Segundo relatos, uma turma invadiu a “pista prime” do show do Iron Maiden ontem, no HSBC Arena, e o resultado foi o início de um tumulto, suficiente pra banda cancelar a apresentação ainda na primeira música. O show foi transferido para hoje, segunda-feira.
Mais uma prova de que as imbecil pista vip não pode dar certo? Assistir show colado no palco é posto, merecimento, não é pra ser comercializado.
Para alguns, o sofrimento de Amy Winehouse tomou a frente da música e em sua passagem pelo Brasil não foi diferente. Marcas criaram promoções em cima da desgraça, uma simples perda de equilíbrio no palco virou notícia e os “fãs” celebravam os goles na caneca misteriosa (sempre seguidos de um forte golpe com a cabeça para trás) durante o show. Amy tranformou-se num personagem de si mesma e seu sofrimento é o maior espetáculo.
Para quem realmente gosta de música, é de se lamentar assistir tanto talento se desmanchando. Não bastasse o teto de zinco e a estrutura de metal e concreto fazendo o som ricochetear, durante todo o show Amy enfrentou um inimigo maior na última terça (e em toda turnê): seus próprios demônios. Durante quase todo show ela abraça a si mesma, num esforço enorme para executar seu trabalho.
A expressão triste, o olhar perdido, o esforço para lembrar as letras, a despreocupação com o péssimo uso que fazia do microfone, a vontade de sair do palco a todo instante indicam que, apesar de estar lá em carne e osso, Amy não estava presente de alma. Para um artista de soul, isso é a morte.
A ótima banda segurou a onda, os vocais de apoio fazendo a cama para que Amy pudesse, na maior parte do tempo, fazer vocalizes e arremedos de letras, enquanto olhava entediada, enfadada para pista VIP (não é curioso que os ingressos milionários tenham surgido justo quando a classe C começa a ter algum crescimento econômico?).
A voz ainda está lá, o timbre inconfundível, lindo, quase intacto, sem potência. A cabeça de Amy estava a milhares de quilômetros dali. Dadas as circunstâncias, até que o show não foi terrível. Foi apenas triste.
Antes da diva, a performática Janelle Monáe mostrou que é muito boa de fantasias, de pintar quadros enquanto canta (se lançasse laranjas ela faria malabares) e de referências, porém, muito prejudicada pela péssima acústica da HSBC Arena e pelo blá blá blá de quem paga R$ 700 para conversar em frente ao palco, foi muita presepada para pouco som.
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/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.