coquetel molotov Archive

terça-feira

16

março 2010

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Mostra Instrumental Contemporânea no Rio

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Guizado

A Mostra Instrumental Contemporânea foi repleta de surpresas. O próprio evento, gratuito, era uma das maiores.

Foi preciso uma turma do Recife (a Coquetel Molotov) vir pro Rio para produzir esse mini-festival com verba da Caixa. Apesar da produtora já fazer coisas há algum tempo, em Recife e em São Paulo, e só agora conseguiu aportar aqui.

Isso tudo deve significar alguma coisa.

Não é de hoje que o Rio anda com a reputação arranhada em termos de produção. Dias desses, falando sobre a cena em SP numa entrevista para MTV, Fernando Catatau (Cidadão Instigado) disse que enquanto as pessoa vão para lá para trabalhar, no Rio o povo “só quer ir pra praia”.

Há um grande exagero nessa declaração, é fato, porém cada vez menos eventos de grande porte e mesmo os alternativos dão as caras por aqui. Muita gente aponta uma falta de profissionalismo dos produtores locais, enquanto esses falam que o público não comparece, todos com sua parcela de razão.

Enquanto issso, a cena carioca afunda, como a atual fraca de bandas, fraquinha, demonstra.

Tudo isso pra dizer que, rumando para o Teatro Nelson Rodrigues, encarando como uma obrigação moral vencer a preguiça e comparecer a um evento bacana, só conseguia imaginar que a casa estaria vazia. O local, no Centro, não é exatamente “logo ali”, ainda mais num final de semana. Ao menos o horário, 19h30, ajudava bastante.


A Banda de Joseph Tourton

A molecada da Banda de Joseph Tourton mostrou seu rock intrumental com com flautas, sintetizadores e as referências ensolaradas típicas das bandas de Recife. Liderados pelo trompete de Gui Mendonça, com Curumin na bateria e Regis Damasceno (Cidadão Instigado) na guitarra, um show do Guizado faz valer o ingresso só pelo encontro dos músicos que formam a banda.

A principal surpresa da noite não era nenhuma das bandas, dessas já se sabia que viria coisa boa. Ver a casa cheia foi inesperado. Cerca de 100 pessoas (no chutômetro) 146 compareceram para conferir os shows. Na noite anterior foram mais de 200, segundo a produção.

Nenhuma das bandas pode ser considerada exatamente uma atração popular. Sinal de que há sim público se o evento for bem organizado e tiver uma boa escalação.


O Joca Vidal mandou dois vídeos das apresentações de sexta, Binário e Caldo de Piaba:


Binário


Caldo de Piaba

quarta-feira

10

março 2010

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Entrevista – Ana Garcia (Coquetel Molotov)

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Ana Garcia com os sócios Tathianna Nunes e Jarmeson de Lima

Nesse final de semana acontece a Mostra Instrumental Contemporânea, na Caixa Cultural Rio de Janeiro (Teatro Nelson Rodrigues, Centro). A programação está bem legal (sempre as 19h30 e grátis):

12 de março (sexta): 19h30: Caldo de Piaba (AC) e Binário (RJ)
13 de março (sábado): A Banda de Joseph Tourton (PE) e Guizado (SP)
14 de março (domingo): Fossil (CE) e Elma (SP)

O festival é organizado pela Coquetel Molotov (produtora de Recife com desdobramentos em saite, selo, rádio, revista…). Ana Garcia fala um pouco da produtora e conta porque demorou tanto tempo até fazer algo no Rio.

O que é o Coquetel Molotov?

O Coquetel Molotov é uma produtora de Recife que realiza um programa de rádio, revista, site, selo e festival de música. Também realizamos outros projetos, como a Invasão Sueca, estamos preparando para trazer o Transmission, do Canadá, em novembro e assessoria de alguns eventos como o Rec-Beat, Virtuosi.

Fechamos esta semana a assessoria nacional da Conexão Vivo! Recentemente abrimos uma agência chamada Na Estrada com alguns dos nossos artistas favoritos, como A Banda de Joseph Tourton, Thiago Pethit, alguns projetos de Jam da Silva e outros artistas que ainda estamos tentando fechar. O novo site do Coquetel Molotov deve entrar no ar em breve com todas essas infos, mas por enquanto podem acessar www.coquetelmolotov.com.br que tem o nosso podcast, revista on-line, entrevistas, etc.

Quais os principais eventos organizados por vocês?

O festival No Ar Coquetel Molotov, que normalmente acontece em setembro no Teatro da UFPE, que já teve entre os seus convidados artistas como Beirut, Teenage Fanclub, Sebastien Tellier, CocoRosie, Tortoise, Hurtmold, Artificial, Chambaril, entre muitos outros.

A Invasão Sueca também é um projeto importante que existe há mais de quatro anos. Através do apoio do Swedish Institute, conseguimos armar turnês por diversas cidades brasileiras, com artistas como Peter Bjorn and John, El Perro Del Mar, Jens Lekman, José González, Love is All, Shout Out Louds e outros.

Mas estamos sempre armando turnês com artistas diferente de lugares diferentes, como a Laetitia Sadier (Stereolab/Monade) que acontece no final de abril.

Porque demorou tanto tempo para o Coquetel Molotov chegar ao Rio?

