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sexta-feira

17

novembro 2017

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Ailum, “Quem Me Salvará Sou Eu” (2017)

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Colaborador costumas do URBe, Joca Vidal bateu um papo com o Ailum, baixista da Banda Mais Bonita da Cidade que lançou seu primeiro trabalho solo, “Quem Me Salvará Sou Eu”. Misturando brass band com baião, dub com música indígena, batidas eletrônicas com canção de raiz, o registro conta com 11 faixas e participações especiais.

Joca Vidal – Qual foi o seu critério para a escolha dos participantes de seu trabalho solo, tanto do lado artístico como técnico?

Ailum – Meu único critério, da parte de gravação, foi trabalhar até não cansar. O disco não poderia ser empurrado, difícil e com travas, muito pelo contrário, precisava de respiro e honestidade. Então quando sentia que estávamos chegando perto de algo cansativo, encerrava a sessão, salvava tudo no hd e seguia rumo a outra disponibilidade, sempre dialogando com verdade e amizade. Assim, girei em cinco estúdios nesses três anos, até chegar no resultado que queria. Sem a ajuda de todos esses profissionais e amigos, não teria conseguido.

Depois disso, veio a parte da mixagem e o critério foi outro. Foi ousado: desconstruir. Desconstruir as faixas no Dub, ali na mesa, na hora, naquele momento de inspiração, naquela única pintura e é isso que o Dub faz. Por isso essa escolha, essa aposta. Por isso Buguinha e Victor Rice (na mixagem). Pra fechar, o Fernando Sanches (El Rocha) ferveu o som na temperatura certa (nem cru, nem murcho), esse foi o toque final.

Da parte artística, a ideia era fazer um disco que unisse batuques e texturas, rabeca com fuzz e viola caipira, atabaques com sax barítono e dentro disso propor sobreposição de melodias. Pra isso, convidei Du Gomide (principal produtor) e Denis Mariano (baterista). Ambos entenderam muito minhas escolhas. O Denis com uma liberdade e sensibilidade incrível e o Du pilotando não só a mesa mas também propondo sonoridades em vários instrumentos. Assim, em 2014, nós três começamos o que seria Ailum – Quem Me Salvará Sou. De lá pra cá, somei convidados especiais junto a minha experiência de vida e o argumento se firmou. O conceito artístico não era reproduzir mais um disco de mpb, nem me apropriar de algo não honesto. Escolhi dar espaços e agregar vozes ao trabalho; esse foi o principal conceito. Por isso, Taká Owé Fulni-ô abrindo o disco, com o texto recitado no tempo dele (esperei mais de um ano pra isso acontecer), por isso Uyara cantando “Mana”, por isso “Nossa Força” com meus irmãos Tainá Santos e Carlão Zubek (um dos produtores). Apresento não só um disco, mas minha maneira de pensar tanto em texto quanto na música. Na real, eu me apresento como um compositor de música brasileira.

Joca Vidal Você fez um trabalho bem diferente de sua banda atual. Que tipo de público procura atingir com ele?

Ailum -A Banda Mais Bonita é uma banda intérprete, rearranja e faz versões de artistas e compositores brasileiros. Dentro da banda, somos cinco músicos com pensamentos e com bagagens diferentes. Ailum é Marano, filho de família gaúcha e paraibana que abre seu mundo pro mundo. O público que eu quero é o que acesse minha música sem preconceito, seja ele um neoayahuasqueiro ou um ateu. Nas possibilidades de agregar público nas redes sociais, por exemplo, procuro seguidores de Milton Nascimento e Gonzaguinha.

Joca Vidal – Você pretende realizar shows deste projeto?

Ailum -Sim! Mas pra realizar um show com uma sonoridade fiel ao disco e do jeito que quero, preciso de várias horas de estúdio de ensaio, cachês de músicos profissionais (mínimo 7 músicos), iluminador e técnico de som e por ai vai. Sabemos que o custo disso é muito alto. Digo isso com propriedade e humildade de músico e produtor. Já circulei por nosso Brasilzão com várias bandas, de norte a sul, na guerrilha, na raça e te digo uma coisa: é lindo de mais, rsrs! Grandes momentos e aprendizados. O lance é que hoje é bem mais difícil. Pra circular com um projeto assim, só via edital, Sesc, Sesi e cia. Como disse, o custo é alto! Mas pra não ficar dependente apenas dessa situação, a ideia é fazer um show mais enxuto (um trio ou quarteto), rearranjar algumas músicas e seguir em frente. É isso o que a maioria da bandas tem feito, tudo pra reduzir logística e custo. Engraçado que falar de música aqui, sempre passa por economia.