Os altos e baixos do funk em uma semana
Written by urbe, Posted in Destaque, Música
A “brincadeira” de 1º de abril infeliz da MPB FM
Os últimos dias foram agitados pro funk. A semana começou com a infeliz “brincadeira” de 1º de abril muito mal mandada pela rádio MPB FM; seguiu pela reportagem sobre os passos de Naldo, Koringa e Buchecha no pop dos EUA, em parcerias com Kanye West, Fat Joe e Flo Rida; e fechou com o mashup da propaganda do Classe A com “Passinho do Volante”, publicada no canal oficial da Mercedes no Brasil (com mais de 1 milhão de vizualizações, contra 20 mil do anúncio original).
É o funk, como sempre, dando aula.
http://youtu.be/skHkv7kMAv8
Bruno.
Respeito seu trabalho e opinioes, e o que vai aqui e’ apenas minha opiniao tambem, nada mais,
Acho infeliz e; esse patrulhamento em cima de uma piada de 1 de abril, que, se todos entenderam na hora (o preconceito estaria ja arraigado na cabeca de todos que entenderam, entao?), e que o comunicado so se torna piada ou “engracado”, justamente por ser 1 de abrial. A frase, em si, nao tem nada de ofensiva ou preconceituosa. Esse entendimento vem justamente do patrulhamento pseudo-intectual, mas, ai’, ja e’ outra historia. Nao podemos brincar com nada mais (muito menos em publico/rede) nesta vida; se o comunicado citasse um progrma de pagode, alguem ia falar: Ah, todos respeitam a baba que e’ o moderno R’n’B e ficam zoando o pagode, a vertente mais pop do nosso samba… Agora, bancando o advogado do diabo: Diz aqui, olhando pra lente da verdade… se a zoacao fosse em cima de um novo programa so’ de “Sertanejo Universitario” voce faria este post indignado? Estariamos vendo tantos posts irados e defendendo a vitima da piada? Serio, diz que sim, vai… 🙂
Qualidade em arte e’ uma coisa bem subjetiva nao e’ mesmo? Porque LekLek e’ to bom quanto Chico Buarque, e Camaro Amarelo nao?
corrigindo: … TAO bom quanto…
Dwarf,
Parece-me mto conveniente, uma estratégia de defesa até (não sei se vc trabalha na rádio em questão, ao assinar com pseudônimo dificulta bastante a discussão – e normalmente nem respondo quem não assina), chamar de patrulha alguém apontar uma piada preconceituosa. Como vc pode ver na repercussão no Facebook, bastante gente entendeu a piada na hora mesmo: entendeu como preconceito e uma piada infeliz. Não foi só eu.
Se fosse algum outro gênero, sertanejo universitário ou o que fosse, seria igualmente preconceituoso sim, no contexto que a piada foi feita. 1 de abril não é desculpa. Só piora, na realidade. Como disse o Mauricio Pacheco num comentário de um dos posts no FB a respeito, quem dera a MPB FM abrisse o espaço para o funk, tecnobrega e todas outras vertentes populares brasileiras. Prq, Dwarf, dentro do próprio cardápio de artistas da MPB eles poderiam ter Tom Zé explicando o “metarefrão microtonal e polisemiótico” de “Tô Ficando Atoladinha”, Caetano cantando “Funk Melódico”, Gal cantando “Miami Maculelê” ou Adriana Calcanhoto mandando “Fico Assim Sem Você”.
Qualidade não é subjetivo não, é até fácil de determinar o que é bem ou mal feito utilizando parâmetros técnicos. Mas não estamos aqui falando de qualidade, estamos falando de estética e gosto, onde aí sim não cabe julgamento. E julgar que MPB (mofada, diga-se) está tão acima do funk que seria uma piada tocar na MPB é sim preconceito no estrito senso da palavra.
