A dupla conhecida como Studio ataca em duas frentes diferentes, separados, sempre com conterrâneos suecos.
A cantora Sarah Assbring faz experimentações com o folk a frente do El Perro Del Mar, sem se distanciar muito do padrão. Talvez tentando ousar um pouco mais, ela convidou Rasmus Hägg para produzir o EP “Love Is Not Pop”, introduzindo elementos eletrônicos até então estranhos a sua música.
Funcionou muito bem, principalmente na primeira música de divulgação, “Change of Heart”. O disco traz uma versão de “Heavenly Arms” (Lou Reed), que acaba justamente quando toma sua melhor forma.
Não foi apenas a dimensão dos shows ique mudaram. A acolhida calorosa pela imprensa começou a se tranformar em pedradas, sem motivo aparente, além da menina estar começando a se destacar.
Tanto a velocidade quanto a voracidade da rede não permitem a um artista flutuar entre esses extremos por muito tempo. Os shows de lançamento do disco em Londres ganharam mais importância. Lykke precisava, novamente, se provar.
URBe TV: El Pero Del Mar
Também da Suécia, o El Perro del Mar ameaçou fazer um show sem graça, que terminou sendo interessante.
As três primeiras músicas enganaram. No formato voz e violão, davam a certeza de mais uma cantora de folk (quantas mais?). Isso até outros músicos chegarem pra tocar piano, baixo, sampler, engrossando o caldo.
A cantora Sarah Assbring, integrante única do El Perro del Mar e que ao vivo tem um timbre lembrando, ainda que de longe, Beth Gibbons (Portishead), colaborou, se arriscando na flauta e no teclado, deixando tudo pronto para a amiga Lykke Li.
URBe TV: Lykke Li, “Can I kick it” (A Tribe Called Quest)
Imagine o susto que a M.I.A. tomaria se um dia acordasse presa no corpo da Britney aos 14 anos, de calcinha e com uma vontade incontrolável de se tornar um chanteuse. Taí uma possível descrição da Lykke Li.
O tema das letras, em boa parte falando de relacionamentos tortos, relembra que a menina tem apenas 22 anos. A voz doce, quase um sussurro, meio infantil, contrasta com a postura no palco, beirando a agressividade. Mesclando com poses ensaiadas com piadas prontas, Lykke vai dominando a platéia.
Antes de “Little bit”, quando fazendo uma brincadeira com a letra, ela pergunta “quem está apaixonado?” e emenda “mas não por mim”, já é tarde demais. As centenas de conterrâneas presentes no show já estão entregues.
Mesmo com as camadas e texturas eletrônicas, ao vivo as músicas do “Youth novels”, o disco de estréia, surgem mais secas e diretas, primas (bem) distantes de uma base produzida por Pharrel Williams.
Quando a aproximação com o universo hip hop começa a se tornar absurda demais, Lykke encerra o show com uma versão de “Can I kick it?”, do grupo de rap A Tribe Called Quest, misturada com “Walk on the wild side” (Lou Reed).
Se ela, mesmo que inconscientemente, estava falando das críticas recebidas recentemente, nem precisava perguntar. É só chutar.
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/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.