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segunda-feira

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maio 2014

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Transcultura #137: Manara // Naofo.de

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Manara_Transcultura_OGlobo_2014

Versão integral e sem edição do texto de março da “Transcultura” (coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo) e esqueci de republicar aqui:

Os vários caminhos de Manara
por Bruno Natal

Com sua estréia, “Ihnteractions”, o carioca Pedro Manara, 21, foi logo colocado na prateleira techno. Ele próprio diz que não consegue se definir apenas em um estilo e uma audição atenta do disco comprova isso. As batidas 4×4 estão presentes, mas o ritmo quebradosda faixa título que abre o disco, as frequências de grave assombrosas do encerramento com “Man, Mytho”, passando por samples irreconhecíveis de Bjork, Mary J. Blige e Little Dragon, um clima espacial e sombrio mostra que outros caminhos trouxeram Manara até aqui.

– Quem ouve meus DJ sets não acredita que é o mesmo produtor do álbum e vice-versa. Não preciso estar em um só quadrado. A linguagem musical é sem limites – diz Manara.

“Ihnteractions” é o primeiro lançamento do seu próprio selo, Domina, que toca em parceria com Marcelo Mudou. O próximo será “Colorine”, do Kinkid. O Domina conta ainda com Gorilla Brutality e otimoKarater, todos do Rio. Este mês o selo fará uma residência no Comuna durante quatro fins de semana.

– O retorno está sendo legal, estamos nos organizando pra fazer esses lançamentos em formato físico. Já temos também um sub selo no forno, porque a necessidade de saída de material é grande e um selo com um conceito definido como a Domina não comporta – conta ele.

Na página do Domina ele é definido como “um selo que presta atenção no tipo de música que combine com a chuva, com os dias nublados. Nossa influência vem do techno, mas não como forma de restrição”. Entre as influências pessoais, Manara cita compositores do leste europeu e um brasileiro de peso.

– Me inspiro em minimalistas, como Arvo Pärt e Alexander Knaifel, e em Naná Vasconcelos. Tudo que você escuta no meu álbum sempre é eco de minhas influências.

Para Manara, suas reações sonoras são uma resposta ao que ouvia nas pistas. O “jovem revoltado”, como ele próprio se intitula, não aceitava que apenas a mesma linguagem sonora e timbres tivessem espaço. O techno foi apenas a melhor resposta que encontrou.

– É engraçado como acontece essa relação entre expressão pessoal e rótulo no meio da música. Já não tenho a mesma relação com o ambiente externo, a necessidade de desafiar não é a prioridade. O entendimento de que o techno não é só uma timbragem especifica, mas também uma forma de encarar o arranjo da musica 4/4, muda tudo.

Manara diz que não se sente sozinho e produtores que tem começado a se destacar, formando uma cena.

– É inegável a existência de uma cena de produtores no Rio e no Brasil. Tem quem fomente o bonde, como o Chico Dub, e também uns caras como o Carrot Green, Ney Faustini, Sants, Casanova, de Porto Alegre, e L_Cio, de São Paulo. Essa semana haverá o primeiro lançamento do selo Cana, do Pedro Fontes (Wobble), Bruno Queiroz (Manie Dansante), Flavia Machado (Klang) e Marcelo Mudou. Está todo mundo a mil. Há uns anos via alguma dificuldade, hoje só não faz quem tem medo.

E Manara já se prepara para vôos mais distantes.

– Vou viajar para Europa e passo três meses fora, com algumas boas apresentações em vista. Vai ser uma boa porta de entrada e um bom tempo de estudo de pista de dança.

Tchequirau

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