E sim, vc está certo, se fosse piada com sertanejo universitário provavelmente teria passado batida por mim, prq não acompanho o estilo. Mas não sou xerife da internet, não é minha obrigação dar conta de tudo. Dou conta do que acompanho e funk acompanho bem de perto. Tremenda vacilada da MPB FM que poderia ter se desculpado com a falta de respeito não apenas com os artistas e admiradores do funk, mas também com o seu próprio público, pois ao fazer a piada e julgar que era válida, mostrou que considera seus ouvintes igualmente preconceituosos.
Abs
Bruno,
parece-me muito conveniente chamar de preconceituosa, ou estrategia de defesa ate (!!! Combina com patrulhamento de ideias, nao? chamar de preconceito resolve tudo), a opiniao de quem nao concorda com a sua. Nao, nao trabalho na radio. E muito obrigado por tamanha deferencia em responder a este que nao assina… bem, eu assinei, como Dwarf… Mas que preconceito seu de nao achar que este pode ser meu nome verdadeiro… Ofendeu minhas raizes hungaras verticalmente prejudicadas… Serio, nao assino, entre outors motivos, porque nao abro mao de minha privacidade, online ou nao e porque nao faz diferenca alguma sobre o que estou expressando. Nao estou sendo testemunha de nenhum fato em nenhum procedimento oficial, nem, por outro lado, me escondendo sob o anonimato para ofender ninguem impunemente. O que expresso aqui e’ tao somente minha opiniao.
Bruno, todos seus argumentos sao perfeitamente plausiveis, ex. “Se fosse algum outro gênero, sertanejo universitário ou o que fosse, seria igualmente preconceituoso sim”, na hipotese de se tratar de preconceito, mas acho que voce nao percebeu no meio ao deboche, ou sarcasmo, como queira, de minha mensagem anterior e’ que esta se referia mais a indignacao de seu post e seguidores no FB, do que a uma defesa da piada da radio. Acho que e’ uma piada e pronto, acho pesada demais essa vibe que chamei de patrulhamento. Desculpe se ainda e’ tao ofensiva esta palavra, mas acho que cabe, como analogia o que realmente me incomoda (e que ja discutiN vezes c/ Matias e outros aqui sobre*) e’ essa unanimidade, obrigatoriedade, quase, de pensamento do jornalismo cultural/jovem/de comportamento contemporaneo. E’ bonitinho, senao obrigatorio, (porque, do contrario, fica feio pacas, preconceituoso) para qualquer descolado relacionado a cultura dizer que Funk e’ uma maravilha de musica, por ex. Sera que realemte nao exite um jornalista/critico que ache ou tenha coragem de dizer que acha funk ou tecnobrega uma porcaria? Eu adoro ramones e SEI que e’ uma porcaria. Gosto mesmo assim, e pronto. Por que hipocrisia, de se tomar as causas pelos efeitos?
(*Big Parenteses: Porque quando sai um disco do Rush ou do Wilco, um terco fala bem, outro terco fala mal, e outro malaha a mixagem, a compressao excessiva, etc,, mas quando sei um do Letuce ou da Ceu, todos tecem loas e odes e parece ate que anjos desceram a terra trazendo mensagens divinas, e podem ser 20, 30 criticas e vc nao vai ver nunca algo como “Este disco da karina Buhr e; bem chatinho, uma bobagem perfeitamente dispensavel, mesmo”? Sera que e; porque encontramosm estas pessoas nos bastidores? Ou porque todo mundo disse que gosta, entao tambem tenho que dizer algo assim? Nao estou acusando ninguem, muito menos a voce, mas realmente TODAS as pessoas que escrevem gostam destes discos? Todas, e sempre? Por que varios tem duvidas sobre o ultimos dos Strokes, do Radiohead, mas nunca sobre os artistas nacionais, por ex…
Por que e’ preconceituoso nao gostar de alguma coisa? Voce escreveu algo como “goste ou nao, ha de se reconhecer a importancia destes movimentos (Funk, tecnobrega)…”. Porque nao podemos entender tambem algo como “Entendendo-se ou nao a imprtancia destes movimentos culturais, ha de se reconhecer que as obras em questao, na sua maioria, sao musicalmente indigentes.”
