SS Coachella na Jamaica
Written by urbe, Posted in Destaque, Música
James Murphy se prepara pra tocar
Colaborador costumaz do URBe, Rodrigo Hermann esteve a bordo do SS Coachella e conta como foi o primeiro cruzeiro promovido pelo festival californiano, saindo da Flórida para Jamaica (como ele mora em Seatlle, mesmo sendo letrado aboliu os acentos de sua vida):
Entenda o clima…
No gramado do navio, Grimes cantava números de um bingo e em caso de empate o vencedor era escolhido na base da dança.
Na boate do barco, Gaslamp Killer destruía a pista e o sistema de som enquanto as meninas do Warpaint dançavam do meu lado.
No bar da piscina, Nick Offer (vocalista do !!!) limpava o chao com água mineral e distribuia frutas praqueles que dançavam a mais de 8 horas consecutivas.
Duvida?
O ambiente do SS Coachella Jamaica foi todo nesse esquema. Quatro dias de artistas misturados com o público, shows intimistas e de ridiculo acesso, mordomia mor de cruzeiro com cama, comida e bebida liberada e eventos surreais como uma apresentação de Power Point feita pelo Jarvis Cocker.
Começamos bem, o cruzeiro zarpou em direção à Jamaica acompanhado de um DJ Set surpresa do James Murphy na piscina. Ele pegou leve colocando a galera pra balançar a cabeça aos poucos enquanto o por do sol baixava no oceano. Seu DJ set mais pesado viria numa madrugada 2 dias depois, claro claro, porque uma das grandes vantagens dessa história de cruzeiro é ter a chance de assistir seu artista preferido mais de uma vez.
Como todo Coachella o número de atrações é grande demais, e falar um por um nao só deixa essa resenha chata como tambem mostra que eu nao tenho cacife pra escrever a respeito de boa parte das bandas. Sendo assim, com sorte eu consigo escrever e te passar um pouco do que foi uma das melhores experiencias da minha vida.
Cloud Nothings e Grimes fizeram um bonito no primeiro dia no Sky Lounge (palco secundário), mas o primeiro a quase afundar o barco colocando todo mundo pra dançar em cima das cadeiras foi o Pulp no teatro principal. Eu que assisti o show no Coachella passado garanto, foi melhor, muito melhor, foi tipo isso:
Caiu a ficha?
Com uma piscininha e cerveja antes do almoço o segundo dia começa devagar. Chegando um pouco mais perto dá pra reparar que a faixa etária subiu um pouco e beira os 28. Varios casais e grupos pequenos de amigos procuram cadeiras ao sol pra curar a ressaca, já a outra metade parte pro ataque e inicia os trabalhos puxando conversas cheias de interesse e especulando quem era a dona do sutiã que Jarvis Cocker segurou logo antes de cantar Underwear.
A primeira supresa dessa vez aparece na grama com um tal de Bar Mar Superstar. Me chame de ignorante, mas eu nao fazia ideia de quem era, nem no line-up o cara aparecia. O fato é que ele arregalou meus olhos de ressaca, até pq o acompanhando na bateria estava Joshua Tilman, vocalista do Father John Misty e provavelmente o sujeito mais rockstar do barco.
Sigo no segundo dia com Tokimonsta, mais um show da Grimes (pior que o primeiro por conta de um enjoo), Hot Chip fazendo o feijao com arroz porrada de sempre e no fim um combo na pista de dança com James Murphy e DJ Harvey, dessa vez sim, colocando a pista em peso pra dançar. Minha noite ainda se arrastou até as 5 da manha com direito a um outro DJ set surpresa da Grimes metendo n referencias pops (Britney e Katy Perry inclusas). Pesado foi acordar cedo e desembarcar na Jamaica.
Não estamos falando de Kingston. O programa é um passeio turistico ok de poucas horas. De qualquer jeito algumas boas notícias: primeiro a minha ressaca passou no momento que eu dei um mergulho no mar do caribe; segundo, o passeio melhorou ao ver que eu estava acompanhado de toda a corja do Sleigh Bells; terceiro, e provavelmente mais im portante, numa mesa redonda com os bam bam bams do Coachella eles avisaram que adorariam que o cruzeiro passasse mais alguns dias na Jamaica, dando tempo pros embarcados rodarem por Kingston e ter uma visao melhor da Jamaica. Quem sabe no próximo? Fora isso a mesa ainda liberou que o próximo Coachella terá uma nova tenda, voltada mais a um eletronico experimental, bem longe do esquema Sahara.
