Rolling Stone, janeiro 2007
Written by urbe, Posted in Imprensa
Matéria sobre SMD, nova opção para o lançamento de discos, que escrevi para o quarto número da Rolling Stone Brasil. Com a edição fora das bancas, reproduzo o texto aqui.
—
Gravadoras resistem ao SMD, alternativa ao CD
“O CD vai acabar”. Essa é uma das afirmações mais repetidas por futurólogos de plantão. Acreditando no fim que se aproxima, mas apostando na importância de um suporte físico para música, o inventor Ralf Richardson da Silva, mais conhecido como uma das metades da dupla sertaneja Christian & Ralf, criou o SMD (Semi Metalic Disc).
A nova mídia é similar ao CD e toca nos mesmos aparelhos, porém tem um custo de produção — e, consequentemente, preço final — muito menor. Vendido em envelopes, sem a caixa de acrílico e com encartes simplificados, os discos chegam ao consumidor pelo mesmo preço cobrado, em média, pelos piratas, R$ 5.
“Sempre achei o CD muito caro e as cópias ilegais significam trabalho escravo para os artistas, [que passam a] sobreviver apenas de shows”, explica Ralf. “Com uma nova tecnologia e um novo produto, ofereço ao consumidor o mesmo preço dos piratas, só que protegendo todos os direitos autorais”, continua o inventor.
Os clientes da novidade têm perfis bem diferentes, indo da própria dupla de Ralf ao rapper Don Negrone, passando pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que lançou seu hino nesse formato.
Integrante do Digitaldubs, MPC conheceu o formato através do disco do Binário e lançou o segundo trabalho do seu grupo em SMD. “Não sei até que ponto a tecnologia torna o SMD tão mais barato. Parece que realmente foi a vontade de fazer um produto acessível”.
Por enquanto, as grandes gravadoras ainda não se interessaram pela mídia. O motivo pode ser uma das exigências para se fabricar um SMD: todos os discos saem da fábrica com o preço de R$ 5 impresso na capa.
Pedro Seiler, produtor da gravadora Biscoito Fino, casa de Chico Buarque e Bethânia, diz que baixar o preço final não é meramente uma questão de custos de produção. “Temos convênios com editoras sobre preço mínimo de pagamento de direitos autorais. Os artistas também têm que aceitar receber seus direitos sobre um preço menor”.
Ralf não se preocupa. “Não fiz este projeto para as grandes gravadoras e sim para o artista, mas me sentiria muito honrado se elas aderissem ao projeto. As empresas de maior faturamento no mundo, como as de telefonia e os bancos, sobrevivem muito bem de centavos”. Existe também o SMDV, substituto do DVD, que chega ao consumidor por R$ 8.
Em tempos de download, Ralf confia na força dos discos. “O pirata continua vendendo, provando que o suporte físico tem que existir. Só que legalmente e com um preço justo”.
“O pirata continua vendendo, provando que o suporte físico tem que existir. Só que legalmente e com um preço justo”.
Ralf = GÊNIO
Tô falando sério. Eu era um dos futurólogos que vivem dizendo “já morreu”, ignorando bestamente os montes de camelô que eu vejo pelas ruas de São Paulo todo dia.
Bruno, você sabe dizer se o SMD suporta MP3? Porque aí dava até pra seguir o exemplo dos caras do Pará: os próprios artistas bancam as edições em SMD, seja áudio normal ou MP3, e distribuem entre os camelôs.
fala diego,
acho que não rola mp3 não, tem que ser áudio mesmo, prq a idéia é combater a pirataria.
pelo que sei, o que rola em belém não é exatamente isso. os artistas/aparelhagens bancam a gravação e disponibilizam para os camelôs, como se fosse uma master. a copiagem fica por conta de quem vende.
abs,
bruno.
Esqueci que tinha comentado aqui… só hoje fui lembrar de ver a resposta.
Pois é, eu imaginava diferente o lance de Belém. Mas esse esquema de master/copiagem é até mais interessante.
Mas discordo que mp3 seja necessariamente pirataria. Quem sabe o SMD não possa sair de fábrica com coletâneas de várias bandas em mp3? Se não houver impedimento técnico, não seria mal.
Abs
não quis dizer que mp3 seja pirataria. o que quis dizer é que a idéia do SMD é combater a pirataria de discos de áudio, não criar um novo produto (por enquanto?), por isso estão operando no mesmo suporte.
Muito legal a matéria, Bruno, parabéns. Sou jornalista residente no Recife, e soube semana passada que a primeira banda pernambucana a aderir ao SMD é a Forró Rabecado. Essa moda vai pegar.
Realmente Ralf = gênio