Se, como voce concordou acima, qualidade em arte nao e’ subjetiva, e que e’ até fácil de determinar o que é bem ou mal feito utilizando parâmetros técnicos, porque entao tantos pruridos da jovem intelectulidade em defender algo tecnicamente “ruim” como bom? Por que chamar de preconceituoso
alguem que disser que 99% do funk e um muito ruim (William e Duda sao a 9a sinfonia, perto do mercado atual, por ex, e Anitta, entao, esta’ a anos-luz da media), e que Tecnobrega e’ sim, uma bobagem rasteira, apesar da maravilha de criar uma nova /realidade de mercado musical local.
Claro que nao se pode abarcar tudo, foi sobre isso mesmo que escrevi, Se ninguem e xerife, sobre por que defender um genero (so porque este e mais proximo de ti) de uma simples piada, chamada de preconceituosa, mas perfeitamente justificavel pelos parametros que voce mesmo apresentou de que qualidade em arte e’ facilmente determinavel por paramentros tecnicos, e de que em estética e gosto não cabe julgamento… Se nao cabe julgamento, e se toda radio segue uma linha estetica/editorial, por que deveria esta radio incluir toda a producao nacional em sua programacao, sob a pena de, ao nao faze-lo, ser chamada de preconceituosa? Seria uma lastima (ou quem sabe uma bencao, pois nao terimaos que mexer no dial) se todas as radios tocassem tudo, nao? E’ preconceituoso a Imprensa FM nao tocar o Flaming Lips (ainda toca so ‘funk? nao sei) ? Repito, seria tao indigno se a Imprensa FM fizesse um anuncio parecido dizendo que faria um programa so com bandas do Lolapalloza, por ex.? E’ disso que estou falando, mais cuca fresca e mais realismo ate no que se critica/se cobra, pois senao, a meu ver, fica tudo meio contraditorio/tendencioso, algo como “Meus amigos nao tem defeito, meus inimigos se nao tiverem, eu coloco”, ou algo como lutar pela liberdade, mas defender o que acontece em Cuba, etc.
Admiro todos voces e sei que estao muito acima disso.
vc não assina, mas eu assino, dwarf. e tenho direito de não gostar de falar com anônimos. anonimato não tem nada a ver com privacidade. se é apenas a sua opinião, qual o problema em assiná-la e assumi-la?
chamar ramones de porcaria é BEM diferente de chamar funk ou tecnobrega ou sertanejo uni de porcaria, pelo simples fato de que os três últimos não são chamados de porcaria num sentido carinhoso como é o ramones. e ramones não é porcaria, ramones é bom pra caralho.
acho que vc está assumindo uma postura, tchanan, preconceituosa ao achar que quem gosta de funk o faz porque “é bonitinho” ou é obrigado a gostar. ou seja, não existe a possibilidade mesmo de gostar, então?
sei lá prq as pessoas não escrevem falando mal desse ou daquele disco – até prq eu discordo, escrevem sim. o skylab, por exemplo, só faz isso. e já perdi a conta de quantas vezes já vi todas os nomes que vc citou esculhambados como mpb paulista, de hotel e sei lá o que mais que chamam. particularmente, não escrevo pra falar mal do que acho ruim por tempo. prefiro dedicar o meu tempo (que é limitado) e o espaço do URBe pra falar de coisas que acho legal. falar mal toma um tempo danado e prefiro botar minha energia pra ajudar a circular coisas que eu julgo boas. e olha, mesmo assim falo mal de muita coisa. aliás, minha “fama” é de não gostar de nada, nenhum disco, nenhum show. acho que sou exigente, tem gente que acha que sou chato mesmo.
