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terça-feira

10

março 2009

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Introdução ao dubstep

Written by , Posted in Música

Dia desses um amigo — não lembro quem — me perguntou o que diabos exatamente era dubstep. Mandei um e-mail (pra pessoa errada!) cheio de links e apontando alguns dos principais nomes. O Chicodub também estava na troca de mensagens e botou pilha pra jogar aqui. Então aqui está.


Kode9 & Spaceape, “9 Samurai”

Kode9 – O pensador do movimento, dono do selo Hyperdub e agitador da rapaziada e está sempre na escalação das principais festas, seja tocando na Dublime, na FWD>> ou DMZ (mais sobre essa última abaixo). Ele é um dos entrevistados do meu doc Dub Echoes, falando de dubstep em 2004, quando isso sequer existia direito. Só o Chico pra ter achado isso. Hoje o cara é uma estrela na Inglaterra. Foi colocado pela gravadora em destaque na capa do DVD do doc, pra se ter uma idéia. Já tocou no Brasil e encerrou o festival Love Music Hate Racism.


Skream, “Midnight Request Live”

Skream – O hitmaker, até onde se pode considerar que o dubstep produz hits. Foi dele o primeiro sucesso a furar a barreira do nicho, “Midnight Request Live”. São dele os remixes “Not over yet” (Skream remix) (Klaxons) e “In for the kill” (Skream’s Let’s get ravey remix) (da queridinha da vez, La Roux). Ouça a original antes pra sacar o que o cara faz, remix é sempre bom pra dar essa dimensão, né. Tocou numa festinha da minha facul em Londres, eu e mais 20 doidos na platéia e só. Até lá o troço é underground!

Burial – O menino prodígio. Teve seu segundo disco indicado (e quase levou) ao Mercury Prize, o Grammy inglês. É visto como quem empurrou as fronteiras do gênero, falando com mais gente e divulgando o estilo para além do gueto a que estava restrito. Os dois discos, “Burial” e “Untrue”, realmente são muito bons.

Até pouco tempo ninguem sabia quem ele era, permanecia incógnito, gerando comparações com o Banksy. Não havia nenhum motivo especial para isso além de não querer tirar atenção do som (muitos pensavam que era o Kode9, já que os discos saem pela Hyberdub).

Na época da indicação ao Mercury, o cerco arrochou tanto que ele achou que o próprio anonimato estava tirando atenção das músicas e ele mesmo revelou sua identidade. Pode ter sido também pra poder lucrar com a fama, podendo se apresentar ao vivo, coisa que não fazia antes.


DMZ

DMZ – É a principal festa do gênero, que acontece numa antiga igreja, em Brixton, no breu total. Escrevi sobre a festa depois que lá estive.


Tranquera, ao vivo

Tranquera – Dubstep brasileiro, capitaneado por Bruno Belluomi, conhecido e respeitado no exterior.


Rusko, “Jahova” fez um adendo:

Chicodub fez um adendo:

“De cada 10 dubsteps, uns dois, talvez três, sejam bons. Mas quando é bom… Meu amigo, vou te contar: porrada! Os mais puxados pra Jamaica (tem de tudo, até mesmo coisas que nem parecem com dub – a maioria) são atualizações urbanóide-apocalípticas do King Tubby dos anos 70. Lindos, lindos… Porradas, claro. O resto é mais porrada ainda. É cru, esparso, ogro, psicopata, raivoso. Ainda assim, pode ser espacial e climático às vezes. E nessas vezes, mesmo dopado, a tensãozinha tá sempre lá.”

quinta-feira

8

novembro 2007

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DMZ, a principal festa de dubstep de Londres

Written by , Posted in Imprensa, Resenhas


fotos e vídeo: URBe
* Esse texto foi republicado na coluna Rio Fanzine, do jornal O Globo

A escada apontando para baixo logo na entrada da DMZ, bi-mestral e mais importante festa de dubstep , é sintomática do clima underground da cena.

Porém, com o dubstep ganhando mais e mais espaço, é natural que após entrar na The Mass, em Brixton, você tenha que subir quatro andares de uma escada em espiral. O efeito desorientador das paredes creme e circulares são apenas um aperitivo do que está por vir.


Rumo ao underground

Na fila para guardar o casaco, alguém pergunta “o que exatamente é dubstep?”, no que é respondido pela menina logo a sua frente com uma rima, tão enigmática quanto explicativa: “bass pace and space” (“graves, ritmo e espaço”).

Do lado de dentro, Mala (do Digital Mystikz) e Loefah, davam uma aula prática para cerca de 500 pessoas espremidas numa pista de dança escura, iluminada apenas de tabela pelas luzes do bar e por uma bola espelhada em algum lugar do teto.


Mala

As batidas lentas e quebradas na maior parte do tempo são encobertas por linhas de baixo monstruosas, que muitas vezes se transformam numa cortina de graves oscilantes. Não é exatamente a definição de um som dançante. No entanto, não é o que os urros da pista a cada rewind demonstram.

Toda vez que uma faixa arranca gritos de “pull up” assim que estoura, na melhor tradição jamaicana, a mão de uma dos diversos MCs e amigos amontoados na cabine — raramente a do próprio DJ — volta a música para o início, proporcionando outra gritaria e prolongando seu clímax.

Durante a noite, duas das faixas que mais geraram berros foram os dubplates de “Poison dart” (com vocais da The Warrior Queen) e “Skeng”, ambas do produtor The Bug, que assistia a tudo do bar, ao lado de Kode 9, outro expoente do dubstep (e que já esteve no Brasil).


Skream atacando

A estrela da noite, porém, é um rapaz de 21 anos que manda o próprios fã “tomar no cu” assim que assume os toca-discos, incomodado com assédio do sujeito que enfia um celular com alguma mensagem digitada na sua cara.

Quando Skream começou a tocar, as 2h45, a agitação foi tanta que começaram a jogar cerveja para o alto, molhando seus discos e fazendo com que o MC tivesse que pedir para as pessoas se acalmarem.

Autor de “Midnight request line”, até agora o maior sucesso do dubstep, transpondo as barreiras da própria cena, Skream realmente empurra as fronteiras do gênero. Seu set é mais dançante do que os dos seus parceiros, mesmo sem privilegiar as batidas ou perder a essência grave do som.

Skream mostra que sabe capitalzar a atenção que vem recebendo e, para isso, utiliza um dos mais velhos truques do livro dos DJs.

Remixes de músicas conhecidas não são ainda uma prática tão comum no dubsptep. Por isso, a versão em câmera lenta de “Not over yet”, dos queridinhos do Klaxons, é certeira e só pode render mais destaque para as produções de Skream, que já tem um disco lançado, “Skream!” (Tempa).

Checando o relógio várias vezes ao se aproximar do fim do set de uma hora (impressionante como a pontualidade britânica se manifesta até na cena alternativa), Skream olha para pista de dança pela primera vez.

Ri e bate palmas. Ele sabe que não tem pra ninguém.