Mas calma que no terceiro dia tem show também. Assim que o barco despontou de volta à Miami eu assisti na sequencia Father John Misty, Warpaint, Yeasayer e Black Lips.
Father John Misty foi um primor, Joshua Tilman canta muito e de quebra ainda tem uma senhora presença de palco quebrando pelo menos três tripés. Fez fácil um dos melhores shows do festival. Warpaint teve sérios problemas de som com a guitarra a ponto da Thereza largar o instrumento de lado e atuar como cheerleader durante pelo menos umas duas músicas. Yeasayer me mostrou o quanto eu sou ignorante por nunca ter prestado muita atenção neles e o Black Lips testou a infra estrutura do barco ao gerar um mosh pit ininterrupto de uma hora.
Como de costume o quarto dia começa devagar, mas em vez da piscina eu vou em direção a um Bloody Mary com as meninas do Warpaint, um bingo com a Grimes, um acustico com o Joshua Tilman (pedindo educadamente pra evitar videos já que tocaria músicas novas) e outro show do Bar Mar Superstar. Tudo parecia calmo, pausa pra janta e na volta Warpaint, dessa vez funcionando bonito seguido de Sleigh Bells soltando o grave no palco principal. Daí eu paro, respiro, olho em volta e quando vejo to numa sala pra umas 200 pessoas batendo bundinha com Warpaint ao som do Gaslamp Killer. Uma maravilha sem tamanho que infelizmente foi interrompido quando o sistema de som estourou. É, a porrada foi desse calibre.
Talvez tenha sido melhor assim, afinal me deu um tempo de passar no quarto, pegar um roupao e assistir de cima do palco o Girl Talk fechar o teatro principal. Loucura monstra. Público tao em extase que ao fim do show todos se abraçavam e cantavam Celine Dion.
Acabou? Nao. Teve pelo menos mais umas 6 horas de música pela frente. !!! entrou a meia noite no segundo palco, deu tudo o que podia e ainda chamou gente do Warpaint, Father John Misty e Yeasayer pra cantar This is Christmas, afinal, era Natal.
De lá quem ainda tinha energia dançou no bar da piscina até as seis da manha. E lá estou eu, virado de cansaço, vestindo um roupão, com Miami se aproximando, coreografando com Nick Offer, arrancando sorrisos da Emily Kokal, cantando Love Boat e pensando que esse tal de SS Coachella foi uma festa bem legal. Ano que vem eu volto.
Ano que vem tô lá também.
Po, poderia contar mais alguma coisa que os bam bam bams do Coachella disseram da próxima edição, né? Legal saber da nova tenda eletrônica, tomara que eles acertem e deixem a farofada um pouco de lado.
Muito legal o texto!
Já estou na contagem regressiva até abril.
Abs
Com prazer Marcelo,
Durante o barco rolou uma mesa redonda de cerca de uma hora, metendo em tópicos as coisas que eu me lembro:
Sobre o Cruzeiro:
– Um Cruzeiro partindo da costa oeste é uma possibilidade, mas a Jamaica a principio tem prioridade.
– Eles demoraram muito pra escolher o barco e pretendem continuar usando o mesmo Celebrity Silhouette, q por sinal é um dos barcos mais sensacionais do planeta.
– O line-up foi escolhido tentando manter uma coerência e evitar problemas com drogas e confusões. Rage Against The Machine nem pensar.
– Não lotou e eles não esperavam que lotasse, o ponto inicial era conseguir uma galera antenada que gerasse um boca a boca pras próximas edições. Conseguiram.
– Rolou uma duvida pesada se a marca Coachella seria usada ou se seria melhor batizar o cruzeiro de outra coisa
Sobre o Coachella na Califórnia:
– Sobre a nova tenda eletrônica, a ideia é desafogar um pouco a Gobi e a Mojave. Eles querem inclusive dar um novo visual, estão pensando até em ar-condicionado.
– Várias piadinhas internas sobre o Rolling Stones como headliner pra 2013. Pelo que eu senti, vai rolar.
– Daft Punk é de longe a banda mais pedida.
No fim organizadores e público saíram mega satisfeitos. Eu por exemplo nunca vi tanta gente falando que o festival foi uma das melhores experiências vividas. O ambiente era de uma felicidade absurda, todo mundo sorrindo. Coisa linda!
Festival em cruzeiro é o futuro, atesto e dou fé.
Valeu, Rodrigo!