por final, respondendo sua questão, crucial: “por que e’ preconceituoso nao gostar de alguma coisa? porque nao podemos entender tambem algo como “Entendendo-se ou nao a imprtancia destes movimentos culturais, ha de se reconhecer que as obras em questao, na sua maioria, sao musicalmente indigentes” (e não vou nem comentar a carga de, tchan [2], preconceito imbuído na pergunta).
o problema aqui não é gostar ou não. o problema é desrespeitar. é bem diferente. falar que “99% do funk é muito ruim” não é gosto, é um decreto. vc pode falar “não gosto de 99% do funk”, isso sim. vou continuar achando que vc não gosta por, tchananan, preconceito, mas vou respeitar seu gosto.
o que não dá é pra separar aqui é a piada do seu contexto. e assim fica claro que a frase é preconceituosa. o subtexto é: “jamais faríamos isso (colocar o funk na programação). porque aqui na mpb, só entra música de qualidade”.
não faz sentido comparar com sertanejo uni, tecnobrega ou outro som. primeiro porque, como disse, a piada não foi com o sertanejo universitário, foi com funk e essa escolha por si só já diz muito. segundo, e mais importante, porque o sertanejo universitario nunca foi proibido, marginalizado, como o funk. o funk tem um sentido de crítica social – uma dimensão de movimento – que falta ao sertanejo universitario. funk é mais do que música. é luta, é a voz dos que não podem falar, a não ser sob condições muito controladas. isso faz toda a diferença.
ao colocar a carta do “mas não é tudo subjetivo?” na mesa,você está dizendo “se as noções de qualidade/gosto etc. são subjetivas, então que mal há em a mpb fm dizer que prefere A ao inves de B?. É somente a opinião deles, ué”. é uma tentativa de desarticular ou esvaziar a acusação de que a piada teria sido preconceituosa. O raciocínio só é válido prq vc apenas considera, só leva em conta, o texto – a frase da propaganda. vc abstrai (ou se esquece) do contexto – e aí é que o preconceito se torna evidente.
Bruno,
Nao entendo essa fixacao com nome verdadeiro, se e’ so uma opiniao, e nao uma ofensa, ou um ataque hacker, ou coisa que o valha. Vcs tem inclusive tem meu email, e sou assinante das novidades e commentarios dos sites, portanto o email e’ “verdadeiro”, se importa tanto. Para mim tem a ver com privacidade. Nao preciso e nao quero ver meu nome na rede, nem que saibam que blogs frequento por exemplo.
Sobre a piada, acho que e’ so uma piada. Claro que entendi que o texto, em si, nao carrega nada alem de uma (falsa) informacao, sem “graca”, e tambem sem ofensa. O que faz a “graca” ou nao, ou, no caso, o escarceu todo contra um suposto preconceito, ou e’ o contexto do dia 01 de abril somado ao conhecimento previo da programacao da emissora, que nao inclui funk, ou entao essa vibe de se levar tudo numa linha facebook/politicamente correto/ativismo de sofa, ver apenas o tal do preconceito ate mesmo em simples piadas, ou no gosto dos outros, diferente do seu proprio. Acho exagero esse barulho. Queria ter a capacidade do seu colega Arnaldo branco, que consegue dizer por varias vezes o que penso em 2, 3 palavras, o que nao consigo aqui nem 300 linhas…
(Posso apostar que pelo menos metade dos seus citados comentaristas no FB apoiou o Rafinha Bastos e naquele episodio algum tempo atras, defendendo aliberdade no humor, lutando contra volta da censura (!!!) e agora ficam nessa sanha de “Preconceito! Elitismo! Nazistas!” contra a tal piada.)
Sobre o meu gosto ou a minha opiniao ser preconteituosa, ou baseada em preconceito, nao vou nem reposnder ou explicar porque nao e’, pois voce colocou na sua resposta apenas as metadas de certos paragrafos meus que convinham a sua explicacao, mas nao as outras metades. Se voce ler tudo vera os pontos em que lhe dou razao, bem como os pontos em que uso literalmente os conceitos apresentados por voce mesmo para analisar a situacao e dar minha opiniao.
