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segunda-feira

18

julho 2011

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A baleia de Amsterdã

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'The Whale'

O episódio da série “e2”, produzida pela PBS, sobre a revitalização da zona portuária de Amsterdã é uma aula de urbanismo. Assisti por acaso outro dia no Globosat HD – pena que a transmissão foi interrompida para exibição da reprise de um jogo de futebol.

Aqui no Rio pouco se vê governos investindo em tornar novas áreas atrativas, com estrutura. Fala-se da “revitalização do porto”, porém foca-se apenas em abrir empresas, comércio.

Não se escuta falar em construir um novo bairro, como foi feito recentemente na zona portuária de Amsterdã, atraindo jovens, recém-casados, gente formando famílias, iniciando a vida.

The Whale 03

Daria para criar um novo bairro no porto, jovem, com moradias e escritórios acessíveis, bares, casas de show e toda estrutura que faz a zona sul tão atraente. Tornar uma região tão completa que ela rivalize com as mais conhecidas.

Teria muita gente se mudando para um lugar assim, simplesmente porque faria mais sentido morar ali do que pagar preços exorbitantes para morar em outro lugar.

'The Whale', Amsterdam, Holanda

A experiência no Rio nesse sentido é péssima, com conjuntos habitacionais em lugares ermos, abandonados. Muita gente tem falado da especulação imobiliária nas favelas, numa zona sul sem um palmo livre para novos empreendimentos. Não há preocupação em criar zonas residenciais e sim em afastar a “pobreza indesejada”.

O mais próximo de um novo bairro é a Barra, só que não tem um planejamento no sentido de atrair pessoas por algum motivo, é simplesmente expansão da cidade, replicando os problemas. E esqueceram das esquinas.

Em Amsterdã, como em Londres, os novos prédios obrigatoriamente possuem unidades de residências sociais, administradas pelo governo. No prédio dessas fotos, carinhosamente chamado de Baleia, o primeiro andar é social, a cobertura, casa de milionários.

Não há alternativa a integração que não seja a integração de fato. A zona sul não vai aumentar e não cabe todo mundo. Mais do que expandir, a cidade precisa reinventar seus espaços.