quarta-feira

12

maio 2010

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Sonhos e realidades no TEDxSudeste

Written by , Posted in Urbanidades

Por mais de uma vez Tadeu Schmidt, o apresentador do TEDxSudeste (versão brasileira do evento criado nos EUA por uma empresa sem fns lucrativos), chamou os palestrantes de “sonhadores de plantão”. Tinha razão. As ótimas idéias apresentadas durante o evento as vezes acabam sendo isso mesmo: sonhos.

Ainda que isso seja um tanto frustrante, por outro lado, o que seria de nós se não fossem os sonhos? São eles que impulsionam as mudanças, mesmo que não se realizem exatamente como foram sonhados.

O ex-capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, falou sobre as ações das UPPs nas favelas cariocas, iluminando o ponto de que a violência não está ligada somente ao tráfico, mas sim a disputa de territórios por (pra explorar caça-níquel, vans, gás, gato Net, etc).

O que emocionou foi ouví-lo ressaltar que as ações de cultura são as únicas que comprovadamente (em números) diminuem a taxa de homícidios em comunidades onde o respeito pela vida sumiu.

O arquiteto Guto Índio da Costa apresentou um projeto futurista de um trem elevado que correria rente aos meio-fios e exigiria muito menos investimento do que as obras de metrô.

O que alegrou foi perceber que o projeto se preocupa com o desenho dos vagões, com a escolha dos trajetos, privelegiando a viagem, o visual. Não somos mesmo um monte de sardinhas sendo deslocadas.

O palestrante surpresa Marcelo Yuka criticou diretamente as UPPs e demais programas que buscam soluções de paz tentando simplesmente se impor pela força, sem se preocupar em humanizar ou levar em conta elementos importantes dessa equação. Os MCs Junior e Leonardo cantaram “Pra Sempre Favela” e o recado estava dado.

Seria ótimo viver num mundo em que todas essas idéias saíssem do papel e ganhassem as ruas. Porque no atual, dominado por politicagens, troca de interesses e egoísmos latentes, soam como absurdos, inatíngiveis, inalcançáveis.

Infelizmente, alguns palestrantes deixaram suas agendas políticas e pessoais falarem mais alto do que o que realmente interessava, sobrepondo-se as experiência pessoais e transformadoras. Faltou cancha a alguns outros. Preciosos minutos de um evento muito bem produzido também foram gastos com apresentações detalhadas de projetos, coisa que pode ser feita com um clique.

Para esse cenário ideal se tornar possível é preciso uma mudança de postura, geral. Se faz necessário encarar marcos como a realização de uma Copa do Mundo ou Olímpiadas como uma espécie de formatura, não um ponto final. Conseguir realizar essees eventos é uma prova, demonstra capacidade, porém, muito longe do fim, é apenas o início de uma longa caminhada.

Um encontro em que esses pontos são apresentados e discutidos é um passo gigantesco. Só quem mora no Rio consegue imaginar a dificuldade que deve ter sido montar aquela estrutura pra um evento gratuito por aqui. Que seja o embrião de novos tempos.

O encerramento ficou por conta do monstro do bandolim Hamilton de Holanda. A facilidade com que entorta tudo que toca, sublinha um dos motivos da música brasileira ser tão rica e apaixonante. Nela, a díficil tarefa de avançar em direção ao futuro evoluindo a partir do próprio passado foi solucionada há muito tempo.

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  1. Bruno Natal
  2. Gustavo

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