Nao disse que e’ tudo subjetivo, muito pelo contrario, estava lembrando que voce justamente disse que se pode afirmar o que tem ou nao qualidade em arte baseado em conceitos tecnicos, o que excluiria, entao, preconceito ou gosto pessoal na hora de tal avaliacao, em sendo esta se’ria, claro. Citando voce: “Qualidade não é subjetivo não, é até fácil de determinar o que é bem ou mal feito utilizando parâmetros técnicos. Mas não estamos aqui falando de qualidade, estamos falando de estética e gosto, onde aí sim não cabe julgamento. E julgar que MPB (mofada, diga-se) está tão acima do funk que seria uma piada tocar na MPB é sim preconceito no estrito senso da palavra.”
Se qualidade em arte nao e’ subjetivo, entao ha obras de maior e menor qualidade, seria isso? (Pois nao se pode imaginar que todas as musicas compostas e gravadas num mesmo universo terima a mesma qualidade, nao e; mesmo?)
Se em estetica e gosto, nao cabe julgamento, pode-se imaginar cabivel uma estacao que nao toque certos estilos, ou nao?
Bruno, nao achei nada de mais, voce achou preconceituoso.
Nao disse que ninguem pode/deve gostar, disse achar estranh(issim)o todos sempre dizerem gostar.
Nao acho que esvaziei o contexto, conforme expliquei acima. Tenho plena nocao do angulo de entendimento que voce cita e que traduz preconceito, so nao concordei.
Abs.
Concordemos em discordar. E valeu pelo papo. Tem sido tão normal os comentários curtos pelo FB que tem rareado papos mais longos por aqui – o que sempre prefiro.
Quanto a questão da qualidade, me referia aos parâmetro técnicos, que eu mesmo disse que não eram relevantes pra determinar se algo é bom ou ruim.
Valeu. otimo papo.
Dwarf, faltou falar que na minha tréplica (tréplica? perdi a conta…) abordei a questão do contexto da minha reclamação – o sub-texto da piada e o histórico sócio-político do funk – depois que o Antonio Engelke, que lia os comentários enquanto conversávamos, me apontou por email que faltava detalhar isso. Só pra ficar claro que tive essa conversa paralela enquanto nós dois conversávamos aqui.
Ok, Bruno. Realmente achei a questao da “luta, do movimento, da voz” um tanto quanto, essa, sim, sem contexto, aqui na nossa conversa, mas entendo o ponto de vista. Posso dizer que conheco (por dentro) tanto o lado da comunidade, de quem faz, como o lado de quem estuda, academicamente, e tambem o lado de quem faz, empiricamente, arte derivativa do tema (filme, documentario, remix, sound system), e nao vejo assim, com esse “Oh, Deus, um movimento”, essa questao nao… Acho mais coisa de sociologo querendo forcar uma barra e aumentar/fingir que existe tal movimento, elevando ao status de maioria ou realidade uma parcela minima de consciencia que ha aqui ou acola, se valendo do cenario de opressao/pobreza pra pintar uma alegoria que preenchem com herois que nao existem. Pra mim, esse distanciamnto que se cria com essas fantasias, essa sim, parece preconceituosa, pois parece mais antrolpologia e nao sociologia, parece aquela historia do bom selvagem, o que nao tem defeitos e a quem tudo e’ permitido por que e puro. Mas qualquer coisa que eu diga, vai ser simplesmente preconceito, pois discordo e nao enalteco, pois nao sou um “”intelectual da Zona Sul, como bem me disse um cineasta versado no tema, e nao vou procurar/fabricar masturbacoes teoricas em torno do bem que a mensagem libertaria de Tati QB ou Valesk popozuda traz a mulher da comunidade”, nem o “reposicionamento do Latin Lover enquanto neo-cafageste