Ratatá
Written by urbe, Posted in Urbanidades
“O chefe da Polícia Civil, delegado Ricardo Hallack, comentou que o assalto na esquina da rua General San Martin com avenida Afrânio de Mello Franco seria apenas mais um roubo em sinal de trânsito, não fosse a fatalidade ocorrida“.
Caro Ricardo, como disse certa vez o jogador Edmundo, “SE minha mãe fosse homem, eu tinha dois pais”.
O “se” não é um detalhe, o “se” é o cerne da questão. É muito cômodo falar em “apenas mais um roubo” quando não é você, ou alguém da sua família, que está sendo assaltado.
Pior é ter a certeza de que a vítima, como todo carioca, provavelmente já havia comentado com suas amigas e parentes “como o Rio está perigoso, “onde isso vai parar?”, “quanta violência!”.
Assim como eu e você estamos falando exatamente a mesma coisa hoje. Pense nisso.
Semana passada, ouvi um moleque cantando um funk enquanto guardava carros na rua. A letra era assim:
A vida é muito louca
A vida é uma escola
Ontem brincava de champinha (sic)
Hoje dou tiro de pistola
A vida é muito louca
Puta que pariu!
Ontem aprendi
A dar rajada de fuzil
Tem gente que chama de proibidão. Prefiro pensar num alerta que não deveria ser ignorado. Passou da hora de dividir o bolo ou quem está com fome vai vir buscar.
Ou melhor, já estão vindo.
Concordo plenamente Bruno. O ser humano é muito acomodado, principalmente nós cariocas. Enquanto um parente nosso não tomar um tiro na cabeça nós não iremos fazer nada. É triste, mas é.
É uma sensação de que as consequencias estão chegando num ponto de ebulição. O caos, pelo menos na cidade do Rio de Janeiro é irreversível…
Salva-se quem puder!
Essa postura conformista vinda do chefe da polícia me deixa ainda mais assustado. Pensando assim, onde isso tudo vai dar? Pensando assim, quais as medidas desse cara pra mudar a situação BIZARRA que o rio de janeiro se encontra?
Gostei de uma frase do Amir Klink hoje na Ilustrada e acho que se adequa ainda mais ao Rio: “O Brasil tem que pensar numa maneira de não ir até o fundo do poço”
Já vieram, Bruno. Quando eles decidirem que nós não temos mais direito ao bolo, é deles.
Ontem ou anteontem teve outro caso de assalto a carro – o motorista tomou um tiro, morreu e bateu com o carro.
Pensa BEM nisso: os caras atiram, matam, fogem e NÃO LEVAM fatia nenhuma de bolo nenhum. E aí? O que a gente faz?
Pois é, será que agora é nenhum por todos e cada um por si? Salve-se quem puder?
Está tudo muito errado. Nossa polícia banaliza cada vez mais esses acontecimentos (assassinatos, assaltos) para não encarar de fato o problema, se é que ela ainda queira encarar.
Eu explico: já não sabemos mais quem é polícia, e quem é ladrão. Hj na capa do Rio Show tem uma matéria da gastronomia de luxo, na foto um prato de 510,00 rs num país em que o salário mínimo é de 350,00. Isso não deve ser revoltante pra muitos?
Não sei o que pensar, mas sei muito bem que devo me preocupar!
Bjo
Hoje esse Ricardo Hallack esteve no RJ TV. Não tenho certeza se ele falou exatamente isso ou não quero acreditar, mas confrontado com números que diziam que o número de roubos de automóveis aumentou em comparação com o ano passado, o delegado argumentou que isso é verdade em números absolutos, mas em numeros relativos os assaltos a automoveis diminuiram, pq a frota de carros circulando aumentou!!!
Ou seja, ele comemora o fato de termos mais carros roubados, mas que não são na mesma proporção dos carros existentes, como no ano passado. Viva o Rio. =(
Concordo com vc Juju! Fiquei muito indignado quando vi essa matéria no Rio Show( Pratos custando R$500,00 em restaurantes). Fico nessa dúvida de o que é mais non-sense “ostentar andando dentro de uma Mercedes último tipo em uma cidade miserável” ou “tomar um tiro na cara porque vc é rico e comprou um carro caro pra caralho.” Estamos literalmente num mato sem cachorros! Não podemos ser ricos e muito menos pobres. Temos que ser essa coisa calada e tímida que não se revolta, que não, que nada.
Melhor é ser da classe média? Como vc disse, se o bolo não é repartido, alguém vem buscar o pedaço…
Longe de querer polemizar, acho que, hoje em dia, quem está sem bolo, somos nós, membros da classe média.
Eles, os pobres, nas favelas, dominam: o território, o milionário comércio varejista de drogas, a distribuição de gás e o não menos milionário mercado imobiliário.
No asfalto, eles dominam as Vans, o comércio varejista de mercadoria pirata e roubada, bem como boa fatia da Polícia. E ainda decidem quem deve ficar vivo ou não.
O problema da violência não é social. O Piauí é o Estado mais pobre do Brasil e seus índices de violência não são tão grandes. A Colômbia, com problemas sociais seríssimos, controlou a violência de forma surpreendente.
O problema da violência é falta de vergonha na cara…
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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