quinta-feira

15

fevereiro 2007

5

COMMENTS

Rolling Stone, janeiro 2007

Written by , Posted in Imprensa

rs004_capa.jpg

Matéria sobre SMD, nova opção para o lançamento de discos, que escrevi para o quarto número da Rolling Stone Brasil. Com a edição fora das bancas, reproduzo o texto aqui.

Gravadoras resistem ao SMD, alternativa ao CD

“O CD vai acabar”. Essa é uma das afirmações mais repetidas por futurólogos de plantão. Acreditando no fim que se aproxima, mas apostando na importância de um suporte físico para música, o inventor Ralf Richardson da Silva, mais conhecido como uma das metades da dupla sertaneja Christian & Ralf, criou o SMD (Semi Metalic Disc).

A nova mídia é similar ao CD e toca nos mesmos aparelhos, porém tem um custo de produção — e, consequentemente, preço final — muito menor. Vendido em envelopes, sem a caixa de acrílico e com encartes simplificados, os discos chegam ao consumidor pelo mesmo preço cobrado, em média, pelos piratas, R$ 5.

“Sempre achei o CD muito caro e as cópias ilegais significam trabalho escravo para os artistas, [que passam a] sobreviver apenas de shows”, explica Ralf. “Com uma nova tecnologia e um novo produto, ofereço ao consumidor o mesmo preço dos piratas, só que protegendo todos os direitos autorais”, continua o inventor.

Os clientes da novidade têm perfis bem diferentes, indo da própria dupla de Ralf ao rapper Don Negrone, passando pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que lançou seu hino nesse formato.

Integrante do Digitaldubs, MPC conheceu o formato através do disco do Binário e lançou o segundo trabalho do seu grupo em SMD. “Não sei até que ponto a tecnologia torna o SMD tão mais barato. Parece que realmente foi a vontade de fazer um produto acessível”.

Por enquanto, as grandes gravadoras ainda não se interessaram pela mídia. O motivo pode ser uma das exigências para se fabricar um SMD: todos os discos saem da fábrica com o preço de R$ 5 impresso na capa.

Pedro Seiler, produtor da gravadora Biscoito Fino, casa de Chico Buarque e Bethânia, diz que baixar o preço final não é meramente uma questão de custos de produção. “Temos convênios com editoras sobre preço mínimo de pagamento de direitos autorais. Os artistas também têm que aceitar receber seus direitos sobre um preço menor”.

Ralf não se preocupa. “Não fiz este projeto para as grandes gravadoras e sim para o artista, mas me sentiria muito honrado se elas aderissem ao projeto. As empresas de maior faturamento no mundo, como as de telefonia e os bancos, sobrevivem muito bem de centavos”. Existe também o SMDV, substituto do DVD, que chega ao consumidor por R$ 8.

Em tempos de download, Ralf confia na força dos discos. “O pirata continua vendendo, provando que o suporte físico tem que existir. Só que legalmente e com um preço justo”.

Deixe uma resposta

5 Comments

Deixe uma resposta para André DibCancelar resposta