da classe D e E contemporaneo portanto sujeito a lei Maria da Penha, porem arauto da cartarse socio-economica-light-SM de Um Tapinha Nao Doi”, e nem so porque amo Tom Ze, ver a semiotica Politonal de To Ficando Atoladinha como aval de qualidade ou cartilha e compasso de meu gosto, educacao ou moral. Por que, veja, talvez voce nao viva isso comumente na no Zona Sul, mas o que escuto nas minhas andancas, o que todos que conheco, o que minha famila se ve obrigada a escutar nos pontos de onibus, na padaria, nas festas de vizinhos, nos carros que burlam a lei do silencio e estacionam tocando nbarbaridades, e dos quais em 99% das vezes so escuto reclamacao, e nunca elogios, e ninguem se sente representado, nem poderia, sao versos sobre estupro de novinhas, vou meter isso nao sei aonde, senta aqui, geme acola, nos com os alemao vamos nos divertir, vou te pendurar cortar o pescoco e déixar escorrer feito um porco, mas tudo bem e’ so preconceito, eu nao estou entendo a mensagem, nao estou escutando a voz, nao sinto nem vivo a opressao, pois ai tambem vai valer o argumento de que nao conheco a producao toda, vai ser preconceito, pois tambem nao compro drogas de quem patrocina essa galera, entao nao sou admirador, muito menos parceiro. Nem sou um intelectual nem jornalista de comportamento, nao vivo (diariamente) num meio onde parece aliaenacao nao concordar coma a alienacao, vestido-a de consciencia social. Para mim, nao ha movimento como foi descrito, ha alienacao, baixaria e incentivo a criminalidade, na maioria, e muito pouca instrucao, infelizmente, gerando um som de pessima qualidade com mensgens duvidosas, ofensivas ou criminosas, repito, nao na totalidade, mas na maioria. Ha quem nao faca parte disso, sempre ha, mas pelo que se escuta no total da producao, estes sim sao a minoria.
Abs.
Não poderia discordar mais. Pra mim parece que vc não gosta de funk e busca argumentos pra justificar isso. Imagino que c possa dizer o mesmo de mim em relação a gostar, claro. Mesmo que a maioria do funk fosse esse terror que vc descreveu, ainda assim não se poderia tornar a parte pelo todo e desqualificar o que tem de bom. Aliás, mesmo que todo fundo fosse assim, ainda assim teria o direito de existir e ser respeitado. Afinal, o funk é fruto do seu entorno. Como alguém já disse, “arte ruim também é arte”.
Vc assiste isso aqui e acha o quê, Dwarf? Não é pergunta retórica não, quero mesmo saber.
http://youtu.be/EYyxQxptEfM
Bruno,
Mesmo que a maioria fosse como o terror que descrevo? Acho que realmente nao ouvimos (por ai) os mesmos funks, acho que alguns poucos quilometros na mesma cidade fazem uma diferenca danada nesse quesito entao…
Sobre o video, o que acho? Acho que voce esta sendo bem espirituoso em apresentar o passinho como argumento, ainda mais com a bela e inocente imagem de uma crianca realmente talentosa na danca. Nao ei se e’ por ingenuidade ou se me toma por tolo. Mas para mim e como se eu criticasse as letras e nao-musicas do Canibal Corpse ou, se fosse o caso, criticasse algum envolvimento criminoso deles, e voce me aprentasse um video do Renaissance, por que os dois sao rock, e me pedisse a mionha opiniao. Nao e’ disso que falamos, de que nao existe nada bom, mas sim de que a maioria e’, sim, muito ruim, e muitas das vezes ate degradante. Voce sabe do que eu estou falando, nao e’ possivel que nao tenha ouvido nunca nada assim. Sim, arte ruim tambem e’ arte. E nao acho que houve destepito em nenhum momento, apenas opiniao.