Eu acho o Rio uma das cidades mais complicadas para armar um evento ou até incluir dentro de uma turnê de uma banda pequena/médio porte. Temos mais facilidade de chegar aos interiores de São Paulo ou Porto Alegre, ou até mesmo ao Chile e Argentina, do que no Rio de Janeiro.

Acho que falta um produtor que invista no tipo de música que estamos tentando trabalhar e consiga formar um público, casa realmente interessada, apoiadores. Estou na esperança que Alex Werner (ex-empresário do Los Hermanos) possa tomar este posto! Hahaha!

Mas chegamos a fazer uma edição da Invasão Sueca no Teatro Odisséia que foi um sucesso, mesmo com ingressos tão caros! Fiquei impressionada. Ah, não posso esquecer que o Circo Voador sempre leva um ou outro artista do No Ar, como já aconteceu com o Nouvelle Vague e Sebastien Tellier.

Fiquei sabendo que o Grito Rock do Rio foi bem legal, no Circo Voador, com 2 mil pessoas. Obviamente público não falta.

Então, ficamos muito animados quando a Caixa Cultural aprovou o nosso projeto “Música Instrumental Contemporânea”! Muito bom poder invadir a cidade com bandas fodas, instrumentais, que normalmente não tocam na cidade, em um teatro com entrada gratuita. Não daria pra ser mais perfeito!

Como anda a cena no Recife? Tem apoio? Aqui no rio o papo é sempre que nada sai do lugar porque ninguém apóia, nem de empresas nem o publico.

Recife tem duas leis de incentivo à cultura, estadual e municipal, que ajudam bastante a cena independente, e não apenas música, mas literatura, cinema, artes plásticas, etc. O grande desafio é conseguir apoio privado e acho que o Coquetel Molotov aprendeu a fazer isso bem, não sei exatamente o porquê. Talvez insistência.

Somos praticamente um dos únicos festivais da cidade que consegue agregar algumas marcas que realmente dialogam com o festival, como aconteceu no ano passado com a Vivo, como também a Trident, Red Bull, AESO. A maior dificuldade no Recife é conseguir patrocínio através da Lei Rouanet já que todas as grandes empresas não pagam imposto de renda na cidade e sim em São Paulo ou Rio de Janeiro.

Eu gosto muito de trabalhar com Recife, é um desafio e por algum motivo as empresas e o público estão abertos a novidades. Talvez porque existam poucas pessoas na cidade fazendo o que estamos fazendo… Também não estamos com pressa… Eu espero o que for preciso para convencer que uma empresa deveria investir nas nossas empreitadas.

O que mais esta programado para 2010?

Estamos fechando o festival No Ar neste momento, pensando nas datas e nos artistas, como também a Invasão Sueca e o Transmission. Esperamos criar uma certa periodicidade com a nossa revista, que no momento depende sempre de verba e tempo para uma nova edição ser lançada, como também transformar o nosso programa de rádio em um programa diário (no momento é semanal). Estamos bem animados com o lançamento do disco da Joseph Tourton, que deve acontecer em setembro, com patrocínio da Petrobrás.

domingo

21

setembro 2008

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Do outro lado

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Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, “Janta”

Quando a Mallu Magalhães surgiu já estava aqui em Londres. Foi uma tremenda inversão no fluxo de informação com o qual estou acostumado. Em vez de estar no Brasil acompanhando a cena local e ouvir falar de uma nova banda gringa, dessa vez estava acompanhando o surgimento de uma artista brasileira a distância.

Até agora, não entendi bem o motivo do alvoroço, além do fato da menina ter 15 anos e demonstrar uma maturidade acima da média (ou do que se espera da média), mesmo motivo que chamou atenção para artistas como Stevie Wonder ou de trocentos deejays jamaicanos, tal qual Barrington Levy.

Como ainda não vi o show, não tenho opinião formada. Porque pra ter certeza do que se trata, ainda mais num som intimista como esse , só vendo ao vivo. Por enquanto, só fica uma curiosidade grande de ver de perto isso tudo.

Mesmo assim, vendo o vídeo acima no Matias, é difícil não se emocionar junto com a menina. De certa forma, as lágrimas da Mallu são a cristalização do papel do Marcelo Camelo para as gerações vindouras.

Falando em Camelo, sua estréia solo, tem tomado pancada de tudo quanto é lado. Uma das principais críticas é de que soa como o “4”, último disco do Los Hermanos, como se isso fosse um atestado de má qualidade.

Apesar de estar abaixo do nível dos trabalhos anteriores, “4” tem uma meia dúzia de músicas bem legais. Talvez não tão bem amarradas ou bem resolvidas em termos de estrutrura e de arranjo, mas ainda assim boas.

Pra mim, “Sou” é um disco bacana. Não é arrebatador, mas traz boas canções e tem onda. Ele pode ter pecado em ter engessado ou moldado demais o Hurtmold, banda de apoio, impedindo uma maior contribuição no resultado sonoro final. Pode ter sido pouco para aplacar a expectativa em torno de Camelo.

De qualquer jeito, hoje em dia é difícil agradar. Se o sujeito faz o que dele se espera, tá ultrapassado. Se inova, tá querendo inventar moda. Prefiro esperar mais um tempo, ouvir mais vezes, de preferência distante do frenesi do lançamento, pra concluir alguma coisa.