Stranger Things: uma crítica a internet
Written by urbe, Posted in Digital, Imagem
E se a trama de Stranger Things na verdade for uma grande crítica ao que a internet virou (e nos transformou) nesses tempos hiper conectados? Não seria mera coincidência.
Qualquer história de ficção científica é quase sempre uma crítica a época em que ela foi escrita. Não por acaso, Stranger Things parece tão atual em relação a internet.
Confira:
1. Vida offline
A década de 80 foi a última sem internet e por isso é o cenário perfeito para a história se desenrolar sem que aja interferência justamente da própria rede (quantos desafios da série não teriam sido resolvidos apenas com um celular conectado?).
2. Online
A ação começa num fliperama, o ápice da imersão digital e vivências virtuais dos anos 80, o mais perto de uma vida online. Enquanto isso, a constante comunicação via walkie talkie – e frequentes mal entendidos – fazem paralelo com os chats de hoje em dia.
3. De cabeça pra baixo
O universo paralelo do Upside Down é um lugar sombrio, suga a energia das pessoas e, uma vez acessado, transforma todos em seres piores. Tipo gente que fica tempo demais discutindo no Twitter.
4. Controle mental
O Mind Flayer é o pior aspecto da internet. Controla os pensamentos dos Demogorgons, que atuam como um exército, executando ordens cegamente. Mais ou menos como aquele tio que compartilha qualquer conteúdo sem checar, só porque viu num site suuuuper confiável (sqn).
5. Resistência
Os poderes psicocinéticos da Eleven fazem dela a única capaz de resistir e combater o Mind Flayer. Sabe aquele amigo que consegue sair da internet e ter uma vida lá fora? Ele até tenta te convencer a fazer o mesmo, mas é um esforço de sangrar o nariz…
6. Nativos digitais
Mike, Dustin, Will e Lucas formam um grupo de amigos altamente esclarecidos, representando aqueles que tem noção da realidade a sua volta e fazem parte da resistência, sabendo usar as ferramentas de maneira sábia, sem se deixar enganar por seus truques.
7. Desconectados
No final da 1ª temporada, Eleven consegue fechar o portal, mantendo o mundo offline por mais alguns tempo (anos 80, afinal), deixando todos protegidos por algum tempo das mudanças provocadas pela internet. Seu plano não dá muito certo e logo o portal é reaberto.
8. Influenciadores
O salva-vidas Billy representa os influenciadores digitais. Acumulando curtidas com as mães da piscina (idealizando a vida pelo Instagram) é facilmente seduzido pelo Mind Flayer (a internet) e manipulado para usar seu sex appeal para converter mais pessoas.
9. Fake news
Os jornalistas da redação (a velha mídia) constantemente fazem graça das tentativas de Jonathan e Nancy (as novas vozes) de investigar o que está acontecendo em Hawkins. Mesmo mostrando provas, nem as fotos são levadas a sério, como se fossem fake news.
10. Terra plana
Joyce fica intrigada com seus imãs perdendo magnetismo. Ao contrário dos terraplanistas (umas das mais absurdas teorias da conspiração online) que questionam até os polos magnéticos da Terra, ela tem certeza que isso é sinal de que algo estranho está acontecendo.
11. Sororidade
Eleven e Max vivem se estranham na 2ª temporada, porém na 3ª a sororidade se coloca e elas descobrem que apenas juntas podem se ajudar. Em vez de viverem as intrigas da vida online, elas se desconectam do grupo e curtem a alegria da vida offline
12. Canais alternativos
Em meio ao caos causado pelo Mind Flayer, Dustin monta sua própria torre de comunicação, analógica, mostrando formas alternativas de se comunicar sem deixar rastros, algo muito importante num mundo online em que somos cada vez mais monitorados.
13. Rede
A força do Mind Flayer (a internet) está no fato de seu todo ser formado pela soma de várias pessoas. Porém, ele transforma as pessoas em zumbis, apaga o que têm de melhor e se torna algo cada vez mais destrutivo. Seria desfazer a rede a única chance de derrotá-lo?
14. Russos
Na 3ª temporada, russos tentam deliberadamente reabrir o portal para o Upside Down, com a participação de políticos, intencionalmente gerando caos. A referência clara são os recentes casos de ataques virtuais creditados aos russos.