sexta-feira

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dezembro 2007

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Os 5 melhores discos de 2007 – Brasil

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A lista do URBe dos cinco melhores discos brasileiros de 2007.

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Luiz Melodia, “Estação Melodia” (Biscoito Fino)

Pela madrugada, que disco. Luiz Melodia na ponta dos cascos em sua incursão pelo universo do samba, com repertório finíssimo (focado nas décadas de 30, 40 e 50, com algumas músicas de outras épocas) e arranjos classudos de doer. O Negro Gato não titubeia, abrindo logo com sua versão para “Tive sim”, pérola irretocável de Cartola, como quem diz “me garanto”. Depois dessa introdução, o resto é um passeio. Cantando como nunca, segue por composições de seu pai, Oswaldo Melodia (“Não me quebro à toa”) e rasga o peito em “Eu agora fou feliz” (Jamelão e Mestre Galo). É um disco de intérpret, mas com tanta personalidade que é como se não fosse.

Autoramas, “Teletransporte” (Mondo 77)

No atual mercado fonográfico (ou de MP3), é cada vez mais raro uma banda ter a chance de lançar um segundo disco, muito menos ter tempo de ver seu trabalho evoluir. O negócio é tiro curto. Nesse contexto, é muito bom ver que alguns grupos tem a garra de insistir, a coragem de amadurecer. Embora seus outros três trabalhos tivessem ótimos momentos, é com “Teletransporte” que o Autoramas se desprende totalmente do cruzamento de suas muitas referências e começa finalmente a soar… bem, como eles mesmos. Guitarras alucinadas, melodias grudentas e boas letras, envelopadas pela produção impecável da dupla Berna Ceppas & Kassin.

Leia a entrevista com a banda sobre o disco, feita em setembro de 2007.

China, “Simulacro” (Candeeiro)

Com apenas um EP lançado antes do seu primeiro disco, o nome de China quase sempre vem acompanhado de parênteses: ex-Sheik Tosado, parceiro do Mombojó, cantor da banda tributo a Roberto Carlos Del Rey. Com calma, sem pressa, o pernambucano foi lapidando esse “Simulacro”, produzido pelo baterista da Nação Zumbi, Pupilo. China mistura todas as referências pelas quais é conhecido, de Jovem Guarda a Iggy Pop, de João Gilberto a Portishead, rodeado pelos conterrâneos do Mombojó, Bonsucesso Samba Clube e o próprio Pupilo. Ao som de rock e sambas psicodélicos, um aviso: “Nunca mais vou te deixar, pois agora sou uma canção”. Suinga, suinga.

Hurtmold, “Hurtmold” (Submarine)

O disco homônimo é sempre um marco na carreira de um grupo. Espécie de síntese conceitual, é um trabalho que, pelo título, sempre chama atenção numa discografia, principalmente quando não é o primeiro. Enquanto algumas bandas se sentem confortáveis em fazer isso logo na estréia (o Rage Against the Machine é um bom exemplo), outras levam mais tempo. Em “Hurtmold” (título que torna cruel a missão de encontrar o disco para baixar), o quarto do septeto paulistano (descontando-se EPs e splits), o post-rock encontra percussões com acento africano, metais de afrobeat, linhas de baixo cavalares e ambientações enviezadas. Se era onde eles queriam chegar, só eles podem responder. Pra quem ouve do lado de cá, está bom demais.

Orquestra Imperial, “Carnaval só ano que vem” (Som Livre / Ping Pong Discos)

Bailes atrás de bailes, um gravação pirata de uma apresentação no Ballroom (RJ) e um EP depois, a Orquestra Imperial atende aos apelos e estréia oficialmente em disco. Contrariando a lógica de gravar o repertório de versões do shows, a banda optou por músicas próprias, fortemente influenciadas pela gafieira que une os integrantes, sutilmente atualizadas e com um pouco da personalidade dos zilhões de trabalhos individuais de cada um dos seus 18 componentes. Um disco novo que soa como antigo ou um disco antigo novo. Tanto faz. É um clássico.

+ Dicas dos leitores:

Lucio K:
Maria Rita, “Samba meu”
Teresa Cristina, “Delicada”

Pedro Seiler
Siba e a Fuloresta, “Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar”

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