Perigo
Written by urbe, Posted in Música, Urbanidades
foto:Daniela Dacorso
“Seria o cúmulo da vergonha considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação popular. É forma de manifestação do mau gosto. Isso sem falar que os bailes funk servem para ajudar a financiar o tráfico de drogas, coisa que todos sabem, com letras que fazem apologia à violência, ao crime e à prostituição” (grifo meu)
Como previsto, o projeto de lei do deputado Chico Alencar que define o funk como “forma de manifestação cultural popular” vai indignando a classe média, ao menos a parcela que vibra lendo colunas sobre gatos no Segundo Caderno — e sabe de tudo.
Violenta são essas generalizações, coisas que “todo mundo sabe”.
Não sei o que é pior, a necessidade de um canetaço para estabelecer algo óbvio ou gente esperneando, resistindo a lógica.
Conte-nos experiências próprias que revoguem (ou até anulem de vez) esse preconceito sobre esta mais nobre arte popular.
“Espero que atual ministro faça alguma coisa para oficializar o funk e discriminar as leis que o discrimina” explica DJ Malboro.
Grifo meu.
E esse tipo de atitude que deve ser apoiada? Olho por olho, dente por dente?
Não aprendemos nada, nunca.
O samba teve o mesmo problema no seu começo.
Sério?
Não consigo imaginar Cartola dizendo tamanha bobagem a um veículo de informação, nem estar tocando As rosas não falam em “bailinho” local.
Olá Leandro,
Vou deixar link para alguns textos (um deles em inglês) de algumas das minhas experiência pessoais com a nobilíssima arte popular do funk.
Se você tiver tempo para ler apenas um, leia esse, exatamente sobre funk e violência, escrito após uma visita que fiz ao baile do Formiga:
http://www.oesquema.com.br/urbe/2008/02/19/trabalho-de-formiga/
Se tiver interesse, leia também o breve histórico do gênero, escrito sob encomenda para uma matéria de capa da revista de música eletrônica americana XLR8R:
http://www.oesquema.com.br/urbe/2005/05/01/xlr8r-maio2005/
Matéria para Folha de S.Paulo relatando a apresentação do DJ Marlboro no Central Park:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u34330.shtml
O relato de uma visita ao baile promovida pelo Mr. Catra, na Vila Mimosa:
http://www.oesquema.com.br/urbe/2004/11/29/funk-funk-no-reduto-do-fuck/
Uma entrevista com o DJ Marlboro, falando de suas andanças pelo mundo:
http://www.oesquema.com.br/urbe/2004/06/11/funk-preconceito-e-justica-divina/
Aconselho ainda a leitura do livro do Hermano Vianna, “O mundo funk carioca” (baixe aqui: http://tinyurl.com/4ura4k), assim como “Batidão”, do Silvio Essinger.
Não entendi bem o seu grifo nas aspas do DJ Marlboro. É pelo erro de português?
Se for, como tudo relacionado ao funk, costuma-se misturar os assuntos para se provar um ponto. Confundir gosto pessoal com relevância
artísticacultural, por exemplo.Agora, mais do que qualquer leitura, basta soltar um pancadão (e são MUITOS os que sequer fazem menção a questões sociais) e veja a reação da pista de dança.
Abs,
Leandro,
não sei se você teve a oportunidade de assistir o documentário “O mistério do samba” . Vale a pena ver o relato do Monarco no filme, isso era uma constante na época. E a estória se repete com o funk ao ponto de ter um funk que versa mais ou menos assim “ele era funkeiro mas era pai de família…” quer dizer …
Não vamos confundir gosto pessoal com relevância de um movimento que jah tem mais de 20 anos.
Lembra bem o samba mesmo, que começou marginalizado até que filhos de diplomata como o Chico Buarque começou a tocar, aí toda a elite achou bacana, “brasil raiz”, e aquilo tudo da burguesia folclórica.
http://letras.terra.com.br/joao-gilberto/920038/
Se trocar a palavra samba por funk aí na música de cima dá no mesmo ein?
E já Roberto Jeffersoniando, no meio em que eu vivo o funk só foi aceito depois que as pessoas viram que Bonde do Rolé fazia sucesso na Inglaterra, e que as pessoas lá estavam copiando as batidas do funk aqui.Aí virou um ritmo aceito, bonito, moderno, dançante, cheiroso, despojado … sempre assim, quero ver qual ritmo marginal nós vamos dançar daqui há 5 anos.
(E fiquei bem claro que eu apoio a iniciativa do Psol)
Bruno, fim de ano, ainda não tive tempo para ler todas as suas recomendações. Mas lerei, certamente. E não, não é sobre o erro de português e sim a questão do raciocínio que o DJ apresentou. Já imagino quais seriam as próximas ações em sua elevação de status, nada mais que quo.
Duda, é a exatamente a relevância que me preocupa. Onde ela anda nisso tudo? Ou atingir 20 anos dá notoriedade cultural? Obrigado pela recomendação, já estou me movimentando para estar diante do documentário. Prometo procurar mais elementos que tornem essa lei menos inútil mas confesso que ando meio cansado do que leio.
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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