Essa criança, “inocente” e “talentosa” representa o funk tanto quanto os que vc descreve com terror.
Eu não me incomodo com o que vc chama de ruim, prq é parte do contexto em que foi criado. Até mesmo os proibidões, que são registros sociais da cidade, gostemos ou não. Não dá pra apagar, como estão fazendo com as favelas no Google Maps.
http://comitepopulario.wordpress.com/2013/04/07/a-pedido-da-prefeitura-google-faz-remocao-virtual-no-mapa-do-rio-de-janeiro/
Bruno, se nao se pode usar o que parece ser a maioria dos exemplos para falar do lado negativo, muito menos se poderia usar um raro exemplo para tomar o todo como um paraiso. E, nao, um menor de idade que danca, nao “representa”, no sentido que voce expressou, frente ao tanto de maiores que senhores do que dizem em suas letras, da capacidade destrutiva de suas palavras, que pelo menos, em todas as areas que conheco, chega aos ouvidos de menores desta idade, com ou sem a concordancia de seus pais.
Se vove nao se incomoda, nem mesmo com os proibidoes, por serem registros sociais da cidade, facamos como voce, disse, entao, concordemos em discordar, e obrigado pelo papo.
Abs.
Eu discordo da raridade dos exemplos bons, Dwarf. Aí que está.
Liberdade de expressão serve pra pessoas falarem o que querem, inclusive proibidões. Como diz o Marlboro, a sociedade devia era agradecer por esses relatos.
Mas é isso, não concordamos.
Pois e’, acho que nao conseguiremos quantificar proporcoes, pois, inclusive, parece que sou exposto, aleatoriamente(?) a uma parte da producao, e voce a outra, bem diferente.
Ninguem falou em nao-liberdade-de-expressao. Liberdade de expressao, alias, tambem compreende poder expressar que nao gosta de ou nao concorda com algo, mas se esse algo envolve um tema como o funk, o trafico, certas manifestacoes estudantis (pois algumas esferas em nossa terra, alem das categorias corporativistas, gozam de um salvo conduto moral/legal), a Lapa, os Los Hermanos ou a Ceu 🙂 , ai logo alguem tenta imediatamente te colar o rotulo de preconceituoso, ou reacionario, direita, defensor da censura, de forma a desqualificar a opiniao de qualquer um que nao “agradeca” a este tipo de relato.
Valeu. Abs.
Longe de mim querer desqualificar sua opinião. Estava apenas tentando mostrar outros pontos de vista para, quem sabe, vc rever sua opinião e talvez até mudar de ideia. Mas vc já tem sua opinião fechada.
Entendo, e agradeco, entao, o interesse em me esclarecer, segundo seu ponto de vista.
Mas, veja nas entrelinhas, e’ disso que estou falando, a minha e’ opiniao nao mudou, portanto, e’ “fechada”, pois estou do lado negro da forca, mas a sua tambem nao mudou, normal. Quando se fala algo fora dos padrao PUC de pensamento (desculpe, escolha de referencia preconceituosa e preguicosa, mas de efeito bem rapido pra entender o que quero dizer, entao valida no contexto coloquial de nossa conversa), voce entao se torna simplesmente um monstro direitista.
