio alguns filmes para eles, mas vou parar em breve. É bom demais para eles.
Mudanças parecem mesmo fazer parte do processo de Vincent. Em sua página no Vimeo vai publicando os filmetes com os artistas que conhece nos países que visita. Falando do Brooklyn, em Nova York, a caminho do país para a série de oficinas na Academia Internacional de Cinema, o cineasta não faz planos. Adepto do improviso, nem mesmo o que vai filmar no Brasil está definido. Utilizando a rede de contatos construída com a exposição de seus vídeos na rede, a forma de trabalho tem tudo a ver com a própria internet, onde a informação circula livre, sem fronteiras ou impeditivos comerciais.
– Trabalho na base da troca com os artistas. Estou há dois anos viajando pelo mundo a convite de festivais e oficinas, não tenho casa. As pessoas me convidam para comer ou beber porque são minha amigas, basicamente, dinheiro não está envolvido. Embora as vezes receba por palestras e exibições, pra mim não é trabalho, é diversão, aprendo muito nesses eventos. Tento manter meus filmes longe dessas questões financeiras, trabalho com poucas pessoas, não preciso de muito. Dinheiro é um pé no saco. Mas se eu for pago, melhor, pois me possibilita realizar mais coisas.
Fissurado na Tropicália, Vincent quer filmar Tom Zé, Caetano e também Hermeto Paschoal. De novos nomes, citou Kassin +2, Garotas Suecas, Orquestra Imperial e Holger. Ao ouvir que um encontro com Caetano não era algo impossível, ficou empolgado:
– Sério? Cara, se você conseguir armar essa podemos fazer esse filme juntos!
É o método de Vincent em resumo, agregando colaboradores oferecendo participação em suas ideias. Funciona que é uma beleza.
O rapper nova-iorquino Nas e o deejay jamaicano Damian Marley juntaram forças e lançaram “Distant Relatives”Não é a primeira vez, os dois gravaram “Road To Zion” no disco “Welcome To Jamrock”, que trouxe respeito para Damian para além de ser filho de Bob Marley.
Produzido pelo irmão de Damian, Stephen Marley, traz participações de Lil Wayne e Dennis Brown. Apesar do nome estranho, o disco é uma homenagem aos estreitos laços entre o reggae e o hip hop.
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Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.