Bruno, vou usar as palavras do Antonio e dizer “Voce e’ um cara inteligente”. Um parentese, uma analogia, tambem preguicosa: Quando eu tocava Death Metal no Garage (quando era tudo como um porao mesmo, parecia Snuff movie, nao como em dias mais recentes), tinha plena compreensao de nao achar que deveria ser normal, esperado ou desejado ouvir Morbid Angel ou Carcass num 15 anos ou casamento de uma prima, ou que seria perfeitamente aceitavel e louvavel ir a tal evento com uma camiseta do Pungent Stench ou Cannibal Corpse (olha ele ai novamente) exibindo membros humanos decepados e putrefatos em um buraco na terra, ou de uma relacao sexual com um cadaver, em nome de meus “valores esteticos” ou liberdade de expressao. Ah, entao eu era duplamente um imbecil pois, alem de gostar de imbecilidades, nao tinha peito de ir as ultimas consequencias para afirmar meus “valores” e direitos??? Nao, acho, que nao, acho que um pouco de lucidez e nocao de civilidade e respeito cabe em tudo. Nao, achava a opinao de minha familia sobre tal arte preconceituosa, reacionaria, nada disso, achava perfeitamente normal e cabivel que nao tivessem a mesma opiniao que a minha. Acho que o que vemos em certos assuntos hoje, principalmente na rede, e’ esta polarizacai em que voce esta sempre certo e pronto, desde que esteja do lado certo, claro, invariavelmente o mais alternativo/moderno/antenado/rebelde/ e por ai vai, e que muitas vezes nao ha uma reflexao, e’ uma escolha automatica.
Acho que a critica, pertinente, consciente ou nao, a inconsequencia, a imbecilidade, a descontrucao, a afronta, tem que existir, e sempre existirao, mas que nao sao restritas e absolutas em si mesmas, fazem parte de uma mundo, este mesmo mundo que as vezes tentam impulsionar a mudancas, Num parenteses relativo as proibidoes, atividades criminoas em bailes, etc., crime,, e’ crime, e’ outra historia, nao importa com que nome bonito ou modernamente aceitavel se vista.
Abs.
Dwarf,
Como o Bruno me chamou para a conversa, cá estou. Mas venho apenas para dizer que infelizmente estou sem tempo para debater o assunto (e ele é enorme) com vc — o que é uma pena, pois vc é um cara inteligente e, ao que parece, dono de uma pluralidade de perspectiva invejável: pois conhece “de dentro” a produção musical da favela, a produção acadêmica sobre ela, e o mercado a ela associado.
Apenas registraria como é curioso que os detratores da produção acadêmica em geral (e sobre a subalternidade em particular) sempre começam por rebaixá-la a uma mera masturbação teórica, e invariavelmente lançam mão da carta do bom selvagem rousseauniano para apontar a queda na idealização, o suposto descolamento da realidade. Bem menos comum, no entanto, é ver este mesmo pessoal colocando argumentos que procurem criticar em bases empíricas a tal punheta teorica (de modo a revelá-la), apresentando evidências concretas que ultrapassem o achismo personalista tipo “90% do que eu e minha família vemos sobre o assunto x ou y é lixo”.
Abraço
Ah, sim, nao por gosto, mas por motivos profissionais, realmente tenho contato com estas 3 realidades .
(Tai’, Bruno, um bom motivo pra nao revelar meu nome. Se fosse so o primerio comentario, sobrea piada, ate poderia; ja os seguintes…)
Abs.
não entendi nada…
O comentario entrou fora de ordem, antes daquele a que deveria ser adendo, e ficou estranho.
Estava respondendo ao Antonio, sobre ter acesso 3 aspectos do funk (comunidade, pesquisa academica e arte derivativa), e depois, uma “piada” sobre nao ter dito o nome antes, pois o primeiro comentario era mais restrito a questao da radio, mas alguns dos comentarios seguintes, nao.
Antonio,
O que um cidadao comum pode apresentar numa conversa em um blog como evidencias concretas sao sua vivencia e seu achismo personalista, baseado novamente nos fatos que ele, sua familia, seus colegas de trabalho experimentam no dia-a-dia. Talvez essas evidencias nada valham para o meio academico, talvez nao sejam originais ou exoticas o bastante, talvez nao sejam legitmas, pois sao lancadas em bases empitircas, e nem mesmo as sao lancadas por oprimidos, o que talvez pudesse justificar tal audacia.
Abs..
Olha que legal mais essa! Só uma piada, né…
http://youtu.be/HaoDZKTVAFY
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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